EXISTIR?
ANO 01 – Nº 348
É com facilidade que falamos sobre o existir. Quantas vezes, durante o dia, dizemos: “mas isso não existe!”. Outros retrucam: “existe sim!”. Afinal de contas, o que queremos dizer quando nos referimos ao existir? Será que o que eu quero dizer com existir é o mesmo que o outro entende?
Os filósofos se debruçaram sobre essa dúvida no decorrer da história da humanidade e as respostas encontradas nem sempre nos convencem. A mais famosa data da modernidade e foi encontrada por Renatus Cartesius, ou como é conhecido entre nós, René Descates: “Dubito, ergo cogito, ergo sum”. Traduzindo para o nosso bom português significaria, “eu duvido, logo penso, logo existo”. A partir dessa constatação Descartes passou a afirmar a existência de Deus, um dos maiores questionamentos da modernidade que enveredava pelo caminho da racionalidade, deixando para trás as convicções da fé que sustentaram boa parte da idade média.
De lá para cá, múltiplas tentativas de encontrar uma resposta foram buscadas, mas parece, até hoje, que a afirmação de Cartesius continua prevalecendo na contemporaneidade. Mesmo no calor do debate acadêmico, a invocação do pensamento humano como sustentação básica do existir, continua forte.
Entretanto, quando determino constatação do pensamento humano como sustentação básica do existir de tudo também constato que esse ‘tudo’ é uma determinação subjetiva do ser humano. Assim, as coisas que afirmo como reais para a existência, só o são quando entendidas pelo pensamento. O que escapa ao pensamento da mente humana não existe. Em outras palavras, algo só existe quando consigo pensá-lo.
Por vezes, percebo que essa é uma forma pequena e pobre de determinar a existência do mundo, do universo, de tudo. Um simples exemplo para contradizer essa máxima é o som percebido pelos cães. Até que o ser humano conseguiu medir frequências mais baixas, os cães já sabiam que existia um som que o ouvido das pessoas não percebia. Ele já existia antes de ser pensado por nós.
Finalmente entendo que há particularidades do existir bem junto a nós, que simplesmente ainda não conseguimos pensá-las. Isso não lhes tira a existência, mas ainda continua como um desafio à pesquisa e ao conhecimento.
Com os votos de uma ótima quarta-feira de cinzas, segundo a fé católica!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Schopenhauer (224 anos)
Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig a 22 de Fevereiro 1788 e morreu em Frankfurt a 21 de Setembro 1860. Foi um filósofo alemão do século XIX. Seu pensamento é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época. Sua obra principal é “O mundo como vontade e representação” (1819), embora o seu livro “Parerga e Paralipomena” (1851) seja o mais conhecido. Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o Budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Ficou conhecido por seu pessimismo e entendia o Budismo como uma confirmação dessa visão. Schopenhauer também combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou o pensamento de Friedrich Nietzsche.
Meu estimado colega Garin,
ResponderExcluirmais que suscitar-me interrogações trazidas por Renato das Cartas ou trazeres a associação de Schopenhauer com o budismo, a surpresa maior foi o tem encerramento, dando a entender que a Quarta-feira de cinza é algo da Igreja católica romana. Serve como mais um exemplo do domínio da religião hegemônica.
Uma abençoada quaresma (penso que esse período é todas as religiões cristãs).
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluira quaresma, como quadra litúrgica, é um período de preparação dos cristãos para as celebrações de morte e ressurreição de Cristo; iniciou como uma prática católica romana, mas é aceita e praticada por muitas outras denominações da Religião Cristã.
Bom tempo de preparação!