quinta-feira, 30 de junho de 2011

Oικουμενη



Costumo fazer passeios de bicicleta, um antigo costume que cultivo com muita alegria. Durante a juventude cheguei a fazer pequenas viagens. Em 1967, por estradas secundarias, de chão batido, meu irmão Gilberto e eu fomos e voltamos de Cachoeira do Sul à Venâncio Aires. O trajeto envolvia uma distância de 130 km.
Um dia desses, montei minha bicicleta e fui visitar o Parque da Guarita, em Torres, RS. O local é muito belo e cenário para algumas centenas de fotografias da minha câmera. Entre todas, separei essa que capturei quando já estava indo embora. Junto a uma pequena pinguela, construída sob a inspiração do ambientalista José Lutzemberger, encontra-se esta placa com o lema do excursionista: “Não levar nada além de fotos; não deixar nada além de pegadas; não matar nada além de tempo.” Confesso que foi a primeira vez que li essas expressões. Apesar de fazer visitas freqüentes ao Parque, nunca havia parado para ler o que estava escrito.
Esse lema deveria ser, não apenas dos excursionistas, mas de todas as pessoas que habitam a oikoumene[1]. O ser humano anda mal acostumado ao imaginar que os recursos naturais são exclusivos para apenas uma geração. Pior ainda, que são eternos. Nossa consumista forma de viver tem disseminado a ideia de que podemos gastar tudo que estiver ao nosso alcance. Nosso ‘eu’ está em primeiro lugar e todos os demais recursos estão aí para serem consumidos no curto espaço de nossa vida. Jamais esqueço uma história contada por Lutzemberger, num seminário sobre meio ambiente realizado no Clube Comercial de Passo Fundo em 1973. Disse ele, que conheceu um mestre budista, que todos os dias ia à fonte buscar água para o seu consumo. Mergulhava seu pote na fonte e o enchia até a borda. Voltava-se para fonte outra vez e derramava um pouco da água que havia recolhido. Questionado sobre o significado dessa atitude, respondia: “é para que outras pessoas, que vierem depois de mim, também encontrem água na fonte”.
Confesso que até mesmo um papel de balas, que alguém joga sobre a calçada à minha frente, me agride. Caso pudéssemos imaginar o caminho que as nossas sobras percorrem, depois que as abandonamos nas cidades e campos, sentiríamos vergonha de tal irresponsabilidade.
Por que será que nosso desejo é sempre retirar do ambiente aquilo que é mais valioso para a sua sustentabilidade? Por que será que nossa preguiça é tão grande, que não temos o cuidado de descartar nossos dejetos nos recipientes apropriados? Por que será que nosso ímpeto de defesa é sair matando outros animais (e plantas) com medo de que nossa espécie seja ameaçada? Acho que deveríamos todos nos considerar ‘excursionistas’ dessa velha oikoumene que tão bem nos acolhe em sua casa.


[1] Oikoumene termo grego que significa toda a terra habitada.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

NOVENTA DIAS


Preciso compartilhar um blog diferente de todos os postados até aqui. Hoje está fazendo noventa dias que criei este blog e o coloquei online. Acho que devo a vocês que me lêem, um pouco da história dessa iniciativa. Há muito idealizei criar um canal de comunicação que tivesse o perfil da interatividade. Em 2006, até comecei algo experimental. Não consegui ir além do design inicial, ficou parado antes de gatinhar.
Dessa vez foi diferente. No início do semestre, passei a compartilhar o Seminário sobre História e Filosofia da Ciência, no Mestrado de Reabilitação e Inclusão do IPA, com o colega Prof. Attico Chassot, que já ministra esse Seminário há vários semestres. Inspirado na sua experiência e estimulado por ele (meu leitor e comentarista diário), iniciei a minha trajetória.
Desde o nascedouro, o propósito foi compartilhar e refletir sobre idéias e convivências. Trata-se de um blog com perfil literário e tem sido motivo de muita satisfação para mim. Nesses três meses inseri noventa e sete postagens para as quais conto com vinte e dois seguidores públicos e, às dezenove horas e sete minutos de ontem, tinha recebido três mil, trezentos e dezenove acessos. São esses números que me estimulam nessa missão diária de postar alguma coisa que faça sentido (às vezes nem tanto) para que os leitores(as) possam encontras, desde o início da manhã, um texto leve, mas que tenha algum conteúdo. Confesso que a tarefa de postar diariamente não é simples. Por outro lado, é desafiador e confere responsabilidade.
A cada dia que preparo a postagem tento imaginar quem são os meus leitores(as). Dos seguidores públicos, conheço suas fotografias e, de alguns, os perfis. Entretanto, da maioria, apenas carrego um ponto de interrogação. Como busco escrever para todos(as), procuro me esforçar para que as decepções sejam mínimas e, que haja o maior número de satisfações.
No canto superior direito está reservado o espaço para a tradução da página. Logo abaixo, posto uma fotografia que é substituída semanalmente. Sua função é dizer, através de uma imagem, um conteúdo inspirador, uma reflexão, uma mensagem. Na sequência, aparecem os espaços para pesquisa, inscrição de seguidores e a listagem dos arquivos. Na lateral direita coloco o meu perfil, o contador de visualizações, alguns dos livros que estou lendo e a indicação de bibliografia. Outra decisão que tomei foi de ilustrar as postagens com uma fotografia de minha autoria ou retirada de outras publicações. Ocasionalmente posto um vídeo.
Sobretudo, a intenção do blog de hoje é agradecer a todas as pessoas que me acessaram, que leram as postagens, que comentaram os assuntos aqui colocados:
MUITO OBRIGADO!

