sábado, 9 de julho de 2011

O DENTISTA

Enquanto ministrava uma prova de Exame Suplementar no IPA, quinta-feira à noite, senti uma dor de dente horrorosa. Acho que isso é pleonasmo. Existe dor de dente que não seja h o r r o r o s a? Pois é, os últimos minutos foram de urrar baixinho. Recolhi as provas e fui para casa o mais rápido possível – precisava de um analgésico.

Ontem, telefonei para o meu dentista, mas não era dia dele ir à clínica. Fui atendida por uma colega dele e minha amiga, Dra. Giovanna Rispoli. Muito bem tratado, saí reconfortado e com a expectativa de que a dor não volte.

Mas por falar em dor de dente, você já sentiu isso? Ainda não? Desejo-te que nunca sintas? Não é uma dor que incomode... inferniza! A gente não sabe o que fazer. Sentado não adianta. Em pé, é a mesma coisa. Deitado, não piora, mas também não melhora. Quem já passou por isso sabe do que estou falando.

Esse fato me fez conversar com os meus botões sobre a minha reação diante da dor. Sei daquela interminável discussão: o homem é frágil, qualquer dorzinha já faz um escarcéu! Dor mesmo é a de parto e só mulher é que sabe isso!

Bem, não vou entrar nesse patamar de discussão porque não há espaço para tanto. Mas a convivência com a dor, mesmo que seja por alguns instantes, é revelador de nossa maneira de ser. Conheço pessoas que para qualquer coisa já fazem um ‘drama’ e outras que suportam, resignadas, dores lancinantes por anos a fio. A forma como nos comportamos diante da dor, inerente ao ser vivo, também difere de cultura para cultura. Sei que algumas dores que sentimos não são as mesmas para os indígenas, donos desta terra.

No livro “Em busca de Sentido”, Viktor Frankl, compartilha experiências horríveis, vividas no campo de extermínio de Treblinka. Para ele, há pessoas que, diante da dor e do sofrimento desistem de resistir, abrem mão da vida. Há outras que conseguem suportar a dor e o sofrimento e mesmo assim encontrar um sentido para viver. São pessoas que conseguem encontrar, no fundo do sofrimento, uma energia para continuar, contando cada dia como mais um a ser vencido. Lembro de uma expressão que ouvi pela primeira vez da boca da minha mãe: “a dor ensina a gemer!”. Era uma forma que ela encontrava para animar seus filhos diante de alguma dor. De certa forma, ela estava nos sinalizando para essa energia que precisávamos encontrar no meio do sofrimento.



DESTAQUE DO DIA
31 anos da morte de Vinícius de Moraes[1]
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913 e faleceu na mesma cidade aos 66 anos no dia 9 de julho de 1980. Entra as muitas contribuições que deixou à nossa cultura está a poesia. Uma das lembranças mais queridas é a autoria de “Garota de Ipanema”. Pois é, está fazendo 31 anos que o “poetinha” nos deixou.





[1] Ilustração disponível em: http://comunidademib.blogspot.com/2011/04/vinicius-de-moraes-o-poetinha.html.

4 comentários:

  1. Meu caro colega Garin,
    se hoje dissesse que tu pílula de cotidiano não traga evocações seria falso. Acredito que não que não sofresse por esta dor.
    Lembro de minha infância que uma prática era colocar um gole de cachaça para anestesiar a região.
    Hoje tenho o privilégio de uma filha e um genro – Ana Lúcia e Eduardo – que cuidam de minha saúde bucal e me fizeram um pouco ciborgue, pois quando se septuagenário uma saudável alternativa é termos implantes.
    Um bom sábado

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Caro Chassot,

    é mesmo um privilégio. Ainda bem que a Dra. Giovanna acertou em cheio, não senti mais dor.
    Obrigado pelas tuas visitas e comentários ao meu blog: sinto-me prestigiado.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir
  3. Isto me fez lembrar uma vez que tive dor de ouvido. Foi uma inflamação tão forte que tive o tímpano rompido enquanto vc me levava à emergência.
    Na volta, já sem dor, pois não havia mais ouvido pra doer, conversamos no elevador. Eu disse:
    - É, não adianta. Já passei por várias dores fortes, mas a pior dor é a que a gente sente mesmo.
    De pronto vc respondeu.
    - Que nada, a pior dor é dor que o nosso filho sente.

    Um beijo, pai. Logo estou por aí. Te amo.

    ResponderExcluir
  4. Oi Filho,

    um dia vais descobrir como isso é a mais pura verdade!

    Eu também te amo, com um amor que veio antes do teu, quando ainda eras um feto.

    Um grande beijo.

    Pai

    ResponderExcluir