terça-feira, 27 de dezembro de 2011

É PROIBIDO

ANO 01 – Nº 291

Não sei se já percebeste, há certas coisas que parecem que se autoregulam automaticamente. Quer dizer, parece que.  Na década de 1990 trabalhei na administração de uma instituição de pequeno porte que mobilizava uma população de cerca de vinte e cinco alunos mais alguns poucos professores. A estrutura administrativa era resumida, enxuta ao máximo para caber dentro do orçamento mensal.

Certo dia um aluno veio me inquirir porque ele não podia permanecer estudando dentro de uma das salas de aula que estavam vazias no turno inverso. Surpreso, perguntei por que ele já não estava fazendo isso. A sua resposta foi mais surpreendente ainda: “disseram que é proibido!”. Como se tratava de uma instituição pequena, até o Regimento era mínimo, apenas com algumas diretrizes gerais. Não havia nada a respeito daquele tipo de proibição. O aluno não quis me dizer quem o havia informado, mas logo me veio uma certeza: alguém se encheu de poder além da conta e passou a ditar ordens sobre permissões e proibições. Precisei convocar uma reunião geral e esclarecer os limites de cada um.

Já ouvi, não lembro de quem, que se a gente quer conhecer o caráter de uma pessoa é só lhe dar algum poder. Se há alguma coisa que inebria o ser humano é o poder. Entendo que até mais do que o dinheiro, o poder é capaz de transformar uma pessoa tranquila e boa num chefe autoritário e petulante. Transformar não é bem a definição. Melhor seria ‘revelar’. Com muita facilidade, boa parte das pessoas confunde atribuição com gestão. Para que uma engrenagem institucional funcione adequadamente, é necessário dar alguma autonomia para que os processos se desenvolvam. Entretanto, muitas pessoas entendem essa autonomia com autoridade e logo passam ao autoritarismo. Essa não foi a única vez que precisei intervir para esclarecer limites. Logo as pessoas esquecem e ‘metem os pés pelas mãos’. O pior de tudo é que isso sempre acaba criando confusões e desgastado relações profissionais e humanas, indispensáveis ao bom funcionamento de qualquer organização.



DESTAQUE DO DIA

Darwin embarca no Beagle (180 anos)

No dia 27 de dezembro de 1831, Charles Darwin embaçou no HMS Beagle<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> para dar a volta ao mundo. O barco foi um brigue de 10 peças da classe Cherokee, que, ao serviço da Marinha Real Britânica, empreendeu três viagens de exploração, incluindo uma viagem de circum-navegação com o objetivo de explorar as terras e mares por onde passasse. Aquela viagem (a segunda que o navio fez) foi celebrizada pelos resultados obtidos por Charles Darwin, então um jovem naturalista que seguia a bordo como coletor e consultor científico da expedição. O navio terminou seus dias como posto de vigia de combate ao contrabando num estuário do oeste da Inglaterra, sendo em 1870 vendido para ser desmantelado. O nome Beagle é uma referência à homônima raça de cães.
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<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> HMS BEAGLE. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/HMS_Beagle. Acesso em 26 dez 2011.

2 comentários:

  1. Meu estimado colega Garin,
    deixo de lado comentários acerca do poder e me encanto ver evocada a partida do Beagle para uma viagem de cinco anos que se fez histórica. Teu destaque também lembra com saudades nos aulas de História e Filosofia da Ciência que compartimo, que talvez bisemos neste novo ano que advém.
    Com expectativa
    Attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    quando descobri essa data na Wikipédia, logo relacionei com aquela aula que tivemos aí na Morada dos Afagos. Não teve como não recordar o almoço que se seguiu.

    Um abraço,

    Garin

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