Semana passada, meu colega, Prof. Attico Chassot [http://mestrechassot.blogspot.com] e eu, conversávamos sobre o que representa uma página em branco para quem tem o compromisso de escrever, diariamente, alguma coisa (reportagem, notícia, blog etc.). Sentados juntos, nas poltronas do Auditório Oscar Machado, participávamos de uma conferência, integrante do V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação do Centro Universitário Metodista, do IPA. Antes de iniciar a palavra o conferencista, Prof. Mario Neto, mencionou o desafio que uma página em branco representa para qualquer pessoa. Parte do debate se referia ao pânico que enfrentamos diante de uma página em branco.
Antigamente se tratava de uma folha. Era necessário encontrar um papel em branco, normalmente dentro de um pacote de quinhentas folhas, que a gente colocava, pacientemente, na máquina de escrever (ainda te lembras dela?). Era posicionada pela parte posterior do rolo, fazíamos rodar até que a parte superior da folha aparecesse do outro lado e então, ‘soltávamos’ o rolo para posicionar corretamente a folha. Ato contínuo, ajustada a folha, buscava-se o início da página. Todo esse trabalho permitia um tempo razoável para pensar em que escrever.
Atualmente, uma vez ligado o computador, os editores de texto já estão ali, prontos, mas num branco enervante. Não necessitam mais ser posicionados, pois as margens são pré-ajustadas, os menus estão prontos, dispostos na parte superior ou noutra margem conforme nosso gosto pré-ajustado. Estilo, cor, tamanho, cor de realce, tudo pronto, mas não menos irritante. Poderia ter, pelo menos, algumas letras (agora se diz ‘dígitos’), alguma palavra, mesmo que fosse qualquer besteira, mas seria algo de onde se partiria. Não! Há só um branco à espera!
Esse é o desafio que deve ser enfrentado todos os dias: dar sentido a uma página em branco. Mesmo que haja resquícios de ontem, da semana passada, do mês passado, ainda assim o nosso dia é uma página em branco sobre o qual temos a liberdade de criar. Como na página em branco do computador (editor de texto), as formatações já estão disponíveis. Há elementos que estão pré-determinados como compromissos pessoais, contas a pagar, dívidas a negociar, trabalhos a realizar, mas a cada dia tudo isso estará como uma página em branco disponível para ser escrita. Assim como no computador me vejo diante de uma página em branco, assim também na vida, diante de mim mesmo, diante do outro, diante de Deus, me vejo livre para produzir meu viver. Como na página que escrevo, onde necessito considerar as normas ortográficas (nem sempre bem tratadas), também na vida minha escrita precisa levar em consideração os princípios éticos, respeito, consideração etc.
Não querendo ser chato, nem moralista, mas não posso deixar de te fazer uma pergunta irritante: o que vais escrever hoje na página da tua vida?
Com os votos de uma página bem escrita, boa terça-feira!
Estimado colega:
ResponderExcluirnessa tentativa de desvirginarmos a folha ou a tela em branco salva-nos o indez, acerca do qual falei no dia 17 no blogue tu ofereces generosamente o endereço aos teus leitores.
A síndrome da ‘falta de texto’ é igual aquele brando que no assalta durante uma palestra.
Na expectativa de breve estarmos juntos para encerrar a edição de nosso seminário História e Filosofia da Ciência.
Com admiração
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirvou utilizar a dica que me passaste pessoalmente, a do Google Desck Top. A gente precisa de um indez, de vez enquando.
Em tempo: o nosso último encontro de Filosofia e História da Ciência estava supimpa. Muito obrigado pela experiência de compartilhar contigo desse Seminário.
Um abraço,
Garin