quinta-feira, 31 de maio de 2012

A coisa certa - ANO 02 – Nº 445


A COISA CERTA

Hoje estou convidando os leitores e leitoras deste blog a refletir sobre uma parte da obra de Aristóteles (384 a.C. – 367 a.C.) quando se refere à ética. Vamos ao texto:

O prazer ou a dor que sobrevêm aos atos devem ser tomados como sinais indicativos de nossas disposições morais. Com efeito, o homem que se abstém dos prazeres do corpo e se alegra com a própria abstenção é temperante; em contraste, o homem que se aborrece com isso é intemperante; e quem enfrenta coisas temíveis e sente prazer em fazê-lo, ou, pelo menos, não sofre com isso, é corajoso, ao passo que o homem que sofre quando enfrenta coisas temíveis é covarde. Com efeito, a excelência moral relaciona-se com prazer e sofrimento; é por causa do prazer que praticamos más ações, e por causa do sofrimento que deixamos de praticar ações nobres. Por isso, como diz Platão, deveríamos ser educados desde a infância de maneira a nos deleitarmos e de sofrermos com as coisas certas; assim deve ser a educação correta.[1]

Evidentemente, que ao tempo de Aristóteles, a preocupação ética maior era encontrar a maneira correta de alcançar a virtude. Considerando o contexto belicoso e o cenário político, buscavam-se formas e posturas que correspondessem ao ideal de ser humano virtuoso.

Deixando de lado esse contexto, o pensamento do Filósofo nos conduz a refletir sobre o contexto contemporâneo e os desafios éticos do nosso tempo no que diz respeito à postura política e a perseguição daquilo que o ser humano atual considera ‘virtuoso’. Se tivéssemos que responder agora qual é a educação correta, qual seria nossa reação? Um momento para refletir sobre os tempos contemporâneos de moralidade líquida.

Votos de um boa quinta-feira!
DESTAQUE DO DIA

Dia mundial de luta contra o tabaco

A palavra "tabaco" originou-se do termo taino tabaco, que designava o tubo em forma de "y" com que estes índios fumavam a erva. O seu nome científico, Nicotiana foi dado em homenagem ao embaixador francês em Portugal Jean Nicot, o introdutor da planta na França. No entanto a palavra árabe tabbaq já era usada, no século IX, como nome de várias plantas. O tabaco foi trazido para a Europa, aonde se veio a tornar muito popular, pelos espanhóis no início do século XVI. Antes disso era apenas encontrado na América, onde já era usado pelo nativos americanos. Era mascado, ou então aspirado sob a forma de rapé (depois de secar as suas folhas). Em 1561, Jean Nicot aspirava-o moído (rapé) e percebeu que ele aliviava suas enxaquecas. Desta forma, nesse ano, enviou sementes e pó de tabaco para França, para que a rainha Catarina de Médicis, o experimentasse no combate às suas enxaquecas. Com o sucesso deste tratamento, o uso do rapé começou a se popularizar. O corsário Sir Francis Drake foi o responsável pela introdução do tabaco em Inglaterra em 1585, mas o uso de cachimbo só se generalizou graças a outro navegador, sir Walter Raleigh.[2] Hoje, no entanto, sabe-se que o tabaco causa inúmeros prejuízos à saúde humana sendo combatido em quase todas as partes do mundo.

Hoje é o dia dedicado ao combate ao uso do tabaco nas suas formas mais distintas, cigarro, charuto, cachimbo etc. É um momento de alerta para todas as pessoas.


[1] ARISTÓTOLES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2001, p.43.
[2] TABACO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco. Acesso em 31 maio 2012.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que quereis? - ANO 02 – Nº 444


O QUE QUEREIS?

A ansiedade comum na era contemporânea, especialmente para quem habita as grandes cidades, tem levado as pessoas a se adiantarem em muitas coisas. Uma dessas é tentar descobrir o que os outros estão necessitando, o que estão desejando, que sonhos estariam sonhando. Como as instituições e empresas são feitas de pessoas esse fato também se repete. Isso é possível perceber nas peças publicitárias, nos anúncios de comunicação nos mais diferentes meios, como rádio, outdoor, internet, TV etc. Nossa ansiedade não nos permite esperar que sejamos informados sobre as reais necessidades que nos rodeia.