terça-feira, 28 de junho de 2011

NADA [2]

O relógio marcava 5h48min quando abri o blog para verificar se o agendamento que havia planejado tinha funcionado conforme o previsto. Tive uma surpresa: meu colega e amigo Prof. Attico Chassot [http://mestrechassot.blogspot.com/] já havia postado seu comentário às 4h40min. A surpresa foi maior quando o comentário que fez incluía uma pequena expressão: “Fizeste do nada um tudo.” Quando a gente escreve não faz ideia de como será a leitura que as pessoas irão realizar sobre aquilo que escrevemos. Mas essa expressão, adicionada de um e-mail que recebi de outro colega e amigo, o Prof. Carlos Augusto Normann, acabaram por provocar uma reflexão adicional.
O ‘nada’, que traz como definição de substantivo masculino: “a negação da existência, a não-existência; o que não existe; o vazio”[1], possui, de fato, um conteúdo bastante consistente. Quase sempre, quando dito por uma pessoa afetivamente muito próxima, quer dizer uma imensidade de coisas. Normalmente simula sentimentos ocultos, cujo sujeito não deseja expor para evitar uma quebra de relações. Um ‘nada’, dito no meio de uma conversa corriqueira, entre amigos, pode ter o sabor de uma desistência, ou sinalizar uma decisão radical de ir à busca de novos caminhos para argumentos mais consistentes. No meio de uma reunião de trabalho, um ‘nada’, seguidamente acompanhado de um ‘não’, pode expressar uma expectativa frustrada sobre o desenrolar dos acontecimentos etc.
Pois é, longe de significar “a não-existência”, do dicionário, o ‘nada’ em uma conversa coloquial é repleto de significados que merecem ser entendidos. Uma observação mais cuidadosa da atitude corporal de quem o pronuncia, ou da reação dos interlocutores, poderá esclarecer substâncias ‘não ditas’, ocultas propositadamente para ‘dizer’ substâncias importantes, coisas que não devem ser desprezadas.
Já ouvi, da boca de comunicadores(as), que a mensagem que se esconde por trás de palavras não-ditas ou de expressões que parecem não dizer, são mais profundas do que aquelas pronunciadas livremente. Nesse sentido, o ‘nada’ pronunciado em qualquer contexto, pode ser a expressão mais importante de todas as falas, de todos os discursos, de todas as justificativas que se ouve por aí. Para comprovar isso, basta a gente lembrar as vezes que disse ‘nada’ no meio de uma discussão, de um argumento, de um encontro afetivo etc. lembrou, pois é... o ‘nada’ é isso tudo.
Até pensei em contar para vocês sobre aquela vez que... nada não, deixa prá lá!




[1] Dicionário eletrônico Houaiss.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

