Quando o clima permitiu sai para espairecer um pouco. Os dias de inverno tendem a nos aprisionar dentro de casa. É claro que o dia não tem a menor culpa, mas passa a ser o álibi para esticar a sesta, prolongar mais a leitura, sentar à frente da TV para um filmezinho, uma reportagem etc., já que se tratava de um feriado.
Pois foi o que fiz, convidei a esposa e fomos andar por um dos nossos muitos parques aqui de Porto Alegre. Confesso que tive muitas surpresas, como por exemplo, a variedade de plantas. Num dos passeios me deparei com este caminho emoldura por árvores e arbustos, formando um lindo quadro verde. Como amante da imagem não poderia resistir a uma fotografia.
Olhando hoje para essa foto, senti-me desafiado à reflexão. As questões aparecem quase naturalmente. O que há além daquela curva? Será que as árvores e arbustos continuam margeando o caminho? Será que há outras pessoas caminhando? Se há pessoas caminhando, virão em minha direção ou estão fazendo a mesma caminhada que eu?
Outra pergunta me surge diante dessa fotografia: o que havia para trás? Será que o caminho tinha outras curvas? Havia plantas diferentes daquelas que a foto retrata? Outras pessoas estavam capturando suas fotos? Será que eu apareci em alguma delas?
É simplesmente uma foto tirada quase ao acaso, mas a reflexão que podemos fazer não é casual. O futuro simbolizado pelo que podemos inferir que haja além da curva e o passado que inferimos pelo que há antes da foto sintetizam as maiores interrogações do ser humano. Sobre o futuro, impossível de ser descortinado com objetividade, se projeta para além. Sobre o passado, mesmo que realizado, necessita ser descortinado pelo nosso olhar inquiridor.
Premidos entre o futuro e o passado necessitamos prosseguir o caminho com a convicção de que, o antes nos trouxe até aqui e o que fizermos agora, determinará o que virá depois.
Com os votos de um realizador sábado!
Meu caro colega Garin,
ResponderExcluirpois foste mais valente que eu. Nesta manhã de sábado também planeara um passeio pela nossa Porto Alegre. Todavia o despertar preguiçoso me fez não enfrentar a rua nesta manhã plúmbea.
Resolvi não encarar a rua e curtir o aconchego [esta é uma palavra que me enternece] da casa.
Resumi a minha caminhada no acompanhar teu belo texto, perscrutando o que na foto e aquém da mesma.
Um bom sábado com caminhadas reais e fantasiosas
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirobrigado pela deferência, pois mesmo num sábado, postaste teu comentário sempre muito apropriado.
Caminhamos sempre, pelos caminhos ou pela imaginação porque o nosso destino é caminhar. Não sou partidário daqueles que dizem que caminhamos em direção à morte, pois o nosso caminhar é sempre repleto de vida, aquela que se renova a cada caminhar.
Um grande abraço,
Garin