sábado, 21 de abril de 2012

Entre a faca e o punhal - ano 02, nº 405



ENTRE A FACA E O PUNHAL

ANO 02 – Nº 405

Parte significativa da missão da educação metodista envolve a inclusão. Trabalho numa instituição na qual a inclusão faz parte da visão e da missão educacional. Não é apenas por esse fato que valorizo esse aspecto das relações humanas: a inclusão de pessoas sempre fez parte da ideologia religiosa que abracei desde cedo. Sou professor num curso de mestrado que se chama Mestrado Interdisciplinar em Reabilitação e Inclusão e nesse semestre ministro a disciplina Estudos sobre a Inclusão Laboral e a Saúde do Trabalhador. Quando ocupava cargo de gestão, travei algumas batalhas com colaboradores no sentido de encontrar meios para que as metas de inclusão não fossem nunca diminuídas. Sempre orientei para que outras despesas fossem mexidas, mas que essa questão não sofresse revés. Por todos esses testemunhos é possível perceber como o tema da inclusão me é caro.

Entretanto, durante o I Diálogo Federativo Rumo à Rio+20 (postagem nº 404, de ontem), esse tema veio à baila numa das conferências. O estranho é que apareceu de uma forma que eu jamais esperava. Disse o conferencista que a inclusão social é uma das principais metas do Governo atual e que será perseguida com afinco e acrescentou: entretanto, a inclusão social traz consigo preocupações ligadas ao aumento do consumo de bens e serviços. Esse aumento da aquisição de bens faz girar a roda da produção que, por consequência, aumenta o comprometimento do meio ambiente pela emissão de poluentes.

Confesso que sempre olhei para a inclusão unicamente pelo lado positivo. Não imaginava que o fato de promover a situação pessoal de determinadas populações poderia ter, como consequência, aumento de emissões poluentes. O conferencista disse: quando as pessoas melhoram sua condição social logo pensam na aquisição de geladeiras, fogões, lavadoras, TVs, carros etc. e estão certos no que fazem. E acrescentou: porém isso tem um custo ambiental.

É claro que, no contexto do Diálogo, não havia qualquer intencionalidade de condenação, mas de levantar o tema pelo lado da necessidade de governantes e gestores considerarem esse viés na adoção de modelos distintos de produção e comercialização. O novo mundo possível necessita considerar modelos diferentes sem que seja necessário diminuir o acesso das populações emergentes aos recursos a que têm pleno direito. Que não seja essa a dificuldade que impeça as conquistas sociais de tanta gente que há muito foi colocada em segundo plano no acesso às comodidades característica de uma sociedade que se desenvolve gradativamente.

Com votos de um ótimo sábado!


DESTAQUE DO DIA

Morte de Pedro Abelardo (870 anos)

Pedro Abelardo nasceu em Le Pallet próximo de Nantes, Bretanha em 1079 e morreu em Chalons-sur-Saône a 21 de abril 1142. Foi um filósofo escolástico francês, um teólogo e grande lógico. É considerado um dos maiores e mais ousados pensadores do século XII. Ficou conhecido do público por sua vida pessoal e o relacionamento com Heloísa, de que fala em sua História das Minhas Calamidades. Na filosofia ocupa uma posição importante por ter formulado o conceitualismo, posição que não pertence propriamente nem ao idealismo, nem ao materialismo. A obra principal de Abelardo, chamada Dialética, inspirada no pensamento de Boécio foi a obra de lógica mais influente até o final do século XIII em Roma, onde foi usada como manual escolar, já que a lógica era ministrada como parte do trivium, fornecendo aos estudantes os argumentos e armas para às disputas metafísicas e teológicas.

Abelardo, desde as primeiras dificuldades em Paris, mostrou-se sempre rebelde tendo até sido vítima de uma castração por causa do seu envolvimento amoroso com Heloísa, sobrinha do cônego Fulberto. Depois disso, Heloísa entrou para um convento e Abelardo, para um mosteiro. A partir desse período, trocaram cartas regularmente. Do relacionamento entre os dois nasceu um filho, Astrolábio. Abelardo foi condenado duas vezes, uma no Concílio de Soissons no ano de 1121, a que respondeu, como forma de desafio, fundando um oratório dedicado ao Espírito Santo (Oratório do Paracleto), e depois no Concilio de Sens em 1141 devido a pressões de São Bernardo de Claraval, com quem se envolvera em polêmica. Poucos meses mais tarde morria no Priorado de Saint-Marcel (Chalons-sur-Saône).[1]


[1] PEDRO ABELARDO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Abelardo. Acesso em 20 abr 2012.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega & amigo Garin,
    Quando lia teu filosofares averts da visao metodista de inclusao minivans um comentario!
    Mas, chegado a Pedro Abelardo disse-me: cesse tudo e rendamos homenagem a um marttir da intolerancia religious.
    referendum aqui Prdro Abelardo,
    Attico chassot

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    1. Amigo Atico,
      não resta a menor dúvida de que Pedro Abelardo tem uma mensagem rica de testemunho de vida: não se conformava ao status quo estabelecido e soube viver seu amor.
      Um abraço,
      Garin

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