sexta-feira, 26 de agosto de 2011


O TOQUE
ANO 01 – Nº 168
Nossa sociedade contemporânea nos impõe distâncias. Por questões ligadas à violência, contágio, medo, nos afastamos uns dos outros. É comum, nossas relações interpessoais se restringirem ao ‘exclusivamente necessário’. Como estamos sempre assoberbados de afazeres, quanto mais nos afastamos uns dos outros menos compromissos assumimos. Acredito que é por esta razão, que cada vez paramos menos para conversar. Uma roda de chimarrão, nem se fala. Acabou o tempo da rodada de ‘causos’ que me faziam arrepiar quando era criança.
Vivemos hoje em tempos de relações ‘digitais’. Além de distantes e frias se estabelecem pelo tempo mínimo necessário: a ligação é cara. Boa parte dos nossos contatos é feita pelo ‘celular’. Não temos nem como imaginar onde a pessoa está, que tipo de influência está recebendo, o que estaria enxergando enquanto fala conosco. Um outro tanto da comunicação é via ‘internet’, onde ao invés de palavras recebemos ‘bits’.
Acabou o tempo da palavra calorosa, do abraço[1] apertado, do olhar fraterno, do sorriso feliz. Não tocamos mais uns nos outros. Não sentimos mais suas dores. Não partilhamos mais das suas festas. Não sorrimos mais com as alegrias uns dos outros. Predomina entre nós, a distância e a frieza: dizem que é uma característica da sociedade contemporânea.
Não me conformo com essa justificativa e me constituo com um insurgente dessa ‘regra’. Bastam as interrelações virtuais, nas quais nossa aproximação necessita ficar presa às representações gráficas: dígitos, fotos, figurinhas, ícones etc. Preciso tocar, preciso sentir que estou próximo do outro. Preciso perceber que ele me sente próximo. Nada, por enquanto, substitui essa interrelação física para nos convencer que ainda existimos, que não somos um avatar, que não somos um fantasma digital, não viramos uma representação líquida.  

DESTAQUE DO DIA

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (222 anos)

Inspirada na Revolução Americana (1776) e nas idéias filosóficas do Iluminismo, a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou, em 26 de agosto de 1789, e votou definitivamente a 2 de outubro, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão[2]. Pela primeira vez são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do Homem, de forma ecumênica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi reformulada no contexto do processo revolucionário numa segunda versão, de 1793. Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República Francesa) e para a atual. Também foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU.


[1] Ilustração disponível em http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=4380. Acesso em 25 ago 2011.
[2]Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão ( Ilustração e texto) Disponivel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidad%C3%A3o. acesso em 25 ago 2011.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    para aderir ao teu texto só vou trazer um excerto que escrevi no blogue no último 21 de julho, reportando-me a reencontros entre uma mãe e uma filha: “Aliás, no reencontro com a Júlia, personalizo algo que me emocionou: mesmo que a Gelsa, a cada semana fale com a sua filha por Skipe, o reencontro com as duas, envolvidas em abraço com lágrimas parecia interminável, traduzindo a diferença desses encontros virtuais. Ou seja, na verdade, o que conta mesmo são os encontros reais.” Penso que não é preciso acrescentar mais nada.
    Que o advento do shabath seja curtido

    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    é que o encontro virtual não tem calor! Quando não podemos sentir o calor do outro, não há encontro de fato.

    Um abraço,

    Garin

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