terça-feira, 24 de abril de 2012

Linguagem do corpo - ano 02 - nº 408


LINGUAGEM DO CORPO
ANO 02 – Nº 408

Cheguei tarde da aula. Acomodei-me no sofá para acompanhar as últimas notícias da noite. As reportagens exibidas pelo canal de TV estavam interessantes e me prenderam a atenção. De repente, acordei sobressaltado. Conferi o relógio: já havia passado mais de meia hora.

Não há separação entre eu e meu corpo. A pessoa não pode dizer que deseja fazer alguma coisa, mas o corpo não acompanha. Somos o corpo e a mente. Ainda que não possa ser localizado aqui ou ali, a mente é a pessoa assim como o corpo também é. Quando fazemos uma distinção entre mente e corpo o fazemos por uma questão de entendimento. Jamais podemos separar essas duas partes quando falamos do nosso eu. A minha mente  sou eu. O meu corpo sou eu. Mente e corpo são inseparáveis eternamente.

Esse interpolo é apenas para ressaltar que, mesmo que necessite me afastar dos meus pensamentos para encetar uma reflexão, mesmo assim não consigo me separar do meu corpo. Entretanto, com facilidade, deixamos de escutar os seus clamores cotidianos, como por exemplo a exaustão. A agitação da vida contemporânea seguidamente nos impõe uma agenda maior do que aquela que conseguimos dar conta. Boa parte das vezes, o esquecido é o corpo.

Se tivéssemos mais cuidado com ele, perceberíamos seus reclamos diários apontando a necessidade de cuidados significativos, seguidamente relevados a um segundo plano. O exemplo da exaustão é o mais característico, mas até mesmo esse é menosprezado. As montadoras de automóveis estão buscando formas de fazer suas manufaturas (ou seriam robofaturas?) alertarem os condutores para o cansaço. Não é que o motorista não tenha percebido que está cansado: ele despreza a linguagem do corpo.

Parece que supervalorizamos a racionalidade e fazemos vista grossa e ouvidos moucos para a sensibilidade. O corpo nos avisa de todos os detalhes funcionais do nosso eu. Entenda-se “eu” como o conjunto do que a pessoa é em si mesma. Por causa da barulheira atual, prestamos mais atenção na linguagem externa do que naquela que vem de nós mesmos, tão ou mais importante do que a que vem de fora. Desconfortos, dores sutis, esquecimentos momentâneos, sono inesperado, tropeçar inconsequente entre outros podem ser manifestações ruidosas de um corpo avisando seu proprietário de que precisa tomar mais atenção consigo mesmo. É bom não deixar para depois: o corpo pode deixar de se manifestar por excesso de desgaste. Antes disso é necessário tomar providências.

Votos de uma ótima terça-feira!

2 comentários:

  1. Meu amigo,
    Hoje sou que--chegando do IPA -- devo ouvir a vow do corpo e apenas dizer-tr boa noite,
    Attico chassot

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    1. Amigo Attico,
      há dias em que ele fala mais alto que nossa alma.
      Um abraço,
      Garin

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