CHIII!
ANO 01 – Nº 330
Nesses tempos de férias, a inspiração anda escassa que nem minhoca em tempos de seca. Sabe como é, um passeio aqui, um sorvete ali, jantarzinho para cá e por aí afora. Parece que a bendita inspiração também resolve fazer o mesmo: tirar férias.
Mas ontem, quando me dirigia à farmácia para comprar o colírio que havia acabado, tive uma ideia interessante. De volta, corri ao escritório para registrá-la a fim de desenvolver uma reflexão sobre a mesma mais tarde. Tomei uma tirinha de papel e... alguém me chamou para mostrar algo que estava acontecendo na rua, diante do nosso edifício. Logo vieram os comentários e a Ana me convidou para darmos uma volta pela rua. Depois saímos para fazer um lanche, acompanhamos o jornal da TV e mais alguma programação e... estava na hora de dormir.
Acordei cedo e corri para o escritório a fim de desenvolver a ideia para a postagem de hoje. Passei o olho pela escrivaninha e... a tirinha de papel estava ali... em branco! Aí foi aquele desespero: a tirinha olhava para mim, eu olhava para a tirinha, levantava os olhos para o teto, para a direita, para a esquerda, para o chão e... nada!
De repente o meu celular sinalizou recebimento de SMS e... lembrei da ideia. Quando estava atravessando a rua enxerguei um homem caminhando pela calçada oposta, com os olhos fixos do celular. Estava tão concentrado que esbarrou com a cabeça no poste de iluminação da rua. Depois de passar a mão na testa e recuperar-se do susto, prosseguiu sua trajetória e eu, o caminho em direção á farmácia.
Fiquei pensando em como as tecnologias atuais de informação são capazes de nos tirar do mundo real. A informação virtual adquire um valor tão expressivo que é capaz de levar uma pessoa a bater com a cabeça num enorme poste de mais de oito metros de altura e não desvirar o olhar de um aparelhinho de poucas polegadas.
Parece que invertemos a ordem das coisas. Como dizia o meu pai, ‘a carreta está na frente dos bois!’. Aquilo que deveria ser um apoio ao existir do ser humano tornou-se o essencial ao ponto de lastimar o próprio corpo. O assessório tornou-se essencial. Só que no caso do homem da rua, o real não perdeu sua importância: fez um belíssimo galo na sua cabeça.
Distinguir o essencial do assessório não é uma tarefa natural: demanda uma decisão consciente que cada pessoa necessita tomar. Fazer distinção entre um SMS e um poste é ato de vontade. Determinar prioridades para o existir, quando se trata de pessoas, é fundamental para que a vida transcorra com menos dor de cabeça, ainda que seja de galos. Permitir que o virtual nos tome por inteiro, de tal sorte que percamos o destino, é uma irresponsabilidade com graves consequências.
Uma dica: antes de conferir a chegada de um SMS, dá uma olhadinha para frente!
Com votos de um ótimo sábado!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Bonhoeffer (106 anos)
Dietrich Bonhoeffer nasceu em Breslau a 4 de fevereiro de 1906 foi assassinado em Berlim a 9 de abril de 1945. Foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã antinazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista. Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco antes da morte do próprio Hitler. Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã antinazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que "É melhor fazer um mal do que ser mau". Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.[1] Na postagem deste blog, no dia 28 de abril de 2011 há um poema escrito por Bonhoeffer.
[1] DIETRICH BONHOEFFER. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dietrich_Bonhoeffer. Acesso em 4 fev 2012.
Meu caro mestre Garin,
ResponderExcluirgostei da metáfora a inspiração anda escassa que nem minhoca em tempos de seca.. Ainda hoje escrevia em me diário acerca da manhã de sábado: ‘estou que nem guri emparque de diversão. Jornais, revistas, livros, blogs... não sei onde começar!” Então recebo uma mensagem: Estou tão feliz que nem posso acreditar... terminei a dissertação!!! E sim... nesse momento, mas precisamente às 04h45 da manhã.... [...]Profe, estou mandando toda a dissertação, ainda sem formatação tá? Vou esperar que revises para que eu faça todas as alterações de uma vez só.
Sabe que vou fazer.... desligar-me da Web.
Releva fazer teu blogue depositário de meu estado sabático;
Um bom dia de férias.
attico chassot
Amigo Chassot,
ResponderExcluirse a gente não decide parar, acaba ficando doido, porque as demandas não param. A gente precisa de um tempo para fazer aquilo que 'quer fazer'.
Bom sábado, com descanso.
Garin