AS MANCHAS

Recentemente, nosso vizinho mandou pintar a parede de seu prédio que dá para o nosso lado. Como há um jardim, bem junto à parede, solicitei aos pintores que tivessem cuidado. Procurassem não manchar as plantas. Quando chegamos na segunda-feira, qual não foi a nossa decepção ao vermos as mesmas ‘pintadas’ de bege, com a mesma tinta plástica da parede. Com a intenção de deixar a parede bonita, através de uma pintura ‘artificial’, o pintor manchou as plantas do jardim, que possuem uma beleza natural e verdadeira.

Esta situação me levou a refletir sobre certas atitudes que tomamos, descuidadamente. É comum, no afã de encaminhar questões mais sérias e problemas do cotidiano, esquecer os detalhes. Equacionamos uma dificuldade material, mas ‘machucamos’ pessoas que nos rodeiam. Ferimos pessoas mais simples, cuja visão não alcança o conjunto. Com facilidade nos concentramos apenas nos grandes problemas e os transformamos no centro do universo.

Ao realizarmos o nosso trabalho é fundamental olhar ao redor. Precisamos baixar nosso olhar, levantar os olhos, verificar à direita, perceber o que está à esquerda etc. Necessitamos perceber se nosso trabalho não está atingindo inapropriadamente alguma pessoa. A vida de cada um(a) é preciosa demais. Todos devem ter o direito de se expressar com alegria e liberdade e jamais ser sufocadas pela nossa inabilidade. É preciso cuidar para que o nosso laborar e o nosso viver não manche o ‘jardim’ do nosso próximo.