NADA

Ontem fez um dia muito frio onde eu estava: cinzento, chuvoso, ventoso e tudo o mais que a gente possa imaginar para um péssimo dia de inverno. Resolvi tirar proveito: decidi não fazer nada. Até para não fazer nada é preciso fazer alguma coisa. Não é possível deixar de se alimentar, dormir, ouvir alguma notícia, alimentar o blog, ler o blog dos amigos, algumas páginas daquele livro que está na prateleira há tempo e a gente lê aos pedaços etc. Dá para perceber que o meu ‘nada’ acabou mais ou menos recheado.
Foi nessa altura do dia que passei a me questionar sobre o que significa ‘não fazer nada’. Por um lado, a educação que recebemos, aquela que permanece a vida toda introjetada na personalidade de cada um(a), não deixa o ‘nada’ se perfectibilizar[1]. Junte-se a isso, a pressão que a gente recebe, e aí, pode amontoar uma montanha de sujeitos: família, amigos, trabalho, sociedade etc. A consciência fica tão abarrotada que não tem como escapar, e lá vamos nós para frente do computador, para os livros técnicos, para a cozinha, para as redes de relacionamento e... por aí vai a montanha.
Pois é, de repente parei para pensar no que o ‘nada’ significa para mim e o que ele significa para a sociedade de consumo, na qual estou inserida e com a qual contribuo, nem que seja com a crítica. Pensei, o ‘nada’ para mim é fazer tudo aquilo que desejo e que não faria num dia normal de trabalho... mas porque o trabalho precisa pressionar as pessoas para que elas façam coisas que não estejam a fim? O ‘nada’ também seria fazer as coisas que desejo e não faria se tivesse que me reunir aos amigos para alguma comemoração, ou para jogar conversa fora... mas porque a convivência social necessita pressionar os ‘sócios’ do grupo? O ‘nada’ poderia ser a abstinência de qualquer compra, de qualquer serviço, de qualquer diversão comprada... mas porque compras, serviços e diversões compradas precisam pressionar a pessoa? É claro que não vou tomar o tempo de vocês com a lista interminável de questionamentos que resolvi construir num dia que decidi não fazer nada.
É isso mesmo: o ‘nada’ pode ser representado por tudo aquilo que a sociedade de consumo valoriza, diz que é útil fazer. Assim, tirar um dia para não fazer nada é um ato de rebeldia, de subversão, de revolução contra o regime imposto pelo hábito de consumir tudo, todos os dias, tão valorizado nestes tempos de crise econômica.
Meu ato de rebeldia se perfectibilizou na decisão de fazer somente coisas que são desvalorizadas por esse regime: ler coisas antigas, realizar o trivial, não comprar nada novo, conviver com as coisas que já possuo, dormir mais que o necessário, ficar olhando para o nada, mais do que precisava, conversar comigo mesmo além do esperado... foi assim. Você já experimentou viver um dia assim?
Para não dizer que não trago nenhuma contribuição hoje, deixo como dica o vídeo sobre a “História das coisas” [http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E&feature=feedlik], da “Tide Fundation Funders Workgroup For Sustainable Production and Consumtion and Free Range Studios” que 1.341.983 pessoas já viram, pois é antigo, mas que revisitei ao ler o Blog, Filosofia no Ensino Médio, do Prof. Thiago Delaíde [http://filosofianomedio.blogspot.com/].
 


[1] Termo que significa "se tornar fato", mas ainda não dicionarizado.

domingo, 26 de junho de 2011

A SOLDA

Quando os serralheiros colocaram as grades nas portas laterais, observei como eram soldadas as duas partes da mesma peça. Fiquei impressionado com a técnica para juntar ambas as extremidades. A despeito da força exercida, as partes resistiram sem problemas. Demorei-me um pouco por ali, queria verificar como ficaria o resultado final. Confesso que não fazia idéia de como a grade ficaria tão firme.  Fiquei pensando, com meus botões, que o resultado final daquela união dependia bastante do material utilizado para soldar.
Este pensamento me levou a outro: como tem sido nossa ação para unir. Unir as pessoas que estão em volta de nós. Unir aqueles(as) que se afastaram do convívio fraterno unes dos outros. Unir os propósitos educacionais em torno de objetivos. Unir as forças de todos(as) para restaurar melhores condições de convívio familiar etc. Assim como o serralheiro, é importante selecionar, com cuidado, a matéria prima que unirá as partes separadas.
Dentre todas as possibilidades, a matéria prima por excelência é a paz que podemos construir com gestos de fraternidade. Ela não vem ao natural e nem é resultado de ações inconseqüentes, mas fruto de atos deliberados, em muitos casos, de enfrentamento de situações de injustiça. A paz só se consolida quando há equilíbrio de direitos e observância de condições para a sua realização.