Alguns anos atrás uma igreja realizou uma grande campanha evangelística em um país da América Latina com um slogan que foi disseminado por todo o país. Nessa ocasião, esse slogan foi pichado no muro de um terreno baldio: “Cristo é a única resposta!”. Dias depois alguém, passando por aquele lugar escreveu embaixo: “Porém, qual é a questão?”. Isso ilustra boa parte da nossa ansiedade em adivinhar o que os outros vão querer antes mesmo de ouvi-los. Não temos tempo para escutar os outros.

Certa vez, enquanto subia para Jerusalém, dois discípulos de Jesus anunciou-lhe que ele e um colega queriam lhe fazer um pedido. A resposta que recebeu foi outra pergunta: “Que quereis que vos faça?”. A atitude de Jesus, nesse contexto, deveria ser paradigma para as atitudes que devemos tomar em relação ao nosso entorno: antes de oferecer alguma coisa, questionar sobre qual é mesmo o pedido.

Na maioria das vezes, nossa ansiedade induz a errar feio na resposta. Pensamos que os outros têm uma necessidade, mas é importante entender o que o outro percebe como sua necessidade. Pode ser muito diferente da nossa percepção, mas será a necessidade que ele está sentindo. É fundamental evitar que nossa ansiedade tolha a autonomia do outro na interação social de cada dia.

Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de
 Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos
concedas o que te vamos pedir. E ele lhes perguntou:
Que quereis que vos faça? (Mc 10.35-36)

Votos de uma ótima quarta-feira!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Voltaire (234 anos)

François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire nasceu em Paris a 21 de novembro de 1694 e morreu na mesma cidade a 30 de maio de 1778. Foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.[1]


[1] VOLTAIRE. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire. Acesso em 30 maio 2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Criacionismo - ANO 02 – Nº 443


CRIACIONISMO

Nossa aula de ontem na Universidade do Adulto Maior do IPA, na disciplina de Enfoque Socioantropológico do Envelhecimento deveria ser sobre o tema da Maturidade na visão de pensadores clássicos e contemporâneos. Entretanto, quando cheguei à aula, o pessoal queria debater outro assunto. Um dos alunos havia trazido um recorte de papel sobre as concepções atuais a respeito do surgimento do ser humano.

Evidentemente que o jornal trazia um elenco das principais concepções contemporâneas sobre o assunto, mas nos concentramos nas duas que mais dividem as opiniões: o criacionismo e o evolucionismo. Como é do conhecimento da maioria, a primeira demanda de concepções teológicas e a segunda, da biologia.

Nossa conversa girou em torno da radicalidade das concepções. Quando os defensores falam do criacionismo se reportam à narrativa registrada no primeiro livro da Bíblia sobre o mito etiológico da formação do universo, do planeta, do dia e da noite e, também do ser humano. Trata-se de uma narrativa de conteúdo teológico aceito por religiões de origem semita, que remete o início de tudo a um Deus fundador de todas as coisas.

Por outro lado, os defensores do evolucionismo se reportam à teoria desenvolvida por Charles Darwin que, a partir de observações realizadas na natureza desenvolveu a concepção de que as espécies são resultados de uma seleção natural. Características genéticas que favorecem a sobrevivência de uma população são preservadas e evoluem enquanto que características que atrapalham sua permanência tornam-se mais raras até desaparecer.

O debate da aula se concentrou na forma como chegamos a essas duas percepções de conhecimento: a teológica e a científica. Embora ambas convivam contemporaneamente, como se fossem chaves, cada uma abre uma porta diferente do mesmo assunto. Apesar do muito esforço, os cientistas não conseguem acessar o criacionismo porque sua chave não abre e fechadura da fé, pois se preocupa prioritariamente com o ‘como’ os fenômenos se desenvolvem. Da mesma forma os teólogos, debatendo e buscando compreender o evolucionismo, esbarram nas teorias das ciências da natureza porque sua chave abre a fechadura do ‘o quê’ sobre os fenômenos.

O teólogo fala sobre no quê acredita e o cientista aborda a maneira como o fenômeno se desenvolve. Como são pontos de partidas distintos não têm como comprovar, com sua chave de conhecimento, a concepção do outro. Ambos se debruçam sobre um mesmo tema, mas por ângulos diferentes.

