quarta-feira, 30 de março de 2011

OS SINAIS

Há recordações que sempre voltam: não adianta, estão entranhadas na memória, que nem mesmo uma cirurgia seria capaz de extirpá-las. Lá estão e, a qualquer estímulo, voltam com toda a intensidade, como naquele dia que foram geradas. Além de intensas, carregam a montanha de emoções que gerou em nós, desde o primeiro evento.
No cair da tarde de ontem, quando abri a porta do edifício para sair, ouvi o “apito do sorveteiro”. Preciso explicar: o silvo que ouvi era produzido pelo afiador de facas, mas era idêntico ao apito do sorveteiro que ouvia na distante Passo Fundo de 1965. Era um chamado para todos os internos do Instituto Educacional que desciam as escadarias do segundo andar como um raio – como se elas não existissem!
Mais que um chamado, aquele apito era o anúncio de que o verão se aproximava e, com ele, as férias... o retorno para o lar... o encontro de familiares e amigos. O apito do sorveteiro era um sinal de coisas boas, muito mais do que meramente o sabor refrescante do sorvete.
Pois é, ontem, passei pela mesma emoção repleta de “carinhos”, da minha adolescência e isso me fez refletir sobre o viver contemporâneo numa metrópole, que quase apaga essas lembranças e, com elas, as emoções. O burburinho ensurdecedor da cidade nem sempre nos deixa perceber os sinais ao redor e, percebê-los, é nos dar a chance de reviver emoções poderosas que recuperam o humano que há em nós.
É o humano entranhado em mim que reflete o divino que em nós habita!
"Este (Nicodemos) foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele."  (João 3.2)
Porto Alegre, 30 de março de 2011.

2 comentários:

  1. Muito querido Garin,
    é com imenso prazer e também cheia de boas recordações que serei uma assídua visitante de teu blogue.
    Saudade imensa de tudo o que compartilhamos!
    Fote e afetuoso abraço!
    Rejane Almeida

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  2. Querida Rejane,

    fiquei muito feliz com a tua reação ao meu incipiente blogue. Também tenho saudades de nossa convivência em sala de aula, no recreio, na hora do lanche e nos PhiloCine.

    Vou aguardar sempre os teus comentários.

    Um grande abraço,

    Garin

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