domingo, 31 de julho de 2011




O BUMERANGUE



ANO 01 – Nº 142




Sobre uma das paredes da minha casa tenho três bumerangues[1], de distintos formatos. Vez por outra, pego um deles para lançá-lo e recuperá-lo no mesmo lugar de onde o lancei. É um brinquedo, melhor, um jogo. Muita gente pensa que lançar bumerangues é uma tarefa simples. Boa parte desconhece que são necessárias diversas condições para que o equipamento retorne exatamente no local de onde é lançado. Em primeiro lugar as condições atmosféricas são determinantes. O vento não deve estar muito intenso, mas é fundamental para que a elipse se complete com perfeição. Outro item a considerar é o ângulo que o lançador deve estabelecer em relação à direção do vento, entre 45° a 60° no máximo, estabelecendo a força de giro e uma linha imaginária à altura dos olhos. O ângulo de inclinação do bumerangue deve variar de acordo com a intensidade do vento: mais fraco, maior inclinação do equipamento; mais forte, menor inclinação. É impressionante descobrir que, uma vez observadas as regras, o equipamento retorna à sua mão. Quando não observamos os elementos adequadamente, o equipamento pode aterrissar muito longe de nós ou mesmo nos atingir com violência.
Sabe que o bumerangue nos ajuda a refletir sobre as nossas ações. Não são muito diferentes da elipse que o equipamento desenvolve. Sempre que realizamos alguma coisa, observando as condições e os princípios éticos adequados, podemos observar como essas coisas retornam bem diante de nós. Quando realizamos alguma coisa com desprezo, com negligência ou com maldade, o resultado é bem outro. É bom pensar sobre isso.

DESTAQUES DO DIA

Morte do filósofo Denis Diderot (227 anos)


Diderot[2]  1713  1784 filósofo e escritor francês. A primeira peça relevante da sua carreira literária é Lettres sur les aveugles a l’usage de ceux qui voient (Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem), em que sintetiza a evolução do seu pensamento desde o deísmo até ao cepticismo e o materialismo ateu, tal obra culmina em sua prisão. A sua obra prima é a edição da Encyclopédie (1750-1772) onde reportou todo o conhecimento que a humanidade havia produzido até sua época.


Nascimento de John Searle (79 anos)

John Rogers Searle[3] 1932 é um professor estadunidense da Universidade de Berkeley, na Califórnia, EUA, dedicado inicialmente à lingüística e a filosofia da linguagem, dedicando-se posteriormente e até os dias atuais a Filosofia da mente. Searle se notabilizou ao propor o argumento hipotético do Quarto Chinês, no qual criticava a Inteligência Artificial Forte. O próprio Searle se qualifica como um racionalista biológico, sendo sua obra uma forte crítica a outras correntes da Filosofia da mente, como o funcionalismo.




Desaparecimento de Saint-Exupéry (67 anos)


Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry[4]  1900  – Mar Mediterrâneo, 31 de julho de 1944, escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial. As suas obras são caracterizadas por alguns elementos como a aviação e a guerra. Também escreveu artigos para váriasrevistas e jornais da França e outros países, sobre muitos assuntos, como a guerra civil espanhola e a ocupação alemã da França. Destaca-se O Pequeno Príncipe (O Principezinho, em Portugal) (1943), livro de grande sucesso de Saint-Exupéry. Foi escrito durante o exílio nos (EUA), quando teria feito visitas ao Recife.

                           “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.




[1] Ilustração disponível em http://loucuramental.com/como-o-bumerangue-volta-para-o-mesmo-lugar/. Acesso em 30 jul 2011.
[2] Ilustração e texto: Denis Diderot. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Denis_Diderot. acesso em 30 jul 2011.
[3] Ilustração e texto: John Searle. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Searle. acesso em 30 jul 2011.
[4] Texto: Antoine Saint-Exupéry. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_de_Saint-Exup%C3%A9ry. Ilustração disponível em http://tecidovivo.blogspot.com/2010/12/antoine-saint-exupery.html. acesso em 30 jul 2011.

sábado, 30 de julho de 2011

A AREIA
Coloquei os tênis e parti para a caminhada[1]. Não havia chovido, mas as ruas ainda tinham algumas poças de água do dia anterior. Subi calçadas, andei pelo leito de ruas, entrei em praças, atravessei terrenos baldios etc. Quando retornei, percebi que os calçados estavam sujos. Tomei o cuidado de limpá-los no capacho antes de entrar. Percebi que havia muita areia grudada aos tênis, resultado dos terrenos molhados combinados com os trechos de areia por onde passei.
É... depois de uma caminhada sempre trazemos um pouco daquilo por onde passamos. Junto com o que vem grudado nos calçados, há também outras tantas coisas que se ‘grudam’ na mente e no coração. Imagens, sons, temperatura, sombras e claridades... são elementos que vêm junto com frio, calor, suor, sustos, receios. Uma caminhada prosaica, pelo meio da cidade, sempre é adicionada de retalhos da vida que se agregam ao cotidiano.
Diferente da sujeira dos calçados, que normalmente deixamos no capacho, essas outras coisas não são desfeitas com um simples ‘esfregar’. Somam-se à experiência diária e constroem o ser-em-si de cada um(a). O susto que levei de um carro em alta velocidade ao atravessar a faixa de segurança, me ajuda a ter ainda maior cuidado ao atravessar as ruas. O cumprimento disposto do desconhecido do bairro me auxilia a observar melhor as pessoas da minha rua. Em cada lugar, em cada esquina, sempre há um estímulo diferente que, se ando desatento, deixo de sorver um gole importante de vida. Desprezar essas coisas pode transformar a vida numa secura fria e deprimente, mas observá-las com cuidado e emoções diferentes, constroem em mim, a alegria de estar aqui, participando dessa epopéia extraordinária do viver!

DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Mário Quintana (105 anos)


Mário de Miranda Quintana[2] 1906 —1994[3] foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro, era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras letras em sua cidade natal (Alegrete, RS), mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

BILHETE[4]

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

NOSSA BAGUNÇA

No chaveiro da cozinha apanhei o molho de chaves. Desci as escadas apressadamente, pensando nos compromissos do dia. Atravessei o estacionamento e quando cheguei ao box, fui logo colocando a chave na fechadura do carro.
Quando me sentei ao volante, fui toma­do de súbito por uma reflexão: estou aqui no controle de um veículo que pode colocar em risco tanto a minha vida com a vi­da de muitas pessoas.
Nossos atos, no cotidiano, são tão mecânicos que quase não nos damos conta de suas conseqüências. Movemos nossos passos, articulamos palavras, assumimos atitudes, fazemos gestos simbólicos sem atentarmos para o fato de que, em torno de cada uma dessas ações um mundo inteiro de relações se move e nós somos seus sujeitos.
Nossa tentação é pensar que alguém de repente deve se tornar o responsável por nossas ações, ser nosso padrinho, proteger-nos quando nos damos mal. Muita gente quer fazer de Deus um patrocinador as­sim, mas ele não é "quebra-galho". Nossos atos, palavras e atitudes são de nossa responsabilidade e temos que escolher, cada vez, sobre o que devemos fazer. A ação de Deus está na fé, no amor, na busca da justiça que acompanha nossas ações, mas não pode ser reconhecido como aquele que sai por aí arrumando nossa "bagunça"[1]. A responsabilidade pelos nossos atos, palavras e atitudes é só nossa.





DESTAQUE DO DIA

Morte do filosofo Herbert Marcuse (32 anos)



Herbert Marcuse[2] (1898 —1979) foi um influente sociólogo e filósofo alemão naturalizado norte-americano, pertencente à Escola de Frankfurt. Foi membro do Partido Social-Democrata Alemão entre 1917 e 1918, tendo participado de um Conselho de Soldados durante a revolução berlinense de 1919, na seqüência da qual deixou o partido. Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, o racionalismo dominante nas sociedades modernas, os movimentos repressivos das liberdades individuais, o aniquilamento da Razão .



[2] Herbert Marcuse (ilustração e texto) disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse. acesso em 28 jul 2011.

quinta-feira, 28 de julho de 2011


A MESA
Ando um tanto preocupado. Sobre minha mesa[1] estão se acumulando bilhetes[2], papeizinhos, avisos, lembretes e por ai vai. Quando consigo resolver dois ou três me dou conta que já tem uma nova montanha. O pior é que tem ‘coisas’ nesses bilhetinhos, que precisam esperar. Sabe como é, depende de um encaminhamento de outra pessoa ou de outro organismo sobre o qual não tenho domínio. Todos os dias dou uma revirada, leio, olho, troco de lugar, mas eles continua ali a me perturbar. Não sei se já passaste por uma situação semelhante: gavetas para arrumar, coisas para guardar, bugigangas para encaminhar, roupas para doar... De uma coisa eu tenho certeza: quem já passou sabe como a gente se sente, por um lado meio ‘amarrado’ e por outro ‘apavorado’.
Olhando hoje para os papeizinhos tive uma ideia. Às vezes eles são muito simbólicos da nossa situação de vida. Vamos guardando coisas que precisavam ser encaminhadas imediatamente. Vamos acumulando assuntos e situações como se fossem lembretes sobre a mesa. Outras vezes fico me perguntando por que será que a gente não encaminha de uma vez aquilo que é possível? Por que será que a gente vai juntando coisas que deviam ter uma dinâmica maior?
Sei que já toquei nesse assunto outras vezes, mas como essas situações costumam se repetir, sempre é bom voltar. Assim como há situações não encaminhadas que dependem de outras pessoas, há aquelas que dependem exclusivamente de nossa decisão. Se adiamos a decisão acabamos ‘empatando’ a situação de outras pessoas. Muitas situações não necessitam de grandes investimentos de tempo ou de preocupações: basta um pequeno telefonema, um e-mail, um SMS etc. Boa parte daquilo que se acumula sobre a nossa mesa, ou sobre a nossa cabeça, não vai adiante por causa da preguiça que toma conta da maioria. Tendemos à preguiça porque tendemos ao acomodamento.
Um desafio: revisa aí sua mesa... despacha o que está parado! Isso dá um alívio enorme na consciência.



DESTAQUE DO DIA
Nascimento de filósofos
Uma coincidência na data de 28 de julho: pelo menos três filósofos de renome nasceram nessa data:
    Ludwig Andreas Feuerbach[3] 1804 —1872 foi um filósofo alemão. “Feuerbach é reconhecido pela teologia humanista e pela influência que o seu pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel, durante dois anos, em Berlim.”;

  



     Ernst Cassirer[4] 1874 — 1945 foi um filósofo judaico-alemão. Realizou estudos em direito, literatura e filosofia germânica nas universidades de Berlim, Universidade de Leipzig e Heidelberg.







      Karl Raimund Popper[5] 1902 —1994 foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.





Também se comemora hoje o “Dia do Diretor de Escola”.



[3] Ludwig Feuerbach (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach. acesso em 27 jul 2011.
[4] Ernest Cassirer (ilustração e texto). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Cassirer. acesso em 27 jul 2011.
[5] Karl Popper (ilustração e texto) disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper. acesso em 27 jul 2011.