O trinco
ANO 01 – Nº 144
Ouvi de um amigo meu, certa vez, que visitando sua cidade natal, no interior do Estado, fez a seguinte indagação a um morador: “Nasci nesta cidade há 62 anos e só estou voltando hoje. Mas pelo visto as coisas por aqui não mudaram muito!” O seu conterrâneo, admirado o contradisse, da seguinte forma: “Mudaram sim! Quando o senhor for ao hotel da cidade, repare que a tramela da porta do banheiro foi substituída – agora é um trinco! [1]”
Este episódio me fez meditar sobre trincos, trancas e ferrolhos que fecham portas. Seguidamente passamos o trinco em portas e janelas para garantir a nossa segurança. Outras vezes usamos as trancas para preservar nossa intimidade. Fechamos trincos para excluir pessoas, que não desejamos em nosso convívio. Usamos ferrolhos para restringir acessos. A imagem do trinco é sempre de fechamento. Ele nos remete à memória de portas fechadas. Diante do trinco pensamos em limitações de acesso, de privação da liberdade.
O egoísmo sempre põe um trinco na nossa relação com as outras pessoas. Ele fecha a porta de acesso ao outro(a). O egoísmo é o trinco que nos prende no círculo de nós mesmos. Ele nos encerra, como uma tranca, nos fazendo pensar que somos o centro do universo e que todo o mundo gira em torno da nossa pessoa. Ele nos priva da presença do outro ser humano, imagem do Deus eterno.
Ao contrário dos trincos, trancas e ferrolhos, Deus nos oferece liberdade de acesso direto. Ele nos abre as portas para um convívio de solidariedade e da paz com o próximo. Para que nosso existir represente um benefício para o outro(a) é fundamental percorrer o caminho que vai ao encontro do diferente, do distinto de nós, da alteridade.
DESTAQUE DO DIA
Morte prematura de Caruso (90 anos)
Enrico Caruso[2] nascido em Nápoles em 25 de fevereiro de 1873, faleceu na mesma cidade a 2 de agosto de 1921, aos 48 anos, vítima de peritonite. Foi um tenor italiano, considerado o maior intérprete da música erudita de todos os tempos. Um dos primeiros cantores a gravar discos em grande escala, seu repertório incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora ele tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialeto napolitano, das canções populares de sua terra natal. Cantou perto de 500 canções, que variaram das tradicionais italianas até as canções populares do momento.
[1] Ilustração disponível em http://www.uniaomundial.com.br/index.php?item=produtos&sec=trincos. Acesso em 01 ago 2011.
[2] Enrico Caruso. (texto e ilustração) disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Enrico_Caruso. acesso em 01 ago 2011.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirtrincos, trancas, tramelas me leva a outra palavra correlata que há muito não ouço, e provavelmente, os mais jovens a desconheçam: Cremona que chamávamos de cremonha. Acerca de fechamento para intimidades: o primeiro quarto que nos disponibilizaram (e recusamos) aqui em Saint Petersburgo o banheiro era uma vitrine todo de acrílico transparente. No caso não adiantava trinco nem tramela.
Ainda de ontem: emocionante o reencontro físico com a Moiara e o Igatemi.
attico chassot
PS.: Se encontrares o José Luis, diz de minha gratidão por ele esta noite dar aulas em meu lugar.
Caro Chassot,
ResponderExcluirnem consigo me imaginar num banheiro assim. Entretanto, se o aposento existe, deve ser porque alguém usa e gosta: engraçada essa diversidade cultural!
Pode deixar que transmito os teus agradecimentos ao José Luis.
Um abraço,
Garin