sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O CHEIRO DO DIESEL
ANO 01 – Nº 245

Quando fui almoçar num buffet ontem, perto de casa, precisei atravessar a av. Assis Brasil. Enquanto aguardava o semáforo abrir, no canteiro central da avenida, passou um caminhão. Naquele exato momento senti um odor de óleo diesel queimado.

Qualquer pessoa dirá, e daí, essa é a coisa mais comum em nossas metrópoles! Entretanto, havia algo de particular naquele cheiro. Minha mente percorreu cerca de quarenta e nove anos em direção ao passado numa fração de segundos. A manifestação que percebi na consciência foi a de um motor estacionário à combustão, às margens do rio Botucaraí (afluente esquerdo do rio Jacui), operado pelo meu tio Ernesto. Todos os verões ele assumia a tarefa de operar esse motor que acionava uma bomba de recalque de 250 mm de vazão para irrigar uma grande área de arroz.

Essa época era divertida para um guri que alternava banhos no rio com pescaria e peixe ensopado. Nas horas vagas, a diversão era escalar as árvores da mata ciliar. Era um período em que o trabalho diminuía até que o cereal estivesse pronto para a ceifa.

Confesso que não recordava essa fase da vida há muito tempo. Bastou um odor específico e o ‘arquivo’ da memória abriu-se como se estivesse acontecendo naquele momento.

Admiro muito os avanços da tecnologia da informação, mas ainda não conheço um equipamento tão rápido, capaz de localizar e ‘abri’ um documento tão entranhado, numa ‘árvore’ escondida da memória. Desconheço um software que seja capaz de buscar, com tanta velocidade, uma informação tão remota a partir de um odor.

Trouxe esse assunto apenas para compartilhar com os leitores e leitoras essa experiência acontecida ontem à tarde e a minha admiração pela capacidade da mente humana. As pesquisas atestam que nesse campo da investigação, há muito que percorrer e que os caminhos estão apenas no seu começo.

Desculpem a admiração, mas fiquei maravilhado!


DESTAQUE DO DIA
Dia da Memória

A memória[1] é a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). A memória[2] focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias, ajudando a tomar decisões diárias. Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. A memória declarativa, grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o como isto se deu.



[1] MEMÓRIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria. Acesso em 10 nov 2011.
[2] Ilustração disponível em http://www.legaldaweb.com/como-melhorar-sua-memoria/. Acesso em 10 nov 2011.

4 comentários:

  1. Meu estimado colega Garin,
    bela associação do ‘cheiro do diesel’ com o ‘dia da memória’. É fantástico como bob osso cérebro armazenamos fatos e como há uma ‘um Google desktop’ que acha algum fato em um arquivo recôndito. O exemplo que narras hoje é significativo.
    Um muito bom 11.11.11 que pode gerar tantas evocações

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  2. Ah, pois é. Eu tb sempre fico embasbacado com estas coisas. Espero que eu consiga manter esta capacidade de me maravilhar com a natureza para sempre.

    Abraço.

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  3. Caro Chassot,

    as máquinas trabalham sobre um perfil muito mais limitado do que a mente. Por enquanto parece que é imbatível.

    Um abraço.

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  4. Olá, Iguatemi, não sei se é cultural ou se é genético, mas que há uma reação especial sobre as possibilidades naturais é um fato: não há como perceber a capacidade de regeneração da natureza.

    Um abraço.

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