quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sinal dos tempos - ano 02 - nº 410


SINAL DOS TEMPOS
ANO 02 – Nº 410

Passei boa parte da minha infância vivendo no campo e cultivando a roça. Nessa época não dispúnhamos de qualquer equipamento de comunicação com o resto do mundo e nem do mundo conosco. Poucas pessoas, na vizinhança, possuíam um aparelho de rádio alimentado por bateria de seis volts e carregada por cataventos. As informações chegavam a cavalo, quando alguém nos visitava e falava das novidades que aconteciam aqui e ali.

Notícias sobre parentes, que moravam distante, faziam parte do conteúdo de cartas, que enviávamos e recebíamos pela gentileza de algum amigo que ia à cidade fazer compras e cuja espera podia durar mais de um mês.

Nesse contexto, minha mãe examinava o céu e dizia: vamos enfrentar um tempo de seca. Noutra época, olhando outro quadrante do firmamento falava: vamos ter tempestades, talvez até granizo, hoje. Acertávamos o único relógio da casa por uma tabela que indicava o horário da aurora e do pôr do sol. Esses eram os sinais dos tempos que nos orientavam cotidianamente.

Ontem à tarde, passei pelo escritório de um colega que me perguntou a localização de uma expressão da Bíblia. Respondi que sabia aproximadamente onde estava, mas que com o auxílio do Google era rápido localizar. Assumi o seu computador e fui em busca da resposta. Nem a página do buscador abriu. Tentei outros buscadores e nada. Acabamos procurando manualmente, a citação de que ele necessitava. Reclamei: o que há com o teu equipamento que não abre nem a página do buscador mais famoso do mundo? Ele respondeu com um ‘não sei’ titubeante complementando que não estava conseguindo ‘navegar’ na internet.

Despedi-me dele e fui realizar as outras coisas que havia planejado. No final da tarde, fiquei sabendo que alguns cabos de fibra ótica haviam se rompido deixando parte da região sul sem acesso a internet. Pensei comigo: sinal dos tempos. Dos tempos contemporâneos cuja velocidade, em algumas circunstâncias, transcende a da luz. Tempos nos quais a perda de segundos é capaz de nos irritar, tamanha a impaciência que a contemporaneidade nos impõe e nos cobra.

Com votos de uma quinta-feira plenamente conectada!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Husserl (74 anos)

Edmund Gustav Albrecht Husserl nasceu em Proßnitz a 8 de Abril de 1859 e morreu em Friburgo a 26 de Abril de 1938. Foi um matemático e filósofo alemão, conhecido como o fundador da fenomenologia.

Husserl se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de pequeno interesse para Husserl, diferentemente do que ocorria quando ele tinha que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental, que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais. Husserl propôs que o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles, de fato os “constituímos”. No ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências naturais), e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a ideia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).[1]


[1] EDMUND HUSSERL. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Husserl. acesso em 26 abr 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    ante o probleminha que viveste ontem, pela dificuldade de conexão, fico imaginando se os Estados Unidos se desentendessem, por exemplo, com a China, país com maior número de conectados a rede e, em represália, tirasse a internet do ar....
    Melhor não conjecturar sobre isso...

    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      é quase impossível imaginar o caos que mundo experimentaria se ficasse sem internet.

      Um abraço,

      Garin

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