domingo, 15 de abril de 2012

Teste de tolerância - ano 02 - nº 399

TESTE DE TOLERÂNCIA
ANO 02 – Nº 399

Ousaria iniciar essa postagem com um questionamento pessoal: tu já testaste algum dia, até que ponto vai a tua tolerância? Não estou me referindo ao campo das ideologias ou da aceitação de crenças que convivem em nosso meio. A minha provocação é quanto ao cotidiano, a essa convivência diária, rasteira, obrigatória.

Ontem precisei entrar de carro num estacionamento comercial. Como estivesse chovendo, o pátio estava ‘escorrendo pelo ladrão’! A boa ética ensina que ficasse a postos e à direção, aguardando que abrisse uma vaga. Claro, não esperava de mim mesmo outra atitude – minha consciência não toleraria outra postura.

Não demorou muito abriu uma vaga bem próxima de onde estava. Ao perceber o veículo saindo, iniciei a manobra para encaixar de ré, o carro no box. Ao engatar a marcha ouvi o alerta do sensor de estacionamento avisando que havia um obstáculo logo atrás. Conferi pelo retrovisor e não é que o equipamento tinha razão. Enquanto manobrava o veículo, outro motorista se adiantou e enfiou atravessado, seu veículo naquela vaga.

Dei início àquela contagem de lançamento: três, dois, um... embalei o carro, fiz subir o giro do motor e o arremessei com toda a potência para abalroar o intruso. Não satisfeito, manobrei para ficar de frente e ‘detonei’ o outro lado. Para terminar, empurrei-o contra o cordão da calçada ‘acabando’ com as suspensões e estourando os pneus. Fiz tudo isso no nível da mente enraivecida.

De fato, andei mais alguns metros onde encontrei outra vaga. Depois de estacionar o carro, mentalmente fiquei rindo da pobreza de espírito daquele motorista que se arriscou a ter seu veículo abalroado pelo meu carro ao se enfiar no box, com rapidez e desajeitado.

O cotidiano se constitui num permanente desafio à capacidade de tolerar a imprudência e a falta de civilidade de motoristas de ambos os sexos. Algum tempo atrás se dizia que essa forma agressiva de dirigir era uma característica dos homens. Tenho observado que essa percepção está prejudicada, pertence à história. Nas grandes cidades, homens e mulheres transformam seu ato de dirigir num comportamento de afirmação pessoal, fazendo da circulação urbana um esgrimar permanente. Já não basta mais contar até dez, a contagem necessita ir muito além para quem ama a civilidade e ainda aspira por uma convivência fraterna e de paz no trânsito.

Um bom domingo!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Durkheim (154 anos)

Foto 1
Émile Durkheim nasceu em Épinal a 15 de abril de 1858 e morreu em  Paris a 15 de novembro de 1917. É considerado um dos pais da Sociologia moderna, tendo sido o fundador da escola francesa, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.

Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que, ao mesmo tempo é obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização deste, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.

Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo.

A sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras são: Da divisão do trabalho social (1893); Regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); As formas elementares de vida religiosa (1912). Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.[1]


[1] ÉMILE DURKHEIM. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim. Acesso em 15 abril 2012.
Foto 1: Disponível em https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcR6Y2IsWAzHM51dNIKpNqkRC0hh9nXhPR5pPjOJxyoAOvEvo1oj-w.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    quando leio acerca do machão poderoso com se carro, dou-me conta de um processo evolutivo dos humanos com ostentação de seu falo: fêmur / vara / lança / espada / arcabuz / automóvel.
    É significativo como o automóvel se faz como arma.
    Um bom saldinho de domingo

    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      é triste a forma como o ser humano transforma os equipamentos/extensões do seu corpo em instrumentos de agressão.

      Um abraço,

      Garin

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