Eu olhava para a pia... e ela olhava para mim! Passava meio que me escondendo, virava a cara para a parede e atravessava firme. Não adiantava... na volta, o mesmo sacrifício. Cheguei a inventar um cisco no chão e me abaixar enquanto passava por ela. Nada! Pelo “rabo dos olhos” percebia que ela continuava a me dizer: e aí, vais encarar ou não?
Entrei apartamento à dentro resmungando... um montão de justificativa do tipo, bah!... não tenho tempo para nada e ainda toda essa louça... não consigo descansar nem no domingo...! Vi um filme... folhei uma revista... li as manchetes do jornal e um ou dois artigos. Não adiantou... aquela pia de louças além de embaralhar a minha visão havia contaminado a minha consciência... agora, mesmo longe, voltava a pensar nela!
Não vou contar como terminou esse embate entre a pia cheia de louça suja e eu. Mas confesso que essa situação me fez pensar. Quando a gente tem alguma coisa que não está resolvida... não adianta disfarçar... passar de largo... arrumar justificativa... colocar para baixo do tapete ou se abaixar para não ver. A “situação” continuará ali e vez por outra estará nos olhando e fazendo aquela pergunta incômoda: “vais encarar?”
Sei que a tentação de deixar para depois é a alternativa que mais aparece, mas nunca a mais recomendável. Quando não encaminhamos (ou até resolvemos) nossas questões de vida, elas continuarão a nos visitar nos piores momentos... nas madrugadas quando todos os “monstros” se transformam em gigantes e se postam bem junto à nossa cama... e no escuro!
Lembra daquela situação que você ainda precisa encarar...? Que tal hoje, hein?
Meu caro poeta do cotidiano,
ResponderExcluirA foto e ‘o encarar’ valeria aqui para a minha ‘Morada dos Afagos”. E... se dona Eunice não vier hoje terei que retirar os acúmulos do fim de semana.
Obrigado por fazer de pia de cozinha um poema.
attico chassot
Caro Chasso,
ResponderExcluira pia do fim de semana não é nada... de um jeito ou de outro ela acaba sumindo. O difícil é a gente encarar aqueles outros 'fantasmas'.
Um abraço,
Garin
Meus dois doces e queridos amigos, as louças das pias, quando precisarem, eu dou um jeito. Mediante é claro um bom espumante depois do feito.
ResponderExcluirQuanto aos outros "fantasmas" que nos acompanham, lembrei de uma frase de Jung "Tenciono agora fazer o jogo da vida,ser receptivo a tudo que me chegar,bom e mal,sol e sombra alternando-se eternamente;e,desta forma,aceitar também minha própria natureza,com seus aspectos positivos e negativos..."
Ósculos afetuosos nos dois.
Cara Rejane,
ResponderExcluirmuito obrigado pelo teu comentário. Pois as louças e os fantasmas andam sempre por aí nos atormentando: a gente precisa é encarar.
Um abraço,
Garin