terça-feira, 3 de abril de 2012

Contador de histórias - ano 02 - nº 387

CONTADOR DE HISTÓRIAS
ANO 02 – Nº 387

Enquanto caminho sobre a esteira aproveito para ler algum livro. Normalmente opto por alguma leitura de que estou necessitando para preparar as aulas, mas quando não há demandas nesse sentido, escolho um daqueles que leio a doses homeopáticas. Ontem, por exemplo, foi um desses.

A certa altura, o meu instrutor se aproximou curioso para saber o quê estava lendo. Para que ele pudesse entender do que se tratava, li para ele uma parte, assim ficaria mais fácil de explicar depois:

Situar-nos na relação entre narração, memória e experiência
supõe nos localizarmos no tempo e na linguagem. Aquilo que
narramos é algo que aconteceu, que se pode perceber como o
“sido” na proximidade do mais imediato presente. Contamos o
sucedido, fazemos parte de nossa existência como quem
ganha sentido nessa concreta e particular experiência de contar
(ainda que seja na maneira de contar aos demais as histórias
ocorridas a outros ou a outras, mas que nos parecem serem
dignas de serem contadas). Conta-se a outros o conta-se com
outros para devir como sujeito de experiências; constituímo-nos por
meio desse contar a outros e daquilo que nos é devolvido, mesmo
que seja sob a forma do olhar. No narrar aos outros a própria
experiência, afirmamo-nos como seres em convivência.[1]

Depois expliquei como entendia o que estava lendo. Na verdade, é através do narrar de nossas histórias, ou da trajetória particular, que nos fazemos gente em constante relacionamento. Não há como ser um ser humano isolado porque seres humanos só “são” em relacionamentos intersubjetivos com outros seres humanos. Mesmo que a convivência maior que tenhamos seja com seres inumanos, os transformamos em seres humanos para que a nossa humanidade seja afirmada.

É por isso que encontramos pessoas conversando sozinhas pela rua, outras falando com animais de estimação, outras ainda, conversando com computadores, ferramentas, ursinhos de pelúcia, bonecas, seres imaginárias etc. Na ausência de outra pessoa, por opção ou por necessidade, fazemos o caminho inverso do que acontece na sociedade contemporânea de mercado: humanizamos animais e coisas pela estrita necessidade de narrar nossa história.

Com votos de uma ótima terça-feira, de muitas histórias!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Brahms (115 anos)

Johannes Brahms nasceu em Hamburgo a 7 de maio de 1833 e morreu em Viena a 3 de abril de 1897. Foi um compositor alemão, uma das mais importantes figuras do romantismo musical europeu do século XIX. Hans von Bülow faz referência de Brahms como um dos "três Bs da música", apelidando sua primeira sinfonia como décima, fazendo referência a sua sucessão a Beethoven.

Brahms dedicou-se a todas as formas, exceto balé e ópera, que não lhe interessavam - seu domínio era realmente a música pura, onde reinou absoluto em seu tempo. Podemos dizer que Brahms ocupou o espaço deixado por Wagner, que se dedicava à ópera, e com ele dominou a música da segunda metade do século XIX.


[1] BORBA, S; KOHAN, W. (orgs.) Filosofia, aprendizagem experiência. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2008, p.195.
[2] JOHANNES BRAHMS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Brahms. Acesso em 3 abr 2012.

2 comentários:

  1. Nuito estimado colega Garin,
    constato, com certa tristeza, que hoje contamos menos histórias.
    Bons tempos em que, depois da jantas, sentávamos para ouvir as vozes ancestrais.
    Com saudades,
    attico chassot

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    1. Amigo Attico,
      nem me faz lembrar dessas coisas: era a hora dos 'causos' que me enchia de medo e de entusiamos ao mesmo tempo. O cotidiano era passado em revista e a vida voltava, outra vez, para os acertos necessários.
      Um abraço,
      Garin

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