O RETRATO
ANO 01 – Nº 224
Sobre a minha mesa de trabalho há uma fotografia dos meus filhos. Olhando para ela percebi como as suas fisionomias mudaram. A foto tem uns quinze anos. Eles já perderam aquele ar de adolescentes cujos olhos refletiam incertezas misturadas a dúvidas próprias da idade. Hoje envergam considerável maturidade que lhes permitiu dirimir diversas questões e caminham mais seguros sobre a autonomia própria do existir individual. Entre o antes e o agora é possível imaginar uma multidão de cenários vividos por cada um deles. Cenários constituídos de trabalho, estudo, lutas, sofrimentos, esperanças, desilusões, festas e alegrias. Esse conjunto vai nos construindo enquanto humanos na gostosa aventura de ser em si e para os outros.
Embora desejasse livrar meus filhos dos sofrimentos e das desilusões, ninguém escapa dessa trajetória. É ela que nos constrói autônomos, capazes de responder aos desafios e demandas do contexto no qual deslizamos o nosso existir. Se lhes quitasse o lado negativo do viver também lhes retiraria o sabor das vitórias, a alegria das festas, o sentido da esperança e o sabor das lutas.
A nossa intencionalidade natural conduz à fuga de todas as coisas ruins que constituem o tecido do existir. Assim como percebemos o valor de uma vida estóica modesta, cultuamos o hedonismo que nos impulsiona constantemente ao prazer. Comumente, quando conseguimos realizar esse perfil de viver descobrimos que a realização humana não reside no prazer, que ele é apenas uma partícula dessa epopéia maravilhosa. Equilibrar essas diferentes faces do existir é o principal desafio que enfrentamos cotidianamente, sem nos desesperamos diante do infortúnio e sem nos exaltarmos nos delírios dos encantos.
DESTAQUE DO DIA
Dia do Ecumenismo
Ecumenismo[1] é o processo de busca da unidade. O termo provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne)[2], designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões. Do ponto de vista do Cristianismo, pode-se dizer que o ecumenismo é um movimento entre diversas denominações cristãs na busca do diálogo e cooperação comum, buscando superar as divergências históricas e culturais, a partir de uma reconciliação cristã que aceite a diversidade entre as igrejas. Segundo a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, o termo ecumênico quer representar que a Igreja de Cristo vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas entre diversas igrejas. Nos ambientes cristãos, a relação com outras religiões costuma-se denominar diálogo inter-religioso.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirecumenismo, no sentido restrito do termo é talvez uma das maiores utopia do mundo ocidental no século 20. Talvez possadizer que nos anos sessenta do século passado tenha sido a minha maior (des)ilusão. Há muito abandonei este sonho.
Uma boa sexta-feira, desde a Noiva do Mar
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirtambém sonhei com a intencionalidade do ecumenismo naquela época. Depois percebi que a sedição do territorialismo eclesiástico paroquial não permitiria uma (re)união de todas as igrejas. Hoje penso que o ecumenismo adquire um novo sentido, o mais profundo, o autêntico, o sentido de cuidar da nossa casa, a oikouméne.
Um abraço,
Garin
Caro Professor Garin
ResponderExcluirAlguns pensam viver numa torre de babel, outros beberem de uma mesma fonte, repito uma pergunta de Giuseppe M. Zanghí, filósofo e teólogo: Quando é que nós, cristãos, teremos a lucidez e a coragem de reconhecer que nossa falta de unidade é uma causa fundamental de ateísmo?”. Eu penso que bebemos de uma mesma fonte, basta observar com atenção as palavras de nosso Mestre Jesus, eis algumas: “... E eu digo-te que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18).
Forte abraço
Caro Adão,
ResponderExcluirpois esse é o grande escândalo que não conseguimos superar como cristãos. O mundo ainda não consegue reconhecer a missão reconciliadora de Cristo por causa da falta de unidade de nós mesmos.
Um abraço,
Garin