sábado, 25 de junho de 2011

O CAMINHO


Quando o clima permitiu sai para espairecer um pouco. Os dias de inverno tendem a nos aprisionar dentro de casa. É claro que o dia não tem a menor culpa, mas passa a ser o álibi para esticar a sesta, prolongar mais a leitura, sentar à frente da TV para um filmezinho, uma reportagem etc., já que se tratava de um feriado.
Pois foi o que fiz, convidei a esposa e fomos andar por um dos nossos muitos parques aqui de Porto Alegre. Confesso que tive muitas surpresas, como por exemplo, a variedade de plantas. Num dos passeios me deparei com este caminho emoldura por árvores e arbustos, formando um lindo quadro verde. Como amante da imagem não poderia resistir a uma fotografia.
Olhando hoje para essa foto, senti-me desafiado à reflexão. As questões aparecem quase naturalmente. O que há além daquela curva? Será que as árvores e arbustos continuam margeando o caminho? Será que há outras pessoas caminhando? Se há pessoas caminhando, virão em minha direção ou estão fazendo a mesma caminhada que eu?
Outra pergunta me surge diante dessa fotografia: o que havia para trás? Será que o caminho tinha outras curvas? Havia plantas diferentes daquelas que a foto retrata? Outras pessoas estavam capturando suas fotos? Será que eu apareci em alguma delas?
É simplesmente uma foto tirada quase ao acaso, mas a reflexão que podemos fazer não é casual. O futuro simbolizado pelo que podemos inferir que haja além da curva e o passado que inferimos pelo que há antes da foto sintetizam as maiores interrogações do ser humano. Sobre o futuro, impossível de ser descortinado com objetividade, se projeta para além. Sobre o passado, mesmo que realizado, necessita ser descortinado pelo nosso olhar inquiridor.
Premidos entre o futuro e o passado necessitamos prosseguir o caminho com a convicção de que, o antes nos trouxe até aqui e o que fizermos agora, determinará o que virá depois.
Com os votos de um realizador sábado!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O INVERNO


Teus dias cinzentos
me fazem pensar
e repensar
nas culpas
e desculpas
que às vezes invento.

Os dias de sol
que às vezes são raros
para mim, muito caros
me fazem curtir
o sossego atrair
deixar o cachecol.

Os dias de vento
o frio arrepia
a rua vazia
me faz recolher
e conviver
em busca de alento.

Os dias chuvosos
incomodam bastante
e vou saltitante
para os pés não molhar
no meu caminhar
e volto ligeiro
antes que o nevoeiro
me possa, de retornar, impedir.

Dos dias de inverno
vou sempre gostar
por que reclamar
quando a vida está aí
para todos daqui
do sul do hemisfério!

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Aproveito este espaço para convidar os leitores(as) para o Café Filosófico que acontecerá amanhã, dia 25/6, às 15h, na Livraria Nova Roma, em Porto Alegre. A palestrante será a Profa. Dra. Claudira Cardoso e falará sobre Patrimônio Cultural. Esta atividade se desenvolve mensalmente há quatro anos e é aberta ao público e gratuíta.



quinta-feira, 23 de junho de 2011

MUNDINHO DELE

Esqueci de retirar a carne do congelador. A hora do almoço se aproximava quando percebi, que a principal iguaria da refeição ainda estava dura como uma pedra. Àquela altura nem o descongelamento no microondas salvaria. A alternativa foi procurar um Buffet para não ficar, na base do sanduiche. Foi o que fizemos minha esposa e eu. Com os pratos servidos procuramos uma mesa próxima à janela do restaurante.

Há conversas que são impossíveis de não serem escutadas, especialmente quando se está num recinto fechado e pessoas falando num tom bem mais alto do que o necessário. A conversa do casal que sentara uma mesa à frente da nossa, comentava sobre a vida de alguém. O tema era o ‘mundinho’ que essa pessoa havia construído para si, no qual se encerrara e de onde contemplava e media todas as demais pessoas de seu relacionamento.

Primeiro, essa conversa mexeu com a minha mente. Entendo que locais públicos não são apropriados para se comentar a vida de qualquer pessoa. Nunca se sabe quem poderá escutar e se quem está ali não tem alguma relação, mesmo que digital (redes sociais) com a pessoa que é objeto do comentário. Segundo, porque todos nós construímos os nossos ‘mundinhos’, de onde olhamos e medimos todo o resto. Terça-feira, quando debatíamos a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies, no Seminário de História e Filosofia da Ciência, no Mestrado de Reabilitação e Inclusão do IPA, me posicionei sobre a dificuldade que o ser humano tem de perceber a realidade. Sempre que isso acontece, o faz partindo de suas convicções e, em alguns casos, de suas crenças. Não há como entender a origem do universo a não ser a partir de alguns conhecimentos, acrescido de nossas crenças a respeito de como isso se desenvolveu.

De fato, olhamos o mundo a partir de nossa ‘janela’. A diferença que pode haver é se a janela que possuímos é ampla e arejada ou se é apenas um pequeno orifício por onde conseguimos descortinar somente um raio de claridade. Nosso ‘mundinho’ sempre nos oferecerá a perspectiva para as conclusões e crenças. Nosso esforço precisa ser na direção de ‘derrubar’ mais um pedaço de ‘parede’ e alargar nossa visão. Acabamos sempre estranhando o ‘mundinho’ do outro(a) porque ele é diferente do nosso: maior ou menor, mais tolerante ou mais rígido, conservador ou mais liberal etc.