Entretanto, um teólogo pode ser cientista e desenvolver seu conhecimento sem negar suas crenças na mesma medida em que um cientista pode ser crente desde que não permita que suas convicções religiosas interfiram em sua observação objetiva. De uma forma simples foi assim que concluímos nossa aula de ontem.

Com votos de uma ótima terça-feira!
DESTAQUE DO DIA

Queda de Constantinopla (559 anos)

Denomina-se queda de Constantinopla a conquista da capital bizantina pelo Império Otomano sob o comando do sultão Maomé II, na terça-feira, 29 de maio de 1453. Isto marcou não apenas a destruição final do Império Romano do Oriente, e a morte de Constantino XI, o último imperador bizantino, mas também a estratégica conquista crucial para o domínio otomano sobre o Mediterrâneo oriental e os Bálcãs. A cidade de Constantinopla permaneceu capital do Império Otomano até a dissolução do império em 1922, e foi oficialmente renomeada Istambul pela República da Turquia em 1930.

A queda de Constantinopla para os turcos otomanos foi um evento histórico que segundo alguns historiadores marcou o fim da Idade Média na Europa, e também decretou o fim do último vestígio do Império Bizantino. Constantinopla (em latim: Constantinopolis; em grego: Κωνσταντινούπολη) é o antigo nome da cidade de Istambul, na atual Turquia. O nome original era Bizâncio (do grego Bυζαντιον, transliterado em Bizâncio). O nome da cidade era uma referência ao imperador romano Constantino I, que tornou esta cidade a capital do Império Romano em 11 de maio de 330.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Movimento e instituição - ANO 02 – Nº 442


MOVIMENTO E INSTITUIÇÃO

Participei recentemente de uma conferência sobre a evolução que acontece na sociedade humana. Podem-se observar como determinados movimento sociais de reivindicação e alguns até de agitação maior evoluem para sua segmentação através de regulamentos e normativas.

Foto 1
A fase de movimento catalisa paixões e idealismos que mantém acesa a chama do envolvimento das pessoas. Nesse período, os participantes de determinadas marchas são capazes de entregar suas vidas pelas bandeiras ideológicas que desfraldam. O grupo cresce porque encontra outros desiludidos com a situação social na qual se encontram mergulhados. O movimento tem seus líderes, fazem passeadas, proferem-se discursos inflamados, em alguns casos há utilização de armas (revoltosos) e se agiganta espalhando-se por diversas regiões. Há contradições, acontecem repressões violentas, prisões e mortes, muitas vezes. Quem está na governança da situação acusa o movimento de insurreição e, com medo de perder o espaço, tenta sufocar por todas as maneiras.

Dependendo da sustentação ideológica, podem se estender por anos afio. Entretanto, com o passar do tempo, ao se realizarem as conquistas, muitas vezes deturpadas por seus respectivos líderes, o movimento tende a se aplacar através de cerceamentos institucionais. Criam-se normativas e regulamentações para definir quem está e quem não está a favor do movimento, o que pode e o que não pode ser dito. Dessa forma, o ardor e a paixão do movimento vão dando lugar às diretrizes e leis e cresce a instituição que, por diversos estratagemas, tenta preservar a ‘pureza’ ideológica do movimento.

A próxima etapa é a da divisão. Sempre existem aqueles que não concordam com os novos rumos e se apartam criando um novo movimento que tenta restaurar as antigas bandeiras ideológicas que, por terem se alterado os contextos históricos, se mostram inadequadas. Nessa fase aparecem nomes tais como “o autêntico...”, “o original...”, “o verdadeiro...” etc. As tentativas de se retornar aos inícios são completamente infrutíferas, pois o tempo já passou.

A instituição se fortalece, estratificam-se as normas. As novas gerações que não participaram das lutas originais não conseguem perceber o valor e o preço do que tudo aquilo custou às antigas gerações que deram suas lágrimas e seu sangue, tendem a menosprezar novo status quo. Infelizmente, a maior parte dessas instituições acaba cometendo deslizes muito semelhantes aqueles contra os quais as antigas gerações ergueram suas bandeiras.

Ou a instituição se reformula completamente ou nascem novos movimentos para deitar abaixo tudo aquilo e se erguer uma nova concepção. Parece que essa é, simplificadamente, a trajetória de quase todas as organizações sociais.

