SEM SAÍDA
ANO 01 – Nº 319
Aproveitamos a visita do filho e resolvemos fazer uns passeios. Como a nora não conhecesse o nosso Estado, tomamos o carro e decidimos mostrar-lhe algumas cidades com apelo turístico. Depois de lhe apresentar alguns pontos interessantes, fomos ao encontro da pousada, da qual tínhamos o endereço, mas não conhecíamos ainda. Ligamos o GPS e fomos seguindo as indicações. Quando encontramos a rua, na qual ficava a pousada, bem à entrada havia uma placa onde se lia: “rua sem saída”.
Depois de nos acomodarmos nas cabanas, fiquei meditando sobre aquela placa. Na verdade, aquela rua, que dava acesso ao endereço procurado, significava a nossa saída. Encontrar todos os endereços possíveis e não encontrar onde ficar, isso sim é que seria ‘sem saída’. A linguagem da placa não era a mesma linguagem que nós queríamos falar: poderia ser ‘sem saída’ para os veículos, mas era ‘a saída’ para pessoas cansadas.
Quem sabe, uma das grandes dificuldades da sociedade contemporânea é justamente essa: a comunicação. Há muita informação disponível. Há muitas indicações. Há imensidade de opções. Entretanto, as linguagens são múltiplas. Elas dependem do contexto, da forma de acessá-las, da capacidade de decodificá-las etc. Nem sempre as pessoas conseguem entendê-las, justamente por causa dessa multiplicidade de possibilidades. O desafio da objetividade, num mundo de diversidades globais, transforma a comunicação numa aventura, cujo resultado é uma verdadeira incógnita.
A rua sem saída representava para o nosso grupo a única saída desejável num dia quente de viagem. Entretanto, a placa, lida em sua mensagem absoluta, fora do contexto da circulação de veículos, representava o inferno para quem perdeu todas as esperanças do existir. Talvez, o que algumas pessoas angustiadas necessitem, é sentidos diversos, nas comunicações que o mundo lhe oferece. Pode ser que numa placa existencial onde se entenda a mensagem de ‘sem saída’, haja uma alternativa diversa, apenas posicionando os termos diferentemente: ‘saída sem’, acrescentando-se possibilidades impensadas como ‘saída sem fim’, ‘saída sem desespero’, ‘saída sem pressa’ e por aí afora. Qualquer mensagem, por mais objetiva que possa parecer, sempre apresenta múltiplas formas de ser lida.
Com votos de uma ótima terça-feira!
DESTAQUE DO DIA
Dia da Constituição
A Constituição é um conjunto de regras de governo que rege o ordenamento jurídico de um País. A versão em vigor atualmente -- a sétima na história do Brasil-- foi promulgada em 5 de outubro de 1988. O texto marcou o processo de redemocratização após período de regime militar (1964 a 1985).
Em países democráticos, a Constituição é redigida por uma Assembleia Constituinte, formada por representantes escolhidos pelo povo. No Brasil, a Constituição de 1988 foi elaborada pelo Congresso Constituinte, composto por deputados e senadores eleitos democraticamente em 1986 e empossados em fevereiro de 1987. O trabalho, concluído em um ano e oito meses, permitiu avanços em áreas estratégicas como saúde, direito da criança e do adolescente e novo Código Civil.[1]
O Dia da Constituição é celebrado em 24 de janeiro, pois foi quando o Imperador Dom Pedro I assinou a primeira constituição brasileira, significativa para processo de independência do Brasil.
[1] A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Disponível em http://www2.planalto.gov.br/presidencia/a-constituicao-federal. Acesso em 24 jan 2012.
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