sábado, 2 de julho de 2011

A TALHADEIRA

Semana passada trabalhei com um tumm, tumm, tumm... na cabeça. Tratava-se de uma reforma no banheiro do andar de cima. Foram dois dias numa barulheira terrível. De repente as batidas paravam. Tudo voltava ao normal. Conseguia me concentrar e recomeçava o meu trabalho. Quando menos esperava voltava tudo de novo. Está certo, a gente necessita fazer as reformas, elas são necessárias, mas para quem tem que usar a criatividade para trabalhar, isso é um horror.
Enquanto não conseguia render nas minhas tarefas, meditava sobre os ‘barulhos’ da vida. Há barulhos que são agradáveis, músicas, por exemplo; outros são perturbadores como o barulho da talhadeira[1]. Entretanto, há ‘barulhos’ os quais não ouvimos. São tão altos que chegam a nos perturbar o sossego. São os barulhos da consciência, aquelas perturbações que as nossas omissões e indiferenças, nossas negligências, nossa ganância, provocam. São os ‘barulhos’ que vão deixando vítimas pelo caminho, consequências de nossas irresponsabilidades.
São ‘barulhos’, frutos da ação egoísta que coloca o nosso ‘eu’ no centro do Universo e tudo o mais ao redor a nos servir. Faz-nos presunçosos donos da verdade e do mundo. Excluem os demais como meros coadjuvantes da vida.
O barulho provocado pela talhadeira parava por uma ação determinada pelo operário. O barulho da consciência não obedece ao nosso comando. Pelo contrário, quanto mais o reprimimos, mais ele aumenta e nos atormenta.
Votos de um bom sábado, sem barulhos! Os da consciência, principalmente!






[1] Imagem disponível em: http://familiacbji.blogspot.com/2010_07_01_archive.html. acesso em 01 jul 2011.

2 comentários:

  1. Muito estimado Garin,
    mais uma vez levas-me a ferramentaria de neu pai. A talhadeira era peça significativa. Quanto aos zumbidos...a minha realidade é outra, Há dois anos tinitus. Ouço de maneira continuada zumbidos. Depois de consulta a diferentes profissionais, para os quais essa ‘doença’ representa um Waterloo recebi uma recomendação: a habituação. Eis, assim, o que tento.
    Agora, na torcida [¿oração de um agnóstico ou pensamento mágico?] que nossa sabatina de hoje tenha muitos canditos, até breve

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    então somos dois muito parecidos nesses particulares: meu pai era ferreiro de profissão... então podes imaginar, possuia uma coleção de talhadeiras com às quais cortava chapas e ferros. Quanto ao zumbido nos ouvidos...também tento me acostumar. Tem dias que parecem mais fortes.

    Um abraço,

    Garin

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