Com votos de uma boa semana!


Foto 1: disponível em http://veja.abril.com.br/assets/images/2011/7/42636/protesto-kuala-lumpur-20110709-size-598.jpg?1310226870. Acesso em 28 maio 2012.

domingo, 27 de maio de 2012

Será mágico - ANO 02 – Nº 441


SERÁ MÁGICO

Conversando com uma pessoa, semana passada, ela usou uma expressão que sintetiza boa parte dos nossos desejos. Disse ela: “seria tão bom se as nossas dificuldades pudessem ser resolvidas de forma mágica!” De fato, nosso pensamento vagueia, seguidamente, buscando soluções rápidas, fáceis e eficientes para situações pessoais e coletivas. São as nossas visões. Caso não as tivéssemos, nossas vidas seriam muito pobres.

O profeta Isaías teve uma visão, certa vez, a respeito de Jerusalém. Nela, o profeta percebia todos os povos, caminhando em direção à cidade santa. Era uma caminhada pacífica, na qual as nações abriam mão da guerra. Suas armas de combate seriam convertidas em instrumentos de trabalho. Os povos que participavam desta caminhada faziam um pacto de não violência. As invasões e agressões seriam suspensas e todos andariam na “luz do Senhor”.

Na profecia de Isaías, o apelo era na direção da construção de um mundo de paz. A visão era uma antecipação daquilo que deveria acontecer com as nações que assumiam o pacto. Não se tratava de uma ‘paz mágica’. Deveria ser construída com relhas de arado e podadeiras. Pressupunha o aparelhamento das pessoas e nações para uma atividade produtiva.

Seguidamente temos visões. Muitas delas inúteis porque desejam soluções fáceis e mágicas. Necessitamos transformar nossas visões em elementos de esperança para a edificação de um tempo novo. Um tempo sem violência, sem guerras e com oportunidade de trabalho e produção para todas as pessoas que desejarem. Precisamos converter os equipamentos de guerra e violência, em instrumentos de trabalho.

Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações;
estas converterão as suas espadas em relhas de
arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação
não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra. (Is 2.4)
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de ibn Khaldun (680 anos)

Abu Zayd 'Abd al-Rahman ibn Muhammad ibn Khaldun al-Hadrami  ou Ibn Khaldun nasceu em Túnis a 27 de Maio de 1332/ah732 e morreu no  Cairo a 17 de Março de 1406/ah808. Foi um polímata árabe — astrônomo, economista, historiador, jurista islâmico, advogado islâmico, erudito islâmico, teólogo islâmico, hafiz, matemático, estrategista militar, nutricionista, filósofo, cientista social e estadista. Ele é considerado um precursor de várias disciplinas científicas sociais: demografia, história cultural, historiografia, filosofia da história, e sociologia. Ele também é considerado um dos precursores da moderna economia, ao lado do antigo erudito indiano Chanakya. Ibn Khaldun é considerado por muitos como o pai de várias destas disciplinas e das ciências sociais em geral, por ter antecipado muitos elementos dessas disciplinas séculos antes de terem sido fundadas no Ocidente. É mais conhecido por seu Muqaddimah (conhecido como Prolegômenos no Ocidente), o primeiro volume de seu livro sobre a história universal, Kitab al-Ibar.[1]


[1] IBN KHALDUN. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ibn_Khaldun. Acesso em 27 maio 2012.

sábado, 26 de maio de 2012

Sociedade mítica - ANO 02 – Nº 440


SOCIEDADE MÍTICA

Será que os tempos contemporâneos penetraram de fato no conhecimento científico? Vivemos o tempo da racionalidade? Nossos conhecimentos estão embasados em comprovações irrefutáveis? Entendo que essas questões não possuem uma resposta simples e fácil até porque não temos o distanciamento suficiente para analisar cuidadosamente os fatos contemporâneos?

Há uma porção de questões enfatizadas pelas mídias contemporâneas que se mostram como desafio de questionamentos para nós. O sucesso, a realização financeira, o aquecimento global, o derretimento da calota polar, o avanço da medicina, a globalização como saída, a existência de um Ser Superior, o conhecimento coletivo, a intersubjetividade, a pesquisa científica são todas questões dadas como certas ou parte do seu conteúdo pertencem à dimensão mitológica?