O incompreensível é que algumas pessoas entendem que o seu ‘mundinho’ é o único correto, o único verdadeiro. Lamentável! A verdade não pertence a uma pessoa ou à conclusão que um grupo possa obter a respeito da realidade. A verdade transcende a soma e o conjunto de todas as verdades, está muito além do que podemos alcançar.

Uma boa quinta-feira (para alguns, de feriado)!


quarta-feira, 22 de junho de 2011

O ENTULHO

Quando fizemos o mutirão para limpeza do condomínio e dos apartamentos, para quem quisesse se desfazer e velhas coisas, alugamos dois contêineres e fizemos um mutirão. Conforme fazíamos a faxina, colocávamos tudo no seu interior.
No final do dia, já cansados, paramos para olhar o que havíamos recolhido. Nossa admiração veio da descoberta de quanta coisa a gente vai juntando, que não tem mais nenhuma serventia. Pedaços de cadeiras, restos de mesas, sobras de fios, vassouras velhas, armários carcomidos de cupim, pedaços de placas etc. Percebemos quanto lixo vai sendo guardado, com aquela mesma desculpa: “um dia, quem sabe, pode ser útil!”.
Não é só no condomínio e nas moradias que as coisas que não servem mais se acumulam. Isso se repete no trabalho, no computador, dentro do carro etc. De repente, sobre a mesa do escritório já não cabe mais nada, o disco rígido do nosso equipamento está abarrotado, o porta-luvas do carro já não fecha mais e assim por diante.
Pior que isso, vamos guardando ‘coisas’ imprestáveis dentro da gente, coisas que não servem para nada: ressentimentos, ódios, ranços, rancores, velhas idéias, posições ultrapassadas, preconceitos, enfim, lixo do intelecto e lixo sentimental. São entulhos que atrapalham a vida. Coisas do passado que deveriam ser jogadas no ‘contêiner’ do arrependimento e despachadas no ‘caminhão’ do perdão. Coisas que deveriam ser descartadas no ‘entulho’ do ultrapassado.
Tenhamos uma certeza: tudo isso nunca mais nos fará falta!


terça-feira, 21 de junho de 2011

PÁGINA EM BRANCO

Semana passada, meu colega, Prof. Attico Chassot [http://mestrechassot.blogspot.com] e eu, conversávamos sobre o que representa uma página em branco para quem tem o compromisso de escrever, diariamente, alguma coisa (reportagem, notícia, blog etc.). Sentados juntos, nas poltronas do Auditório Oscar Machado, participávamos de uma conferência, integrante do V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação do Centro Universitário Metodista, do IPA. Antes de iniciar a palavra o conferencista, Prof. Mario Neto, mencionou o desafio que uma página em branco representa para qualquer pessoa. Parte do debate se referia ao pânico que enfrentamos diante de uma página em branco.
Antigamente se tratava de uma folha. Era necessário encontrar um papel em branco, normalmente dentro de um pacote de quinhentas folhas, que a gente colocava, pacientemente, na máquina de escrever (ainda te lembras dela?). Era posicionada pela parte posterior do rolo, fazíamos rodar até que a parte superior da folha aparecesse do outro lado e então, ‘soltávamos’ o rolo para posicionar corretamente a folha. Ato contínuo, ajustada a folha, buscava-se o início da página. Todo esse trabalho permitia um tempo razoável para pensar em que escrever.
Atualmente, uma vez ligado o computador, os editores de texto já estão ali, prontos, mas num branco enervante. Não necessitam mais ser posicionados, pois as margens são pré-ajustadas, os menus estão prontos, dispostos na parte superior ou noutra margem conforme nosso gosto pré-ajustado. Estilo, cor, tamanho, cor de realce, tudo pronto, mas não menos irritante. Poderia ter, pelo menos, algumas letras (agora se diz ‘dígitos’), alguma palavra, mesmo que fosse qualquer besteira, mas seria algo de onde se partiria. Não! Há só um branco à espera!
Esse é o desafio que deve ser enfrentado todos os dias: dar sentido a uma página em branco. Mesmo que haja resquícios de ontem, da semana passada, do mês passado, ainda assim o nosso dia é uma página em branco sobre o qual temos a liberdade de criar. Como na página em branco do computador (editor de texto), as formatações já estão disponíveis. Há elementos que estão pré-determinados como compromissos pessoais, contas a pagar, dívidas a negociar, trabalhos a realizar, mas a cada dia tudo isso estará como uma página em branco disponível para ser escrita. Assim como no computador me vejo diante de uma página em branco, assim também na vida, diante de mim mesmo, diante do outro, diante de Deus, me vejo livre para produzir meu viver. Como na página que escrevo, onde necessito considerar as normas ortográficas (nem sempre bem tratadas), também na vida minha escrita precisa levar em consideração os princípios éticos, respeito, consideração etc.
Não querendo ser chato, nem moralista, mas não posso deixar de te fazer uma pergunta irritante: o que vais escrever hoje na página da tua vida?
Com os votos de uma página bem escrita, boa terça-feira!




