ACABOU!
ANO 01 – Nº 349
Em cada dia que passa vamos sentindo ‘gostos’ diferentes de coisas novas e antigas. Mas cada vez é cada vez, como se diz na linguagem coloquial. O sabor de uma comida do almoço nunca é igual ao sabor da mesma comida no jantar. Ainda que seja feita pelo mesmo cozinheiro, com os mesmos ingredientes, servida na mesma temperatura, com os mesmos molhos e complementos, a cada refeição o gosto é diferente. É diferente porque nós, os comensais seremos diferentes, porque os tempos serão diferentes, as companhias, ainda que sejam das mesmas pessoas, estarão diferentes.
Mas o meu tema hoje não é comida e nem foi ela que acabou. O que acabou foram as férias de verão. Entretanto, assim como as comidas e as refeições, o gosto das férias é sempre diferente. É diferente pelos mesmos motivos da diferença do gosto das comidas.
Pode ser que a gente encontre alguém dizendo que está muito feliz porque as férias acabaram. Uma coisa é dizer e outra é sentir. Sei lá, até é possível que se encontre alguém que seja tão preocupado com o trabalho, tão envolvido com os compromissos profissionais, tão desgostosos das companhias, que experimentou nas férias, que esteja ‘louco’ para que elas acabem! É bem mais fácil encontrar alguém que sinta e diga: bem que as férias poderiam ter durado mais uns dias!
Por outro lado é muito importante e muito bom que as férias tenham acabado. Isso não contradiz, de maneira nenhuma, o que afirmei logo acima. No existir do ser humano, todas as coisas acabam. Tudo o que começa um dia tem fim. É da natureza do existir e o seu ciclo de fim e começo, que um dá sentido ao outro. Assim, o início das férias, que traz sensação de alegria e mil planos na cabeça, o fim delas também carrega mil planos de trabalhos para o restante do ano. Não fosse o comprometimento com o trabalho não haveria esse gosto gostoso das férias. Não fossem as férias não haveria esse gosto pelos novos planos para o restante do ano.
Mas acabou! Foi um período de diferentes realizações que cada pessoa procurou dar um sentido digno. No exercício da profissão, cada pessoa vai revisitando suas férias. Na narrativa que faz para seus colegas, os sentidos vão se costurando de maneiras distintas e até mesmo o revisitar das fotografias (ou seriam fotovirtuálias? – esquisito, não?) enseja novas ‘cores’ do que viveu.
Não acabou porque agora temos que trabalhar: trabalhamos também durante as férias. Acabou porque um dia tiveram um começo e a sua maior identidade é justamente esse ciclo (ou seria círculo?) que constitui nosso existir. Nesse final sentimos o ‘gosto’ desejoso do quero mais, mas construímos muito mais ‘gostos’ na alegria de voltar!
Com os votos de uma quinta-feira de realizações!
DESTAQUE DO DIA
Dia do surdo
Chama-se pessoa surda (ou surdo) àquela que não consegue ouvir e que possui uma identidade, uma cultura, uma história e uma língua. Em meados dos anos setenta, emergiu uma nova forma de encarar a surdez, como alguém que pertence a uma comunidade linguística minoritária, pelo fato de usar uma língua distinta da maioria ouvinte. Estudiosos há que acreditam que "o problema dos surdos não é a surdez [...] mas as representações dominantes". Assim, a concepção antropológica defende como um de seus objetivos primários garantir o acesso dos surdos à língua gestual, a sua língua de aquisição natural. No Brasil, o Dia do Surdo é comemorado em 23 de fevereiro[1] ainda que o Dia Mundial do Surdo seja comemorado, por membros da comunidade surda de todo o mundo (surdos e ouvintes), no último domingo do mês de setembro, com objetivo de relembrar as lutas da comunidade ao longo das eras, como por exemplo, a luta em prol do reconhecimento da língua gestual nos diversos países do globo.[2]
Esse é um dia para lembrar as lutas da comunidade de surdos pela sua inserção na sociedade e no mundo de oportunidades de trabalho – nossa homenagem!
Meu estimado colega Garin,
ResponderExcluirnesse recesso momesco que me encantou, cogitei na possibilidade de fazê-lo permanente por uma aposentadoria precoce, para quem começa seu 52º ano de magistério. Logo mudei de ideia. Teu texto: “Não fosse o comprometimento com o trabalho não haveria esse gosto gostoso das férias. Não fossem as férias não haveria esse gosto pelos novos planos para o restante do ano” faz uma admirável síntese da situação. Parabéns.
Na expectativa de reencontros ao vivo neste recomeço.
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluirpois é, aqui estamos novamente de prontidão, imaginando o aspectos da turmas, a cara dos alunos, a expectativa do encontro e aquele friozinho na barriga sobre a primeira aula.
Um forte abraço,
Garin