PLACAS
ANO 01 – Nº 228
Ontem falei aqui sobre a minha volta de moto no final de semana. Sobre os rumos e sem rumos de nosso existir. Retomo hoje uma observação realizada durante esse pequeno trajeto.
Às margens das ruas, estradas e caminhos, encontramos milhares de placas que pretendem nos dar orientações. Um número bem considerável é composto por placas de trânsito que organizam a mobilidade humana, nas cidades e nas estradas. Tem caráter normativo e ou de orientação. Entretanto, são placas que todos devemos seguir para evitar confusões e acidentes. Outras tantas são apenas ilustrativas, com o objetivo de divulgar um produto, um serviço, a característica de uma cidade. Estão lá, foram autorizadas e de uma forma ou de outra prestam o seu serviço aos transeuntes e viajantes.
Observando essas placas percebi que o seu fundamento é oferecer às pessoas, uma opção de rumo. Tirando aquelas que são reconhecidamente obrigatórias, há uma porção que tenta nos induzir um trajeto. Há placas que falam de locais de sossego, SPAs, recreação. Outras apontam para igrejas, religiões, filosofias. Tem as placas de mencionam produtos milagrosos, que tiram manchas, que emagrecem, que transportam por caminhos difíceis, que levam e trazem com o conforto de um paraíso. Há aquelas que prometem uma profissão que dá acesso quase automático ao melhor mercado de trabalho que existe.
Em todas essas, o propósito é invadir a nossa liberdade de decidir sobre as possibilidades que temos. Invadindo o meu direito de determinação, pretendem dizer o que devo fazer, por onde devo ir, o que devo estudar, no que devo crer, como devo descansar, que veículo devo usar para me movimentar.
Parece que, desde o início da história da humanidade, alguém sempre tentou usurpar a liberdade das pessoas em seu próprio benefício. Não foi diferente com os reinos e impérios do passado, nem com o poder e a influência de igrejas nem como o aparecimento e desenvolvimento dos mercados burgueses.
Para escapar desse assédio imoral só existe uma maneira: a reflexão. Na medida em que a pessoa é capaz de distanciar-se de qualquer coisa ou situação e pensá-la novamente a partir de suas convicções e valores, terá condições de manter ela mesma, senhora de si e de seu rumo, mesmo que esse seja alterado a cada instante.
Com os votos de uma boa terça-feira!
DESTAQUE DO DIA
Dia do sapateiro
O sapateiro[1] é um profissional que conserta, fabrica, e faz diversos trabalhos na área de calçado. Na sua grande maioria a matéria-prima é o couro, que é utilizado para confeccionar ou consertar os calçados. Atualmente os sapateiros não se restringem apenas aos calçados, mas sim a diversos outros acessórios utilizados por qualquer pessoa como: bolsas, carteiras, cintos, jaquetas, etc. Um profissional de considerável importância social hoje tem seu espaço diminuído pelo barateamento dos calçados novos, impulsionados pela industrialização robotizada.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirmesmo que adira a invasão de nossa liberdade pela publicidade (em placas nas rodovias e outros suportes midiáticos) vou aditar aqui minha homenagem aos sapateiros, profissão que a neopatia está degradando.
Tu como eu, tivemos em nossa infância a presença destes profissionais. Lembro-me de alguns que foram figuras marcantes. Na minha infância lembro do seu Rogério que chamávamos de seu Gafanhoto (pela figura esquálida que era) ou seu Canário (pois era criador de canarinhos).
Em Madrid era freguês de um que tinha sua oficina como uma peça do medievo. Nas medinas do mundo islâmico a rua dos sapateiros é algo precioso. Hobsbawm – que sabes ser meu historiador preferido – no seu livro ‘Pessoas extraordinárias’ narra sobre essas figuras especiais que são os sapateiros.
Obrigado por brindares a teus leitores a comemoração desta data. A propósito hoje também é o dia do cirurgião dentista. Tenho uma filha e um genro que recebem por tal minhas homenagens.
Uma excelente terça-feira,
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Caro Chassot,
ResponderExcluirjá não se coloca mais meia-sola. Assim como os sapateiros, outros tanto profissionais que foram determinantes na nossa infância estão desaparecendo engolidos pelas modernas tecnologias.
Minha homenagem também para os dentistas.
Um abraço,
Garin