segunda-feira, 20 de junho de 2011

A FOTOGRAFIA

Quando a minha esposa chegou, da reunião do grupo de mulheres da Igreja Metodista Wesley, semana passada, vi que trazia um envelope à mão. Antes que minha curiosidade pudesse ser despertada e a pergunta inquiridora, comum entre marido e mulher fosse detonada, ela me entregou e disse: “mandaram para ti, olha e vê se tu te lembras!” Com a curiosidade que já estava em alta naquele momento, quase arranquei o envelope e abri num impulso.

A surpresa foi enorme: tratava-se da fotografia de um evento que se realizara a um bom tempo, do qual não tinha mais lembrança e nem sabia que alguém havia fotografado. A minha alegria se completou ao perceber, naquela foto, algumas pessoas que não via há muito, às quais consegui abraçar naquela oportunidade, matando a saudade.

O momento da fotografia, que no passado já foi um instante solene, hoje é tão banal que quase não o percebemos. Lembro-me da minha mãe arrumando os filhos(as), dando banho em cada um, vestindo a melhor roupa (a de domingo), penteando o cabelo, botando o melhor calçado e todos(as) se perfilando diante da câmera (uma verdadeira caixa preta) do fotógrafo. Havia também o ritual: as crianças sentavam em seus banquinhos baixos bem à frente. Depois vinham as pessoas mais velhas (os avós), sentado em cadeiras mais altas. Atrás, ficavam os adultos de meia idade. Invariavelmente o fotógrafo dizia: “olha o passarinho!” (alguém aí sabe por que ‘passarinho’?) e o flash era disparado, a câmara fazia um barulho enorme, os bebês se assustavam e todo mundo ficava na maior ansiedade, aguardando o dia em que a foto seria mostrada. Aí era outro evento: “olha como o papai ficou?”; “o tio Pedro ficou de olhos fechados!” etc.

Hoje tudo é diferente, as fotos são capturadas com facilidade, todo o mundo tem uma câmera digital (ou celular com câmera). Já não há mais aquela solenidade e se tira fotos por qualquer bobagem, até indiscretamente.

Entretanto, essa foto me fez ir mais longe. Mesmo sendo um ‘instantâneo’ fugaz, captura um momento da história das pessoas que ali estão e como estão. Imortaliza suas atitudes, suas vestes, suas reações. Nem sempre nos damos conta, mas a fotografia é uma narrativa que descreve o momento certo dentro do contexto de diferentes ambientes. Tem o poder de trazer à memória as mais sutis emoções que tomaram conta de cada um(a) naquele instante. Mais que isso, é capaz de reviver essas emoções no agora. Acrescente-se que as emoções recuperadas pela fotografia têm o poder de gerar novas emoções no momento em que contemplamos a foto, pois nada que é recuperado é igual ao momento original: o momento é outro, o contexto físico é outro, nós já somos outras pessoas e as pessoas que aparecem na foto também são outras e algumas já nem existem mais.

Eu pergunto, quantos momentos de nossas vidas são tão gratificantes como aqueles nos quais paramos para olhar as nossas fotos?

Um abraço, com os votos e uma boa nova semana!  


domingo, 19 de junho de 2011

TUDO A TI

Na noite de quinta-feira, enquanto participava da abertura do V Seminário de Pós-graduação do Centro Universitário Metodista, do IPA o Dr. Rodrigo Costa Mattos, Diretor Presidente da FAPERGS mencionava que as verbas destinadas a Fundação ainda são insuficientes para sustentar todos os programas desejados e que não chegam ao dízimo do que deveria, fazendo uma analogia com o sustento das igrejas que pedem o dízimo dos seus fiéis. Afirmou que essa situação vem melhorando bastante nestes últimos tempos.
Essa comparação me remeteu a um assunto muito comentado, nas igrejas e fora delas. Quando se fala em sustento da obra de Deus quase sempre se arma um debate. De um lado estão os defensores do Dízimo, equivalente a dez por cento sobre os ganhos da pessoa. De outro, os defensores da Contribuição Espontânea, ou seja, cada um dá aquilo que o seu coração indica.
Nada disso corresponde ao desejo de Deus. Aqueles que oferecem o Dízimo dão apenas uma parte dos seus ganhos e isso é muito pouco. Aqueles que destinam uma contribuição também é igualmente pouco.
Quando o Filho de Deus aceitou o Calvário não destinou apenas dez por cento e tampouco fez uma contribuição espontânea. Ele espontaneamente entregou tudo o que era e o que possuía.
Caso consagremos o dízimo, o que vamos fazer com o restante dos nossos recursos e dos nossos dons? A mesma coisa se aplica às pessoas que fazem contribuições espontâneas.
Tudo o que temos e somos, para nós cristãos(ãs), é dom de Deus, portanto, também devemos consagrar-lhe tudo. Não temos o direito de reservar uma parte para o Deus e fazermos o que bem entender com o restante, pois é nesse restante que ‘mora o perigo’ de nossas vidas.
Deus só aceita se for cem por cento, a totalidade dos dons, a totalidade dos talentos, a totalidade dos bens, a totalidade dos recursos. Menos que isso é mesquinharia. Seu Filhoo se entregou por porcentagens ou por contribuição espontânea.
Falamos isso em relação ao sustento da obra de Deus, diferente do que seria o sustento de comunidades (igrejas). Entretanto, essa precisa ser a lógica para todas as causas. Quando me dedico à obra da Educação, por exemplo, não posso me dedicar por partes: ou me entrego a essa missão ou não faço educação. É inadequado se dedicar (consagrar) por partes – ou é tudo, ou é nada!
Votos de um bom Domingo da Trindade!


