SEM RUMO
ANO 01 – Nº 227
Peguei a moto e fui dar uma volta. Sai sem rumo. Boa parte dos motoqueiros, ou como querem alguns, motociclistas, simplesmente sai. Tomei a estrada e fui cuidando as placas. A um quilômetro, saída à direita para a cidade tal. A trezentos metros, retorno. Siga em frente para a BR tal. Assim, tracei a minha viagem sem rumo. Ora tomava à direita, mais adiante entrava à esquerda, outro tanto parava num posto de abastecimento. Quando já tinha feito um trajeto considerável decidi que era hora de retornar.
De dentro do capacete vinha pensando sobre o rumo de quem anda sem rumo. Algumas décadas atrás buscava-se um rumo certo, tanto para si como para os adolescentes que vinham a procura de orientação. A época mudou e hoje o ‘rumo certo’ não é tão fundamental. Mais importante do que o rumo certo é ter a capacidade de saber se posicionar diante dos novos desafios que aparecem à frente.
Os contextos mudam rapidamente e quem tem um rumo certo acaba embretado em situações delicadas. Manter o rumo certo é adotar uma postura conservadora, inflexível, que na maioria das vezes se esvazia pelas constantes mudanças de contextos. Por outro lado, os novos tempos exigem flexibilidade tal que, se não conseguir ser rápido e competente nas decisões, termino por ficar no meio do caminho. Assim como o motoqueiro sem rumo, a cada nova placa, a sessenta ou setenta quilômetros por hora, precisa decidir. Jovens e adultos se vêem diante de desafios significativos que requerem deliberações quase instantâneas. Não há muito tempo para pensar e nem sempre as informações disponíveis estão ao alcance.
Como não é possível manter um rumo certo, é importante ter uma postura adequada e coerente. A diferença está nos valores que constituem a formação da pessoa. Quando esses estão alicerçados, as decisões se tornam mais tranquilas e os resultados refletem a segurança e disposição necessárias. Os rumos são variáveis, mas o fundamento precisa ser confiável. Sem rumo, mas sabendo por onde quer!
DESTAQUE DO DIA
Fim da Revolução de 1930 (81 anos)
A Revolução de 1930[1] foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930 e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança com os mineiros, conhecida como política do café-com-leite, e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas. Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da República que deram a vitória ao candidato governista, que era o presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha.
[1] REVOLUÇÃO DE 1930 (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1930. Acesso em 23 out 2011.
• Muito estimado Garin,
ResponderExcluir• toda vez que vejo o pastor e teólogo se transmutar em motoqueiro (ou motociclista) lembro de um livro que li e está intocável em minha biblioteca há mais de um quartel: Zen e a arte da manutenção de motocicletas de Robert M. Pirsig. O livro é uma epopeia moderna que mudou a mentalidade de toda uma geração e continua servindo de inspiração a milhões de pessoas.
Esta narrativa de uma viagem de moto feita por um homem e seu filho durante as férias de verão transforma-se numa odisseia pessoal e filosófica e trata de questões fundamentais do nosso modo de viver. Ecoando todas as confusões da existência, este clássico, emocionante e transcendente, tem por tema a própria vida.
O volume traz ainda uma arguta introdução escrita pelo autor e um Guia de leitura que inclui uma entrevista com Pirsig, cartas e documentos que detalham o processo que deu origem a este livro extraordinário.
E nem comentei o 24 de outubro aqui. Ele também está no meu blogue.
Uma muito boa segunda-feira,
com estima
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Caro Chassot,
ResponderExcluirpois é, até sobre uma motocicleta dá para fazer filosofia. Aliás, muitas vezes a solidão do capacete propicia questionamentos vários quem a própria razão desconhece. É uma forma de alimentar a espiritualidade que cultivo desde a década de 1980.
Um forte abraço,
Garin