Pois é, há sempre muitas dúvidas que nos acompanham no dia-a-dia. Covido vocês para um debate, hoje sobre alguns desses temas no Café Filosófico:



DESTAQUE DO DIA

Morte de Baumgarten (298 anos)

Alexander Gottlieb Baumgarten nasceu em Berlim a 17 de julho de 1714 e morreu em Frankfurt an der Oder a 26 de maio de 1762. Foi um filósofo alemão. Estudou na Universidade de Halle. Em 1740 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Franfurt-an-der-Oder, onde permaneceu por 22 anos, falecendo relativamente cedo. O primeiro curso de estética o ministrou em 1742 naquela universidade.

Baumgarten era adepto de Christian Wolff e de Gottfried Leibniz. Em seu trabalho Meditações Filosóficas Sobre a Questões da Obra Poética (1735) introduziu pela primeira vez o termo "estética", com o qual designou a ciência que trata do conhecimento sensorial que chega à apreensão do belo e se expressa nas imagens da arte, em contraposição à lógica como ciência do saber cognitivo. Aos problemas do conhecimento sensorial consagrou seu trabalho inacabado Estética (t. I, 1750; t. II, 1758). Baumgarten não é o fundador da estética como ciência, mas o termo por ele introduzido no campo filosófico respondia às necessidades da investigação nesta esfera do saber, e alcançou ampla difusão. Enquadrou-se no esquema filosófico de Wolff, o ordenador didático do pensamento de Leibniz. Na divisão dos temas, inicia claramente pela gnosiologia, para depois derivar para a metafísica e física, por último para a ética.[1]


[1] ALEXANDER GOTTLIEB BAUMGARTEN. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Gottlieb_Baumgarten. Acesso em 26 maio 2012.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A costureira - ANO 02 – Nº 439


A COSTUREIRA


Ficava guardada junto à parede interna da sala de visitas. Era uma máquina de costura tocada a pedal, da marca Sigma. Dela, mamãe retirava as peças mais incríveis que vestiam a todos nós. Quando se sentava à máquina de costura mamãe se desligava do mundo. Era capaz de se concentrar de tal forma que a casa podia cair e ela continuava ali, juntando as partes, montando camisas, calções, saias, casaquinhos etc. Às vezes ela desmontava uma peça de roupas só para descobrir como tinha sido cortada. Fazia os moldes nas peças novas e recosturava tudo novamente.

Certa vez, toda a família andava com roupas muito remendadas. Papai vendeu um carneiro e comprou uma peça de fazenda. Mamãe fez roupas para todos nós daquele mesmo tecido. Eu ganhei uma bombacha que só era usada nos domingos para não gastar demais a roupa nova. Lá na roça, não havia esse cuidado para que as pessoas não estivessem vestidas com roupas das mesmas padronagens. O importante era estar vestido e com roupas limpas.

Nesse Dia da Costureira quero fazer a minha homenagem póstuma à mamãe, a minha costureira preferida, que além de todas as demais tarefas, que incluía lavrar a terra com arado puxado por uma junta de bois, dedicava-se a cuidar de nossa roupa.

As mulheres rurais aqui do Rio Grande do Sul, na década de 1950/60 se desdobravam em múltiplas funções, nada comparadas à multiplicidade de funções de uma mulher urbana atual. Não desmerecendo as mulheres de agora, com suas profissões e atividades domésticas, as mulheres da roça, daquela época, eram heroínas multifuncionais.

Homenagem a todas as costureiras!
DESTAQUE DO DIA

Dia da Costureira

Costureira(o) é a profissional que opera máquinas de costura convencionais e especiais, sendo que quando exímio em todas as máquinas e operações passa a fazer peças piloto (Piloteira). No passado recente era denominada de Modista. Esta profissão englobava o que temos hoje por costureira, Estilista, Modelista e Cortador. Convencionalmente, máquinas de costura entrelaçam grupos de fios entre si e o substrato a ser costurado. Conforme este entrelaçamento é entendida em seis classes de ponto (a sétima é para pontos manuais), mas hoje temos máquinas de costura que fundem o substrato através de ultrassom de modo que não usa nem agulha ou linha. Noutro aspecto são consideradas máquinas especiais qualquer uma que seja diferente das de ponto 301 (reta convencional).[1]

