quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ENSINO ÉTICO

ANO 01 – Nº 230

Quando faltavam quinze minutos para a minha aula de Ética, Sociedade e Meio Ambiente para o curso de Licenciatura em Música do IPA, subi para a minha sala e montei os equipamentos que iria utilizar na aula. Nesse período do ano, a turma está apresentando os seminários. Sempre combino o ensino com a pesquisa e parte desta é a construção de seminários, pelos acadêmicos, sobre temas relacionando a ética ao seu curso.

Na aula de ontem, uma aluna apresentou um seminário sobre o tema da ética no ensino de música fora da escola, aquelas aulas particulares. O estudo foi embasado em diversos casos nos quais a falta de ética é uma prática recorrente. Um professor que ensina canto sem orientar os alunos sobre a postura adequada e sem corrigir a respiração. Outro que não se importa com a maneira correta de utilização das pregas vocais. Um falava sobre o ensino de violão utilizando apenas duas cordas para facilitar o aprendizado do aluno e por aí afora.

A partir da análise desses casos, a turma iniciou um debate sobre a falta de ética no ensino em geral. Foi mencionado o caso de professores que privilegiam alunos por causa de sua beleza física. Outros que perseguem estudantes por causa de preferências e caprichos pessoais. Foi possível analisar diversas situações e confrontar com a maneira adequada de se posicionar eticamente diante de uma turma.

Sobretudo, o debate considerou os diferentes momentos de um período letivo ou acadêmico. Alguns professores se entusiasmam, no início do semestre e imaginam que suas aulas estão agradando porque ele é ‘bonzinho’ com os alunos. Depois que começa o período de provas, muitas vezes a situação se inverte. Alguém que não foi bem numa avaliação pode inverter o seu conceito sobre o mestre.

Nessa altura do debate procurei orientar os acadêmicos no sentido de que é fundamental adotar uma postura ética ao longo de todo o período. Concessões, promessas, liberdades, deslizes e outros tropeços do professor, no início do semestre podem custar-lhe caro quando o conceito que os estudantes lhe atribuem se inverter. Ser ‘queridinho’ da turma pode representar um risco perigoso para quem necessita avaliar a trajetória de crianças e jovens na sua busca pelo conhecimento. É recomendável ter uma postura ética coerente, do início até o último momento. Isso pode representar a isenção necessária para uma avaliação justa.
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Erasmo de Roterdã[1]

Erasmo de Roterdã nasceu em Roterdão a 28 de Outubro de 1466 e faleceu em Basiléia a 12 de Julho de 1536. Teólogo e humanista neerlandês, viajou por toda a Europa. Cursou o seminário com os monges agostinianos e realizou os votos monásticos aos 25 anos, vivendo como tal, sendo um grande crítico da vida monástica e das características que julgava negativas na Igreja Católica. Frequentou o Collège Montaigu, em Paris, e continuou seus estudos na Universidade de Paris, então o principal centro da escolástica, apesar da influência crescente do Renascimento da cultura clássica, que chegava de Itália. Erasmo optou por uma vida de acadêmico independente, independente de país, independente de laços acadêmicos, de lealdade religiosa e de tudo que pudesse interferir com a sua liberdade intelectual e a sua expressão literária. A sua obra mais conhecida, "Praise of Folly" (Elogio da Loucura), foi dedicada ao seu amigo Sir Thomas More. Em 1536 ele escreveu De puritate ecclesiae christianae, na qual ele tentou reconciliar os diferentes partidos. Muito dos seus escritos apelam a uma grande audiência e lidam com assuntos do interesse humano geral.


[1] ERASMO DE ROTERDÃO (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Roterd%C3%A3o. Acesso em 26 out 2011.


_______________________________________________________________________


CONVITE ESPECIAL

O Curso de Licenciatura em Filosofia do IPA e os seus acadêmicos promovem, mensalmente, o Café Filosófico. Colo abaixo o convite para a atividade do próximo sábado:



2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    como conheço esta turma de Música, pois fui professor deles posso imaginar as cenas que descreves. Quanto a Erasmus, há algo difícil de entender. A Holanda era, já no inicio dos tempos modernos, um país no qual se privilegiava as liberdades: Veja o acolhimento que fazem, ao final do 15 aos sefaradins que são expulsos de Espanha e Portugal. Erasmus em desacordo com ortodoxia católica vai para França e para Suíça – esta com reformadores, paradoxalmente conservadores (que rechaçaram Giordano Bruno).
    Com interrogações uma boa quinta-feira,

    attico chassot

    ResponderExcluir
  2. Caro Chassot,

    Acho que uma parte da resposta está no fato de que a sociedade é diversa nas suas reações. As incoerências se manifestam porque as posições não são homogêneas. Confesso que não tenho uma análise mais profunda dessa questão que levantas.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir