A MÁQUINA
ANO 01 – Nº 286
Manhã de verão como todas as outras. De repente o barulho alto de uma máquina trabalhando próximo me chamou a atenção. Ao conferir o que estava acontecendo percebi que se tratava da recuperação do asfalto da rua ao lado. Maquinário pesado faz um barulho persistente com acelerações mais fortes e barulho grave.
Exatamente esse barulho forte me transportou para uma manhã da infância. À frente da minha casa estava a Rua Dom Pedro II. Quando o ronco grosso e mecânico surgiu corri logo para a beira da rua. Tratava-se de uma patrola nivelando os buracos. A gurizada logo se juntou sobre o barranco para acompanhar o trabalho. Os comentários se entrecruzavam para comentar a maneira como ela deixava tudo lisinho, os pedregulhos que revolvia, a potência do motor, a fumaça escura que soltava pelo cano de descargas etc. O patrolamento da rua se transformava num acontecimento social da criançada, seguida depois pelo garimpar de seixos diferentes. Buscávamos a pedra mais interessante da rua que, depois de lavada, se transformava em troféu apresentado para os visitantes e exibido, com orgulho, para os guris das outras ruas. Tinha ocasiões em que essas exibições se transformavam em disputas para definir quem tinha a pedra mais bonita.
É impressionante como a memória é revolvida a partir das mais distintas provocações. Um barulho estranho foi capaz de me remeter ao ano de 1956 quando ainda morava na cidade. Não menos impressionante foi constatar que coisas tão banais foram elementos fundamentais na constituição da minha personalidade. Aquelas reuniões sobre o barranco que margeava a rua ajudaram a lapidar a maneira como se posicionar socialmente. A forma de entender o universo da gurizada me ajudou a perceber a importância de argumentar, com firmeza, as qualidades de uma pedra em relação às demais. Daqueles plenários infantis nasceu a habilidade de ceder e o significado de manter a palavra. Pois é, o ronco grave de uma máquina revolveu lembranças formativas do meu ser, enquanto humano que se relaciona com os outros humanos.
DESTAQUE DO DIA
Assassinato de Chico Mendes (23 anos)
Francisco Alves Mendes Filho[1], mais conhecido como Chico Mendes, nasceu em Xapuri a 15 de dezembro de 1944 e morreu na mesma cidade a 22 de dezembro de 1988. Foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Sua atividade política visada à preservação da Floresta Amazônica e lhe deu projeção mundial. Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção. Casado com Ilzamar Mendes (2ª esposa) deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época com dois e quatro anos de idade, respectivamente.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirbem previste que depois da tríade aeroporto mexerias em baús que guardam saudades.
Perfeito para mim. Depois de Estação Jacuí, moramos em Montenegro, durante anos em uma rua não calçada.
Dia que a prefeitura vinha patrolar a rua esta dia de festa.
Obrigado acordares esquecidos
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Para minha pessoa é um aprendizado.
ResponderExcluirTenho um blog e nossa é um prazer ler estes posts, pela experiência do aprender. Prof. Attico também é uma escola. Agradeço a oportunidade. abraço Prof. Garin.
Caro Chassot,
ResponderExcluirrecordaste muito bem: era "uma festa". Acho que a meninada de agora perdeu isso... pena. Os games não têm o mesmo sabor.
Um abraço,
Garin
Caro Marcus,
ResponderExcluirmuito obrigado pelas tuas palavras e pelo incentivo que nos dás. Desejo sucesso no teu blog.
Um abraço,
Garin
já sou teu seguidor e para minha pessoa é uma honra, com muito respeito e sinceridade.
ResponderExcluirAprenderei muitoooo.
Abraço.
Relato que também passei por esta experiência relatada no texto acima e era demais mesmo,uma festa que parava a rua.