[1] COSTUREIRO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Costureira. Acesso em 25 maio 2012.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Primeiros retratos - ANO 02 – Nº 438


PRIMEIROS RETRATOS

Quando levanto, todas as manhãs, para fazer o chimarrão, uma das primeiras ações ao chegar à sala é acender a luz. Acontece que o interruptor está localizado acima de um balcão sobre o qual minha esposa dispôs as fotografias de família. Ali estão fotos dos filhos, cunhados, afilhados, as nossas, entre outras. Dessa forma uma das primeiras coisas que faço é cumprimentar, mentalmente, todo o pessoal representado naquelas imagens.

Sei que naqueles retratos está registrado apenas um momento de suas vidas, mas é como se houvesse uma reunião de família. Cada uma daquelas imagens evoca uma vida carregada da complexidade que representa o existir, na atualidade. As imagens estão paradas, estratificadas pelo ‘instantâneo’ de um momento, mas suas vidas evoluíram, tanto cronologicamente como em suas experiências. Ao olhá-las desfiguradas pelo lusco fusco da madrugada, penso em suas experiências vitais de agora: sonhos, frustrações, esperanças, projetos, realizações etc.

Como se fosse um oratório, carrego-os no coração pedindo que seja mais um dia de realizações e alegrias para cada um deles. Que seja mais um dia no qual o sofrimento e a dor não lhes venham visitar. Que possa receber uma notícia boa sobre o viver de cada um.

Os tempos atuais não permitem realizar aquelas grandes reuniões familiares de antigamente. Cada um deles está num canto diferente. Não existe agenda capaz de suportar um encontro, num lugar, num mesmo dia. Eu me conformo com a reunião que consigo realizar naquele canto da casa. Dessa forma posso visitá-los todos os dias e recordar suas falas, seus andares, suas reações, enfim, suas formas distintas de ser.

Pois é, já faz quase meia hora que estive com todos: que cada um possa tocar normalmente a sua vida hoje: continuarão reunidos no coração todo o dia.

Votos de uma ótima quinta-feira!
DESTAQUE DO DIA

Experiência Religiosa do Coração Aquecido (277 anos)

O dia 24 de maio é marcante para os metodistas de todo o mundo. Foi nessa data que John Wesley teve uma de suas experiências religiosas marcantes, chamada de “A experiência do coração aquecido”. Em seu diário, Wesley registrou o seguinte: “À noite, fui sem grande vontade a uma reunião na Rua Aldersgate, onde alguém lia o prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele descrevia a mudança que Deus realiza no coração pela fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a salvação; e uma segurança foi-me dada, de que Ele havia perdoado os meus pecados, sim os meus pecados, e salvou-me da lei do pecado e da morte”.

Para muitos, essa experiência é considerada uma conversão religiosa que o levou a se dedicar com mais empenho ao estabelecimento de uma experiência religiosa comprometida com as pessoas, tanto na dimensão da espiritualidade quanto do envolvimento social.  

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Escancarada - ANO 02 – Nº 437


ESCANCARADA

Tomei o ônibus na estação mais próxima da minha casa. Precisava chegar ao centro da cidade para realizar algumas compras. Aqui no bairro a gente não encontra certos ingredientes, ou quando encontra, são muito caros. Como estivesse lotado, preferi ficar em pé antes de passar pela roleta.

Sentada em uma poltrona muito próxima de onde eu estava, viajava uma senhora portando uma pasta grande, com várias divisões. Desde a minha entrada, notei que ela falava ao celular. Conforme a viagem foi avançando ia conversando com a atendente de um banco. Por diversas vezes ela repetia o desejo de trocar os seus dados no cadastro da instituição. Ela morava antigamente em um bairro da zona norte e queria receber os extratos bancários noutro endereço para o qual havia se mudado recentemente. Conforme a atendente perguntava ela fornecia seus dados pessoais como endereço, número de CPF, identidade, número do PIS, nome da mãe etc. À medida que a conversa se prolongava ela abria uma e outra parte da sua pasta de onde tomava os diferentes documentos para informar os dados pelo telefone. O impressionante é que todos os passageiros do ônibus, quem sabe uns cinquenta, também acompanharam todas as informações que se prolongaram por uns vinte e cinco minutos.

