Andando pela calçada, um dia desses, pisei sobre uma pedra solta, dessas que não estão bem fixadas. A sensação foi a de que o chão estava balançando. O corpo se desequilibrou. O pé ficou em falso. Você já teve esta sensação? É bem chata, não é? Por pouco a gente não leva um tombo mesmo. Noutras ocasiões, pisamos nesse tipo de pedra e levamos um banho de barro. Nem sempre encontramos as ‘pedras’ certas para pisar.
Pois é, construímos nossos caminhos procurando bases sólidas. Nosso propósito é firmar nossos alicerces para que, tanto o presente quanto o amanhã nos sejam mais fáceis. Para isso nos esforçamos. Trabalhamos ao máximo. Procuramos fazer todas as coisas ‘certinhas’. De repente, lá se vai nosso equilíbrio e acabamos todo “embarrados”.
O sentimento de ‘prepotência’ nos leva, muitas vezes, a cometer estes equívocos. Esquecemos que sozinhos construímos apenas uma parte do alicerce. Cada atitude, cada ação nossa, depende de outras pessoas.
O ser humano é um ser interdependente. Nunca um ser solitário. Quando perdemos a visão daqueles que nos rodeiam, ficamos perdidos no nosso próprio deserto. Sobretudo, quando nosso eu se sobressai, perdemos a visão do outro. Vamos nos considerando tão fortes e tão ‘competentes’ que logo já nos sentimos um ‘pequeno deus’. A espiritualidade fica de lado e o cuidado de si e o cuidado do outro passa a ser uma coisa ‘esquisita’. É aí que ‘pisamos’ em falso.
Tudo que parecia sólido se esfumaça no ar. A competência acaba, os amigos se vão e a gente fica aí sem chão e sem equilíbrio. Conseguimos superar isso quando entendemos que tudo depende de um trabalho conjunto e que a minha participação no mundo é ‘uma’ participação, não a única e nem a principal.
Pois é, as pedras soltas do caminho podem nos pregar peças incômodas, mas pensando sobre elas, podemos descobrir que o chão firme não depende exclusivamente de nós, mas do mundo que anda conosco.
Bom dia professor!
ResponderExcluirBelo texto. São as "pedras" soltas que nos fazem parar e refletir. Na verdade somos todos pedras neste imenso caminho que é a vida. E quantas vezes, uma pontinha iniste em ficar fora do encaixe, parece que está fora do lugar?...Como um grande quebra cabeça, precisamos de todas as peças para formar o todo, mas é justamente aquela que não se encaixa que mais observamos...
Um bom final de semana!
Rosana
Meu caro Pastor da Cotidianidade,
ResponderExcluirquem desce como eu o morro do IPA presente no hino da instituição (não sei qual o correto topônimo do mesmo) ganha expertise em transitar por péssimas calçadas.
Como dizes “as pedras soltas do caminho podem nos pregar peças incômodas, mas pensando sobre elas, podemos descobrir que o chão firme não depende exclusivamente de nós, mas do mundo que anda conosco”.
Obrigado por trazer esta nova dimensão em minhas descidas (para as ascensões opto pelo conforto da lotação).
Que o shabath seja preciosa preparação para o domingo para ti e para cada uma e cada um dos leitores que aqui chegarem para se alimentar com tuas sábias reflexões.
attico chassot
Cara Rosana,
ResponderExcluirde fato, precisamos de todas as pedras para compor o nosso existir, e aquelas que não se encaixam mexem mais conosco. Por outro lado, são as "desencaixadas" que nos conduzem a um aprendizado maior.
Um abraço com os votos de um belo final de sábado e um ótimo domingo!
Garin
Prezado Chassot,
ResponderExcluirimpulsivamente "maldizemos" todas as pedras que nos incomodam, mas são elas que nos impulsionam a um aprenizado mais prático: sinalizam nossa falta de concentração e nos advertem para próximas passagens. Vais concordar comigo que, depois de algum tempo, a gente já conhece o "mapa" de nossas idas e vindas - as das calaçadas e as da vida.
Um grande abraço com votos de um ótimo domingo que se aproxima.
Garin