A ANGÚSTIA DO CONFRONTO
ANO 01 – Nº 380
As convicções sobre a existência de um propósito pré-estabelecido para as pessoas têm sido discutidas amplamente, na atualidade. O cristianismo acredita que cada ser humano possui uma missão determinada e cabe a cada pessoa descobrir a sua. Posições filosóficas contemporâneas entendem que o propósito, ou a missão de cada um, resulta de uma construção edificada, em parte pela cultura na qual o indivíduo nasce e em parte por ele próprio. Esse componente é corroborado pela noção de liberdade e livre arbítrio que a pessoa detém sobre a sua própria trajetória.
Se é pré-determinada ou se é construída, constitui um tema que se estabelece no nível da crença ou no nível da reflexão. Ambas as posições possuem argumentos convincentes, dependendo é claro, da aproximação que se faz.
Entretanto, há um aspecto que é comum a ambas as posições. Pré-determinado ou construído, o existir da pessoa a conduz em direção a um sentido do qual dificilmente se consegue escapar. Sócrates, um filósofo grego da era clássica, foi condenado à morte e para cumprir a sentença teve que se envenenar. Seus discípulos tentaram dissuadi-lo oferecendo-lhe opções de fuga. O Filósofo recusou as ofertas demonstrando que, se tentasse fugir daquela situação, toda a sua pregação estaria jogada no lixo, pois havia ensinado uma ética baseada na coerência entre o discurso e a prática.
Cerca de quatrocentos anos depois, na Palestina, Jesus Cristo passou por dilema semelhante. As narrativas a seu respeito testemunham sobre o dilema ético que experimentou diante da iminência de sua condenação à morte. Os relatos falam de um diálogo íntimo com Deus no qual o questiona sobre o medo que enfrentou ao pensar em sua morte. Abre o coração derramando sua angústia e perguntando a si mesmo se deveria escapar à finitude de si mesmo naquele momento.
Os relatos não mencionam qualquer resposta recebida, mas a reflexão o conduz à conclusão de que se fugisse, tudo o mais que pregou e viveu, perderia qualquer sentido.
Há circunstâncias das quais jamais conseguimos escapar porque representam a coroação de tudo o que construímos e cremos no decorrer do próprio existir.
Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu?
Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com
este propósito vim para esta hora. (Jo 12.27)
Com votos de um ótimo quinto domingo da Quaresma!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Bartók (131 anos)
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Béla Viktor János Bartók de Szuhafő nasceu em Nagyszentmiklós, Hungria a 25 de março de 1881 e morreu em Nova Iorque a 26 de setembro de 1945. Foi um compositor húngaro, pianista e investigador da música popular da Europa Central e do Leste. Bartók é considerado um dos maiores compositores do século XX. Foi um dos fundadores da etnomusicologia e do estudo da antropologia e etnografia da música. Juntamente com seu amigo, o compositor Zoltán Kodály, percorreu cidades do interior da Hungria e Romênia, onde recolheu e anotou um grande número de canções de origem popular. Durante a Segunda Guerra Mundial, decidiu abandonar a Hungria e emigrou para os Estados Unidos. Morando em Nova Iorque, Bartók decepcionou-se com a vida americana. Havia pouco interesse pela sua obra, e suas apresentações, onde sua segunda esposa, Ditta Pásztory também participava, deram pouco retorno financeiro.[1]
[1] BÉLA BARTÓK. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A9la_Bart%C3%B3k. Acesso em 25 mar 2012.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirobrigado pelas reflexões quaresmais, ainda, aditadas com um nome de ressonância musical primorosa,
com agradecimentos
atttico chassot
Amigo Attico,
Excluirobrigado pela tua presença e interesse nas minhas construções diárias.
Estimulado, um abraço,
Garin