Muito se tem falado sobre segurança e, especialmente, segurança de dados pessoais. Sei que, com o advento da internet, manter sigilo sobre essas informações é uma coisa difícil. Eu mesmo recebo propaganda de produtos que servem direitinho em mim como se fossem uma luva, Prêt à Porter. Entretanto, escancarar os dados dentro de um lotado ônibus urbano representa um risco elevado.

Quando reclamamos da falta de segurança nos reportamos a um direito público que temos. Não há como negar que os aparatos de segurança disponíveis são insuficientes. Entretanto, há um quinhão de segurança que depende exclusivamente de nós, pessoalmente. A maneira como nos expomos, na internet, num caixa eletrônico, ou dentro de um ônibus, pode facilitar a ação de quem está à espreita para roubar ou até para um assalto. Boa parte da segurança depende da própria pessoa. A exposição pública, realizada em altos brados ao celular, além de ser o convite para um estelionatário, representa uma desconsideração para com os demais passageiros.

Votos de uma quarta-feira de trabalho e de realizações!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Silvio Caldas (104 anos)

Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas nasceu no Rio de Janeiro a 23 de maio de 1908 e morreu em Atibaia a 3 de fevereiro de 1998. Foi um cantor e compositor brasileiro. Seu primeiro sucesso foi o samba de Ari Barroso intitulado Faceira (1931). Desde então, consagrou-se como um dos maiores cantores brasileiros. Chão de estrelas (1937), em parceria com Orestes Barbosa, foi um de seus maiores êxitos. Dono de timbre inconfundível, que lhe valeu a fama de grande seresteiro, é conhecido também por alcunhas carinhosas, como Caboclinho querido, A voz morena da cidade ou Titio.[1]


[1] SILVIO CALDAS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADlvio_Caldas. Acesso em 23 maio 2012.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ética na justiça - ANO 02 – Nº 436


ÉTICA NA JUSTIÇA

Sabem aqueles dias em que a gente está inquieto sem saber de onde vem a ansiedade? Pois é, ontem foi um dia assim. Aparentemente não havia motivos. A semana estava iniciando bem, tranquila, mas eu não estava conformado.

Foi nesse estado que fui para a aula de Ética na turma das licenciaturas. Estavam programados dois seminários apresentados por grupos de acadêmicos. O tema era Ética e Justiça abordando a ética na Constituição e nas leis.

Acho que era isso que estava fazendo falta para o meu dia. À medida que os grupos começaram a apresentar o trabalho fui me acalmando e percebendo que o trabalho que a gente desenvolve sempre tem resultados, e resultados surpreendentes.

Partindo de fatos concretos, acontecidos recentemente, os grupos confrontaram artigos da Constituição e leis do código civil com a postura ética dos atores  humanos. Conforme o trabalho se desenrolava a turma se dava conta de que não são necessárias novas leis, mas a observação delas na prática cotidiana. Com relação a isso não há novidade e nem era necessário um seminário para se chegar a tal conclusão. O que chamou a atenção foi a descoberta por todos sobre a facilidade como tangenciamos a Constituição e as leis quando a situação toca a nossa vida pessoal. A tentativa de justificar atitudes e reações individuais parece entranhada na cultura. Dar um jeitinho, encontrar desculpas, buscar argumentos parece sempre estar em ordem  quando se trata de livrar a nossa ‘cara’.

Bonito foi acompanhar como o pessoal construiu o caminho na direção de que não adianta apontar o dedo para o político, para o juiz, para o parlamentar quando se está acostumado a olhar para a direita e para a esquerda e, se não houver fiscal de trânsito por perto, avançar o sinal vermelho.

É. Estava faltando uma aula na ansiedade do meu dia!

Votos de uma boa terça-feira!
DESTAQUE DO DIA

Dia Internacional da Biodiversidade

Biodiversidade ou diversidade biológica é a diversidade da natureza viva. Desde 1986, o conceito tem adquirido largo uso entre biólogos, ambientalistas, líderes políticos e cidadãos informados no mundo todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção, observado nas últimas décadas do século XX.

Pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida. A biodiversidade varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados.

Refere-se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.[1]


[1] BIODIVERSIDADE. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade. Acesso em 22 maio 2012.