Vamos combinar que o trânsito não anda fácil na maioria das médias e grandes cidades. Pode-se resumir com um arranca e para, arranca e para novamente. Acontece que, no meu trajeto para o Centro Universitário IPA, onde dou aulas, preciso utilizar uma das mais movimentadas avenidas de Porto Alegre. Para entrar, é necessário contar com a boa vontade de alguém que se “compadeça” de um professor apressado para não perder sua hora.
Cedo, tomei o carro e me dirigi ao trabalho. Ao me aproximar da dita avenida, fiquei mitigando, com o olhar para ver se alguém me oferecia uma brecha para que entrasse. Depois de algum tempo, um cidadão aparentando uns cinquenta anos, dirigindo um carro médio, diminuiu o ritmo e fez um sinal com a mão. Foi a dica: entrei e com o polegar esquerdo retribuí a gentileza num sinal de agradecimento.
Essas atitudes acontecem no trânsito e até não são tão raras, posso afirmar isso por causa dessa “bendita” avenida. Em outros segmentos, entretanto, a gentileza está ficando esquecida. O ritmo de vida contemporâneo acaba por embrutecer nosso comportamento de tal sorte que fazemos questão de “andar na frente”. Para que isso aconteça, é comum atropelarmos pessoas que tem ritmo mais lento, que possuem dificuldades de locomoção, que são mais lentas em perceber o contexto. A gentileza não é um traço natural, mas uma demonstração significativa de civilidade.
Atropelamentos, esbarrões, grosserias, fazem parte de um elenco de atitudes de quem não entende o humano que habita seu interior ou o interior das outras pessoas. Demonstra inexperiência no lidar com a vida, que não acaba ali, mas que pode ser definida como um processo no qual há idas e vindas. Precisa ser encarada como uma atitude que marca nossa humanidade com ser humano, aliás, bastante esquecida nestes tempos de consumismo selvagem.
Para encerrar gostaria de te agradecer a gentileza de ter lido este blogue ao o seu final, com os votos de que essa atitude acompanhe a ti e a mim nesse processo do cuidar de si e do outro a todo o instante.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirontem ao anoitecer tive –numa gostosa carona – o privilégio de assistir o teu quase desafio para entrares em uma dessas avenidas preferenciais, nas quais quem por elas transita se julga o ‘rei do pedaço’ jamais imaginando que vez o outra ele também está numa artéria tributária.
Parece que a cada vez maior imobilidade urbana, paradoxalmente. faz alguns motoristas mais ‘poderosos’ (= menos gentis).
Há um mote que parece esquecido: ‘No trânsito todos também são pedestres’.
Uma boa sexta-feira com menos horas ao volante a cada uma e cada um daqueles que aqui se abeberam com pílulas de saberes cotidianos,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirpois é, a foto que postei no blog foi da minha ida para o IPA no início da tarde, mas bem que poderia ter sido daquele momento que experimentamos juntos no cair da noite.
O trânsito é um desafio que se estabelece a cada momento - é imperioso administrar sem se envolver em um aciddente.
Um abraço,
Garin