AR
ANO 01 – Nº 216
Aproveitei o feriado de ontem para fazer um passeio de bicicleta. Desci à garagem para apanhar a minha ‘magrela’ e constatei que os pneus estavam arriados. Pela falta de uso, o ar foi se esvaindo até deixarem as câmaras completamente vazias. Não houve outra solução senão empurrar a bicicleta até um posto de abastecimento e ligar a mangueira à válvula da câmara a fim de enchê-la novamente.
Enquanto passeava ia pensando sobre aquela situação que havia experimentado. Primeiro me veio à mente o fenômeno físico provocado pela concentração do ar dentro do pneu. Lembro da infância quando brincava de ‘pegar’ o ar com a mão e não conseguir agarrar nada. Sempre vem aquela pergunta inocente, como uma substância tão fugidia consegue sustentar tanto peso? Outro pensamento que acalentei na forma de reflexão foi por que o ar ‘se foi’, se a válvula estava fechada?
De fato, fazia vários dias que não usava a bicicleta. Dessa constatação nasceram outras, mas uma especialmente me instigou mais. Trazemos conosco a percepção de que, aquilo que não utilizamos fica armazenado, uma espécie de ‘poupança’ para futuras oportunidades. Entretanto, não é isso que acontece. O que não usamos escapa, vai embora, se esvai. Quando abrimos mão de utilizar algo precioso em nosso viver, o perdemos de tal sorte, que é necessário buscá-lo na fonte primordial. Quando não cultivamos nossas amizades elas se esfriam. Quando não exercitamos a sensibilidade para com o outro, nos embrutecemos. Quando esquecemos a gentileza no trato cotidiano, tornamo-nos selvagens. Quando não separamos um tempo para nós mesmos, já não nos identificamos com a nossa maneira de ser. Cada uma de nossas dimensões necessita ser ‘abastecida’ para que em nós habite o humano próprio de nosso ser humano.
É. Mesmo com a válvula fechada o ar se esvaiu do pneu. O mesmo pode acontecer com a gente se cada particularidade não receber o devido cuidado, não importa se é mínima ou de maior importância. Tudo é fundamental para o equilíbrio de cada pessoa.
DESTAQUE DO DIA
Morte de Malebranche (296 anos)
Nicolas Malebranche,[1] filósofo francês, nasceu em Paris a 6 de agosto de 1638 e faleceu na mesma cidade a 13 de Outubro de 1715. Sua principal obra é De la recherche de la vérité (Da procura da verdade), onde trata da natureza do espírito humano e do que o homem deve fazer para evitar o erro nas ciências. Foi publicada em três volumes, o primeiro em 1674 e os outros dois em 1675. Malebranche critica os filósofos que estudam as relações da alma com o corpo, sem considerar sua união com Deus. Em Da procura da verdade ocorreria a dissolução dos erros provocados pela forte interação da alma com o corpo. Para o filósofo, o erro é a causa da miséria dos homens. Assim, afirmava ser necessário denunciar os erros e suas causas através de uma análise das percepções da alma, que se realizariam por três modos distintos: os sentidos, a imaginação e o entendimento.
[1] NICOLAS MALEBRANCHE (Ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolas_Malebranche. Acesso em 12 out 2011.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirprimeiro dizer que já na madrugada te procurei, mas houve algo que não me permitiu acessar aquelas que são as minhas primeiras leituras de cada dia. Tu lembras quando bomba de encher pneu era acessório de bicicleta e de automóvel?
Hoje a qualidade das câmara (menor porosidade) tornaram este acessório quase obsoleto. Mas mesmo assim achaste um bom filosofar que poderia ser assim sintetizado ‘o que não se agrada, degrada!’.
A trazida de Nicolas Malebranche, que eu desconhecia reforça uma tese que tenho: o século 17, diferente do 16 ou do 18 é um dos que menos conheço.
Com renovada amizade
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluiracho que são artimanhas do blogger, aqueles mistérios que a gente não sabe como acontecer.
Na linguagem bíblica corresponderia aos talentos que são enterrados - acabam sendo perdidos.
Obrigado pelo teu comentário.
Um abraço,
Garin