OS CHAVEIROS
ANO 01 – Nº 301
Entrei no restaurante e procurei uma mesa pertinho da parede. Esse é um costume que adquiri com a Ana. Ela sempre diz que junto à parede passam menos pessoas e assim a gente fica mais tranquilo para fazer as refeições. Marquei a mesa com a chave do carro e fui direto para o buffet me servir. Claro, bastante salada, um pedaço de peixe e um pedacinho de carne, o velho hábito gaúcho.
Quando me sentei à mesa para a refeição, passou pelo corredor um cidadão com quatro chaveiros pendurados à cinta. Conforme ia caminhando, as chaves promoviam um tilintar como se fosse uma sineta marcando o lugar por onde passava. Confesso que já tinha visto pessoas com um chaveiro com muitas chaves, mas me chamou a atenção a presença de tantos chaveiros.
A presença de muitas chaves pode ser simbólica de situações distintas. Uma, representa que a pessoa tem acesso a muitas portas e por isso, quem possui tantas chaves também possui muito poder. Por outro lado, essa quantidade tão grande de chaves aponta para uma situação cada vez mais preocupante: a insegurança.
Na atualidade, temos a necessidade de tomar tantos cuidados que, perdemos um tempo importante de nossas vidas fechando e abrindo fechaduras. Um dia desses, acompanhava um amigo na hora de sair do trabalho. Depois de chavear umas três fechaduras, precisou abri-las todas novamente para conferir se havia chaveado a sua gaveta do escritório. Essa situação acontece com quase todas as pessoas. Eu já tive que retornar da estrada para conferir se havia trancado, adequadamente, certa fechadura. Desafio quem nunca precisou conferir mais de uma vez se a porta de casa está bem trancada. E a porta do carro, quem nunca puxou a maçaneta duas vezes para ver se está tudo em ordem? Uma representação atual das chaves são as senhas. Senha para o e-mail, senha para o cartão bancário, senha para a internet e por aí afora. Quem de nós já não esqueceu uma senha? Se isso não aconteceu contigo então comece imaginar o pesadelo que representa.
A contemporaneidade, com suas ameaças e riscos, exige de cada pessoa, o máximo cuidado. É pela fresta do descuido que os aproveitadores se enfiam. Fechaduras mal fechadas nos fazem retornar para conferir. Senhas esquecidas nos fazem padecer pelos meandros da informática até descobrir como recompomos os acessos. Por causa de tanto risco, temos que carregar tantas chaves, pela mesma causa precisamos memorizar tantas senhas.
Será que um dia isso vai acabar?
DESTAQUE DO DIA
Epifania
Os reis magos seguindo a Estrela é um dos símbolos mais significativos da Espifania. |
Celebramos hoje, no mundo cristão, a Epifania, que significa a manifestação completa e cabal de Deus ao ser humano. Representa o momento no qual os cristãos se dão conta da presença divina em suas vidas através da chegada do seu Filho Jesus Cristo. É o momento maior e mais profundo da Revelação, quando, através da fé, damo-nos conta de que já não há mais barreiras entre o divino e o humano. Agora o humano pode conter o divino através da presença de Cristo (pelo Espírito Santo) e o divino contém o humano (pela encarnação de Deus em Cristo). Essa data celebra a realização maior da Salvação, pois Deus e o ser humano se fazem um.
Muito apreciado colega Garin,
ResponderExcluirquando vi o título da blogada, pensei que ias falar daqueles hábeis profissionais que num abracadabra nos salvam quando perdemos uma chave ou batemos a porta sem levar a chave. Mais, já imaginei que haviam levado a que deixaste para marcar o lugar. Tudo foi mais tranquilo. ¿Como a iconografia cristã representa São Pedro? Eu te darei as chaves ... tudo que ligares ... Tu sabes estes textos melhor que eu! Hoje, na tua excelente adaptação Jesus diria a Pedro: “Te darei a senha do arquivo Igreja e tudo....”
No teu comentário da data não mencionas o ‘folclore’ transmutado em evangelho dos ‘três santos reis magos’. Gaspar, Melquior e Baltazar — que se colocava bem atrás no presépio, porque era negro e podia assustar Jesus! Veja como se aprendia a ser racista nas coisas de Igreja.
Um muito bom dia de Reis, sem esconder o Baltazar.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirnão conhecia essa prática de deixar o rei negro atrás das demais peça: isso é novo para mim e é horrível. Gostei da 'senha' para o São Pedro: o problema se formaria se a conexão caísse ou se alguém roubasse a senha e começasse a fazer estrepolias, hein?
Um abraço,
Garin