Visitei, certa vez, uma comunidade no interior, da qual participavam muitas crianças, de diversas idades. Entre elas estava um menino[1], creio que de seis anos mais ou menos. Tinha os olhos muito vivos e fixos enquanto eu contava uma história para o grupo. Na hora do lanche, após a historinha, me aproximei dele e lasquei: “o que vais ser quando crescer?” Antes mesmo de terminar a pergunta, veio a resposta, na ponta da língua: “professor”. Algum tempo depois fui transferido para outra comunidade e nunca mais tive contato com o menino. Fico imaginando o que terá acontecido com aquele garotinho. Terá conseguido estudar e se tornar um professor? Sua trajetória o teria levado para outras escolhas, quando a adolecência chegou? Não sei! Naquele momento, porém, a imagem do professor(a) era o que alimentava o seu sonho.
Você já fez uma retrospectiva da sua trajetória, sobre aquele sonho longínquo, quem sabe encravado ainda na infância? Que conseguiu fazer com ele? Tratava-se apenas de um sonho infante ou era uma utopia que foi sendo construída no decorrer dos dias?
Triste é a pessoa que não consegue estabelecer os motivos pelos quais existe, pelos quais vive e pelos quais está disposto a gastar seus dias.
Boa parte das vezes, nossos sonhos de infância não passavam de fantasias próprias da criança que um dia fomos. Noutras, mesmo que fossem fantasias, adquiriram contornos de um objetivo a ser perseguido. Não é muito diferente com a vida adulta. Há certas ideias que não passam de fantasias, mas há outras que se constituem no objetivo do nosso existir. Tornam-se a nossa utopia, pela qual levantamos bandeiras e arregimentamos todas as energias possíveis para implementá-la. São essas ‘utopias’ que alimentam nosso dia-a-dia, nos abastecem, nos realizam como humanos e permitem que essa força também se irradie para quem convive no nosso entorno.
DESTAQUE DO DIA
Há 476 anos, Thomas Morus foi decaptado em 6 de julho de 1535 na Torre de Londres, por se negar a reconhecer o rei como chefe supremo da igreja da Inglaterra.
“Thomas Morus ou aportuguesado em Tomás Moro (Londres, 7 de Fevereiro de 1478 — Londres, 6 de Julho de 1535) foi homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento.” [Thomas More. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More. acesso em: 05 jul 2011].
Meu caro Garin,
ResponderExcluiruma vez teu texto se transmuta em evocações. É verdade hoje não tão remotas. Com tua blogada fui ao livro “Quando eu voltar a ser criança’ de Janusz Korczak (a edição que eu tenho é do Círculo do Livro de 1990), talvez quando o li.
O autor foi um médico pediatra e pedagogo judeu polonês, nasceu em 22 de julho de 1878 e morreu no campo de Treblinka em 1942, soldados alemães levaram as cerca de 200 crianças que estavam no orfanato de Korczack, aproximadamente doze funcionários para o campo de concentração. Isso ocorreu durante a liquidação do gueto de Varsóvia, os hitleristas ordenaram o agrupamento das crianças e o envio das mesmas ao campo de morte, ele poderia ter ficado mas foi junto com suas crianças.
Seu autor lembra-me o Viktor Frankl, que estava sob tua mesa esta tarde. O livro é de comovente beleza, mas nunca mais me lembrara dele. Trouxeste com teu texto excelente sugestão para uma futura dica sabática de leitura, pois evoca situações antípodas que aquele que escreves.
Parabéns pela inserção do ‘destaque do dia’ inaugurado ontem com querido poverello de Assis, seguida hoje com aquele que nos ensinou a laborar em utopias.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirfico feliz de poder despertar lembranças e emoções com as minhas postagens. Estou curioso para ler a resenha do "Quando eu voltar a ser criança". Imagino que seja uma grande história repleta de imagens e emoções.
Um abraço,
Garin
Muito bom este seu espaço virtual, amigo! Sou professor de língua portuguesa e literaturas, embora desempregado e free lance, no momento. Tenho em fase de elaboração final um terceiro livro, provisoriamente "Sinopses da Literatura Mundial-I", onde consta o seguinte:
ResponderExcluirQUANDO EU VOLTAR A SER CRIANÇA. Janusz Korczak. A incompreensão, as injustiças, as violências físicas e morais sofridas pelas crianças. Um livro imprescindível para educadores e pais. Escrito por um extraordinário pedagogo. Círculo do Livro, 192 páginas. Claro que ainda é pouco, diante de obra tão magnífica, mas estou a engrossar o caldo! Abraço e Parabéns pela iniciativa e blog tão atraente/inteligente!
Miguel Pretel Schaff
mpretelguerrero@hotmail.com