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MESTRADOS NO IPA
Aproveito a oportunidade desse blog para divulgar os mestrados do Centro Universitário Metodista, do IPA, onde trabalho como professor. As inscrições estarão abertas até 30 de junho. Para realizar a inscrição, o(a) candidato(a) deve preencher o Formulário disponível no portal institucional: http://www.metodistadosul.edu.br/mestrado/reabilitacao_inclusao/inscricao.php?curso=ri

sábado, 18 de junho de 2011

STORYTELLING

Quando recebi o convite para participar do V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação do Centro Universitário Metodista do IPA, que se desenvolve até hoje na Instituição, me chamou a atenção uma palestra prevista para esta manhã sobre o tema “O Impacto do relatório à Storytelling” que será proferida pelo Prof. Ms. Mário Neto. Confesso meu desconhecimento, pois nunca havia lido, ou ouvido nada sobre essa técnica.

Diante dessa ignorância fui à busca de literatura sobre o assunto. Descobri, grosso modo, que se trata de uma técnica de comunicação envolvendo a contação de história com a finalidade de envolver a o leitor (ou ouvinte) na trama de uma narrativa. Dessa forma, quando o ouvinte se dá conta já está inserido na história, de tal sorte que sua atenção se concentra intensamente no objeto da comunicação. Descobri também, que de certa forma, utilizo essa metodologia em algumas propostas de comunicação que produzo, seja através do texto escrito, seja através da fala (sala de aula, rádio, TV, vídeo etc.). Mais ainda, essa metodologia de comunicação é bastante eficiente para comunicar principalmente ideias. Digo isso não apenas para aquilo que tenho construído em diferentes oportunidades, mas também para as ocasiões nas quais participo como ouvinte de palestras, pregações e outros eventos. Através dessa técnica, a concentração da pessoa é focada no objeto da fala e gradativamente se pode fazer associações com a realidade, criando um campo comum com o ouvinte.

Até essa altura tudo muito bom. Já fiz uso dessa técnica e continuo utilizando-a em muitos momentos comunicativos. Entretanto, o que me causou surpresa é que essa técnica está sendo utilizada nos meios de propaganda com a finalidade de envolver os consumidores para que comprem os produtos anunciados. Justifico a minha surpresa. Para mim, trata-se de uma propaganda subliminar e como consequência, pode levar os consumidores a comprar produtos de que não necessitem e que possivelmente não terão nenhuma utilidade para as suas vidas. Sempre tenho desafiado os meus alunos(as) a refletirem seriamente sobre tudo aquilo que irão consumir. O risco de a pessoa ser envolvida pela propaganda e adquirir um produto simplesmente pelo impulso, aumenta significativamente com o envolvimento provocado pela técnica de storytelling. Diante disso, torna-se cada vez mais necessária a reflexão e a análise sobre cada passo do nosso cotidiano para que a tentação do consumismo, aliada às modernas técnicas de propaganda, não acabem levando a pessoa ao desastre de contrair intermináveis dívidas.

Cuidado com o storytelling aplicado à propaganda de produtos!

Meus votos de um ótimo sábado de reflexão!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

JOHN WESLEY


Hoje comemoramos 308 anos do nascimento de John Wesley, em Epworth (Inglaterra). Embora não tenha fundado a Igreja Metodista, foi quem desenvolveu o movimento metodista que, a partir de 1791, depois de sua morte, se transformou em Igreja na Inglaterra. O texto a seguir foi retirado de http://www.metodista.org.br/conteudo.xhtml?c=4, acesso em 16 jun 2011.

