terça-feira, 3 de janeiro de 2012


PROCURANDO
ANO 01 – Nº 298

Primeiro o chimarrão da madrugada, faça chuva ou faça sol! O café da manhã, não importa onde esteja, é rito certo! Aqui na praia, como não tenho academia, coloquei meus tênis e parti para a minha caminhada. Nada exagerado, uns sete quilômetros em uma hora: minha médica diz que isso está de bom tamanho para um ‘guri’ da minha idade.

Na segunda volta, ao redor da Lagoa do Vilão, sou interrompido por um carro pedindo informações. Por certo estava chegando: o casal mais três adolescentes no banco de trás.

Tirei os fones dos ouvidos para prestar atenção na informação solicitada. A primeira pergunta: você é morador daqui? Primeira resposta, sim e não! A segunda pergunta: você conhece uma pousada? Respondi com outra questão: aqui ao redor da lagoa? Nova questão: não tenho certeza. Informei que há uma pousada a cerca de um quilômetro e meio de onde estava. O motorista completou: é uma pousada bem simples; estive aqui há bastante tempo! Minha resposta: aqui próximo só há estabelecimentos mais sofisticados. Para arrematar respondi: há várias pousadas e indiquei a direção de algumas.

Será que tu entendeste o que ele queria saber mesmo? Confesso que eu não tive a menor ideia. Além de perdido aquele motorista não sabia o que procurava. A gente não imagina que alguém possa sair por aí, com toda a família, numa época em que se correm tantos riscos, sem ter a menor ideia para onde deseja ir. O prior é que isso existe!

Muitas vezes nos questionamos se é possível encontrar alguma coisa que nem a gente sabe do que se trata. Os teóricos da pesquisa insistem com a necessidade do rigor do método. Sem um projeto bem elaborado, com objetivos claros e um objeto definido não se consegue encontrar a resposta almejada. O filósofo Kant preocupou-se, de forma especial, com essa questão.

Contudo, há outros teóricos que apostam na indisciplina, ou seja, na possibilidade de se encontrar algo que esteja fora do alcance do método. Mais que isso, fora do caminho do método é possível encontrar conhecimentos inimagináveis. Há exemplos de pesquisadores que descobriram preciosidades porque se desviaram do método. É preciso considerar que enveredar por esse caminho tem um sabor de aventura. As possibilidades de resultados são iguais às impossibilidades: pode-se encontrar algo precioso, mas também há o risco de se fazer um investimento sem obter qualquer resultado.

No caso da família procurando uma pousada sem saber qual, nem onde, pode se tornar um investimento perigoso com consequências danosas para os seus integrantes: nesse caso, a indisciplina pode ter um preço elevado!


DESTAQUE DO DIA

Excomunhão de Lutero (491 anos)

Martinho Lutero nascido em Eisleben a 10 de novembro de 1483 e morto a 18 de fevereiro de 1546, foi um sacerdote agostiniano e professor de teologia alemão figura central da Reforma Protestante. Veementemente contestando a alegação de que a liberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências Johann Tetzel com suas 95 Teses em 1517.[1] Em 1518, Roma abre um processo por heresia contra Lutero. Dois anos mais tarde, o papa Leão X ameaça puni-lo caso não revogue suas teses; em dezembro de 1520, o rebelde queima a bula papal em protesto, além de um livro de leis católicas e várias obras de seus opositores. Agora Martinho Lutero rompera definitiva e irreversivelmente com Roma. Quando o papa fica sabendo do escandaloso espetáculo de incineração, não hesita: em 3 de janeiro de 1521 lança sobre o reformador a maldição da excomunhão. O pregador das indulgências, Tetzel, pede a fogueira para Lutero.[2]



[1] MARTINHO LUTERO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero. Acesso em 2 jan 2012.
[2] 1521: A EXCOMUNHÃO DE MARTINHO LUTERO. Disponível em http://www.dw-world.de/dw/article/0,,294475,00.html. Acesso em 2 jan 2012.

4 comentários:

  1. Bom dia, Professor!

    Sabe, eu poderia ser uma das caroneiras desta família, pois quando saio levo o básico, e aceito as surpresas como presentes do caminho.
    Que sejam mil os presentes do caminho em 2012...
    abraço!

    aluna Marília

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  2. Muito estimado amigo Garin,
    talvez o pedinte de informação, como nossa querida Marília, seja um feyerabendiano e por tal seja ‘contra o Método’ aliás Lutero também foi.
    Uma boa estância às margens da lagoa,

    attico chassot

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  3. Olá Profa. Marília, muito bom te ver comentando novamente o meu blog: esse é excelente presente que recebo de ano novo. Que as surpresas deste 2012 sejam repletas de realizações para ti.

    Um abraço,

    Garin

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  4. Caro Chassot,

    seguidamente ando em diálogos de encontros/desencontros com Feyerabend. Às vezes nos damos bem. Às vezes não nos entendemos. Sigo assim, com/contra o método!

    Um abraço,

    Garin

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