O CALENDÁRIO
ANO 01 – Nº 281
Logo que cheguei ao trabalho fui direto à sala de professores. Sempre dou uma olhadinha sobre a mesa onde ficam espalhados anúncios, jornais, revistas e outros materiais de divulgação que se recebe para distribuir. De repente, olho para um canto da mesa e descubro diversos calendários de mesa do ano 2012.
Quando criança, uma das diversões que meu irmão mais velho e eu tínhamos, nesta época do ano, era sair pelas casas comerciais pedindo calendários. Naquele tempo nós os chamávamos de “folhinhas”. Antes mesmo de ano iniciar já tínhamos uma coleção deles referentes ao ano seguinte. Eram de todos os tipos, de uma folha só, de três meses por folha, de quatro etc. Os mais cobiçados eram aqueles que vinham com um bloco no qual havia uma folha para cada dia do ano. No verso havia um pensamento de alguém famoso ou um versículo bíblico. A gente aguardava ansioso o dia seguinte para conferir e o que dizia e de quem era o pensamento. Havia uma determinação expressa, ditada pela minha mãe: nunca aceitar calendário de mulher pelada. Esse adjetivo incluía fotos e representações de mulheres em roupa de banho.
O passo seguinte era fazer o ‘inventário’ das ‘folhinhas’: essa, vamos dar para a tia Hilda; esse vai para o tio Wili, aquele vamos colocar na parede da sala, o outro vai ficar na cozinha e assim por diante, todos eram distribuídos pela casa ou pelos tios. Meu irmão ficava encarregado de fixá-los nas paredes, inclusive nas casas dos tios.
Hoje, olhando para o calendário que encontrei na sala dos professores, fico imaginando como será 2012. A primeira preocupação é com os feriados: eles sempre atrapalham os planos de ensino. No próximo semestre, por exemplo, quem tiver aulas na sexta-feira vai ter que fazer algumas ginásticas para cumprir seu cronograma: há diversos feriados nesse dia. De outra sorte, os feriadões se constituem numa ótima oportunidade para dar uma escapadinha, uma viagem, ver novas coisas, aproveitar para tirar umas fotos, fazer uma leitura recreativa.
No início deste ano, mostrei o calendário para a minha esposa e acrescentei: olha só, um ano inteiro para a gente gastar! Pensando por esse lado, o calendário é um desafio para a reflexão. Ao planejar as diferentes atividades é possível imaginar a multiplicidade de coisas que podemos fazer. Os trabalhos, os passeios, os encontros, as cenas etc. povoam nossa mente como possibilidades. Nunca imaginamos coisas desagradáveis e tristes, mas elas também fazem parte do nosso existir ao longo do calendário. Coisas assim não podem ser imaginadas porque não são desejadas. Só temos a capacidade de imaginar aquilo que o nosso coração acalenta com todo o carinho.
Pois é, diante de nossos olhos está um novo calendário, como disse à Ana, repleto de possibilidades para gastá-lo. O desafio é aproveitá-lo com o melhor de realizações humanas e quando as coisas tristes e desagradáveis chegarem, que possamos encará-las com sabedoria e maturidade.
Votos de um bom sábado!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Érico Veríssimo (106 anos)
Érico Lopes Veríssimo[1] nasceu em Cruz Alta a 17 de dezembro de 1905 e morreu em Porto Alegre a 28 de novembro de 1975, foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX. De família abastada que se arruinou, Érico Veríssimo era filho do farmacêutico Sebastião Veríssimo da Fonseca (1880-1935) e da dona de casa Abegahy Lopes (dita "dona Bega"). Tinha um irmão mais novo, Ênio (1907), e uma irmã adotiva, Maria. Quando tinha quatro anos de idade, Érico Veríssimo ficou gravemente doente e, após ser levado a vários médicos, foi finalmente diagnosticado com meningite complicada com broncopneumonia pelo médico Olinto de Oliveira, cujo tratamento salvou sua vida. Durante sua infância, estudou no Colégio Venâncio Aires, em Cruz Alta, onde foi um aluno comportado e quieto, frequentava o cinema e observava o pai trabalhando. Por volta de 1914, com quase dez anos, Érico criou uma "revista", Caricatura, na qual fazia desenhos e escrevia pequenas notas.
[1] ÉRICO VERÍSSIMO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89rico_Ver%C3%ADssimo. Acesso em 17 dez 2011.
Muito estimado colega Garin,
ResponderExcluiros rituais de passagens são momentosos nas viradas de ano.
Acerca de tuas evocações, cabe uma lembranças dos almanaques distribuídos pelas farmácias. ¿Lembras?
Um bom sábado, quando recém cheguei de Frederico Westphalen.
Agora viagem só em janeiro
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Caro Cahssot,
ResponderExcluirlembro sim; mais uma vez era tarefa do meu irmão; até 1956 moramos na cidade de Cachoeira e ele repassava todas as farmácias - era outra coleçao e as sessões para lermos as anedotas.
Um abraço,
Garin