“Samuel Wesley não era uma pessoa querida pelos seus paroquianos e, por isso tanto, ele como a família, sofreram alguns ataques violentos. Na noite de 9 de Fevereiro de 1709, deitaram fogo à reitoria. Uma das mais conhecidas histórias sobre John Wesley refere-se ao seu salvamento, quando tinha cinco anos de idade, por um homem firmado nos ombros de outro, pouco antes de o teto ruir. O grito de Susanna "não é este um tição retirado do fogo?" tornou-se uma profecia. O próprio John foi, mais tarde, influenciado pela convicção da mãe de que Deus tinha uma missão especial para ele.

John Wesley viveu na Inglaterra do Século XVII, quando o cristianismo, em todas as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração moral. Dentre aqueles que não se conformavam com esse estado paralizante da religião cristã, sobressaiu-se John Wesley. Primeiro, durante o tempo de estudante na Universidade de Oxford, depois como líder no meio do povo. John Wesley pertencia a uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar absorveu a seiva de um cristianismo genuíno.

Ao entrar para a universidade, Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso formou. junto com outros poucos jovens, o chamado "CLUBE SANTO". Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana. Eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do "CLUBE SANTO" dando-lhes o apelido de "METODISTAS".

Embora cumprisse fielmente a disciplina do "clube", John Wesley não se sentia satisfeito. Durante anos lutou com esse sentimento de insatisfação até que em 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres, passou por uma experiência espiritual extraordinária, que é assim narrada em seu diário:
"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma meneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração".

Para John Wesley, clérico da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser cristão. O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.”



Nome: John Wesley
Nascimento:17 de junho de 1703,
Local: Epworth (Inglaterra)
Falecimento: 2 de março de 1791,
Pais: Samuel e Suzana Wesley
 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A ESTRADA


Num tempo em que ainda não havia GPS[1] a gente passava trabalho para se movimentar em algumas regiões. As estradas, quase todas sem asfalto, possuíam poucas indicações. Certa vez, em viagem pelo interior do estado, tomei um caminho desconhecido e acabei me perdendo. Parei meu fusquinha diante de uma propriedade rural, com uma casinha muito simples. Fui atendido por alguém que julguei ser o proprietário.
Antes que lhe dirigisse a palavra ele me interpelou perguntando: anda meio perdido por essas bandas? Respondi: pois é! Para não perder tempo fui logo acrescentando: o senhor poderia me dizer para vai esta estrada? Na expectativa de ouvir uma resposta esclarecedora, explicando os locais por onde aquele caminho me levaria e os lugarejos por onde passaria andando por ela, me respondeu: pois é Seu, na verdade mesmo essa estrada não vai pra lugar nenhum! Desde que me conheço por gente ela está sempre aí e deu uma boa risada.
É claro que depois ele acrescentou as informações necessárias para eu reencontrar o caminho que procurava, mas a ‘peça’ que me aplicou cutucou o meu pensamento. Sempre achamos que as estradas vão daqui para acolá, de lá para muito mais longe. Pensamos a realidade como um movimento linear que parte de um ponto e necessariamente chega a outro. Todas as coisas possuem um ponto de partida e um ponto de chegada. Até mesmo quando nos cumprimentamos, uma das formas é perguntar ‘como vais?’ A maneira nossa de refletir pressupõe causa e consequência, como se tudo acontecesse como resultado de um movimento impulsionador de origem.
Contemporaneamente começamos a pensar a realidade de forma diferente. Não mais como uma estrada que vai ou que vem, mas de interação entre diferentes sistemas vivos, mais simples ou mais complexos. O agora não é causa do amanhã e nem o futuro é consequência do passado. Vivemos numa realidade interconectada na qual cada parte é causa e consequência ao mesmo tempo. Em cada um de nós subsiste o agora e o amanhã, a origem e o resultado, a história e a expectativa, a vida e a morte. Integramos um grande sistema que possui a dimensão da minha pessoa ao mesmo tempo em que contempla a amplitude do universo. Universo todo e eu nos originamos e nos consumimos num constante interagir cotidiano.
O agricultor tinha razão, a estrada não vai, nem vem: somos a estrada enquanto vamos e enquanto não vamos.
Uma boa quinta-feira para todos(as)!



[1] O sistema de posicionamento global, popularmente conhecido por GPS (acrónimo do original inglês Global Positioning System, ou do português "geo-posicionamento por satélite") é um sistema de navegação por satélite que fornece a um aparelho receptor móvel a posição do mesmo, assim como informação horária, sob todas quaisquer condições atmosféricas, a qualquer momento e em qualquer lugar na Terra, desde que o receptor se encontre no campo de visão de quatro satélites GPS” [Wikipédia].