AS PILHAS PRO RÁDIO DO TIO
Nº 520
Um dia desses fui visitar um tio idoso – põe idoso nisso! Como diria um colega meu, “anoso”, pois tem muitos anos de vida. Ao pé da letra, uma criança com alguns dias de idade já pode ser considerada idosa – já tem “idade”!
Pois é, meu tio é dos antigos. Tem mais uma coisa,
ele mora no interior. Não! Não é esse interior que estás pensando. É o interior
do interior, e mais uns “interior” adiante.
Peguei um ônibus, andei por umas horas sacudindo
entre solavancos, buracos, poeira e cheiros até que cheguei na parada final. Depois,
arranjei um cavalo – ainda bem que já estava encilhado, e andei por mais um bom
tempo. Depois..., depois foi mais um tanto de andança por meio de macegas,
sangas e matos.
Cheguei!
Olho de cá, olho de lá... e nada. O rancho estava
deserto. Portas abertas, janelas escancaradas e nada. Como um guri criado no
campo, fui logo apelando para a campainha da roça: “oh de casa!”. Ninguém! Não me
apertei: fui contornando o rancho em busca do chiqueiro... da horta... das
estrebarias... Lá pelas tantas percebi um vulto meio arqueado... abaixado sobre
um monte de lenhas. “TIO!”, gritei de longe. Levantou-se com dificuldade...
espichou o olho e me respondeu: “Quem vem lá?”. “Sou eu, tio, o seu sobrinho da
cidade!”. Meio cabreira, com passos trôpegos, foi se aproximando até que
reconheceu: “Mas é tu mesmo!”.
Caminhamos para dentro do rancho. Ele me indicou
uma banqueta feita de tábuas, printado de cinza, que ele mesmo construiu... a
uns quarenta anos. Enquanto conversávamos, foi até o fogão, onde as brasas
ainda estavam acesas, colocou uma chaleira com água para um chimarrão.
Meu tio nunca aprendeu a ler. Onde mora não tem
luz elétrica. O único meio de comunicação de que dispõe é um velho rádio portátil,
da marca Mitsubishi. De vez em quando, vou visitá-lo para levar pilhas para o
seu radinho.
A certa altura da conversa meu tio falou: “Tão falando
duma tal de pande... ah, não sei bem como é... uma doença que anda por aí, já
ouviu falar?”. Respondi: “pandemia?”. “Isso mesmo, o que me diz dessa coisa
toda?” Pois é tio, isso é sério... tá levando muita gente... tem que se cuidar!”
Ele me olhou sério e me disse: “será que tu podia me comprar um remédio pra
essa coisa? Um vizinho escreveu o nome aqui neste papel. É um remédio, que eu
escutei no rádio, dizem que é a única coisa que resolve.” Ele me entregou um
pedaço de papel, desses de embrulho de pão (de antigamente), no qual estava
escrito: “Loquidaun”.
Schou ,quando lembranças nos levam longe,parabéns
ResponderExcluirLembrar significa viver de novo! Obrigado.
ExcluirAdorei!!!
ResponderExcluirAdorei!!!
ResponderExcluirEste local tem cheiros dos lados de Cachoeira do Sul.
ResponderExcluirBoa revivência.
Meu meu querido amigo! Primeiro celebro o retorno deste blog! Lembro do tempo envie nós dois trocar vamos figurinha eu com meu blog tu com o teu! Eu pensei que no papel de pão estaria escrito clorofina ou Tubaína! Eu acho que em vez de tu levares pilha deveria levar clorofina para ele afinal um senhor anoso eu conheço o dono dessa palavra tá precisando mesmo é clorofina ou Tubaína Boa noite meu querido amigo no meu blog essa semana poupei o bolsonaro porque ele tá doentinho e ainda tá comportado.
ResponderExcluirSe o Edni quer saber se é para o lado de Cachoeira Diz para ele que é perto de estação Jacuí
Que bom receber novamente teus escritos, meu irmão!
ResponderExcluirVamos continuara sonhar sem dormir!
Abraços, Moiara e Edni!
Abraços, Garin e Ana!