O INESPERADO
ANO 01 – Nº 378
Liguei o computador e aguardei que ele ‘carregasse’ os programas, de acordo com o seu ritmo. Restabeleci a conexão com a internet e abri o arquivo de Word que conservo como modelo para as postagens do blog. Apaguei o conteúdo de ontem do editor de textos e, quando me preparava para digitar a postagem de hoje, puf – simplesmente o equipamento desligou-se automaticamente. Nesse caso, posso garantir, não foi ‘vírus de teclado’! A tela simplesmente ficou preta e apareceu o aviso de equipamento desligado inadequadamente.
Esse episódio mudou o tema de hoje. Comecei a refletir sobre a importância do inesperado para o cotidiano das pessoas. Movemo-nos num contexto de autonomia pessoal e sentimos orgulho dessa liberdade. Bradamos aos quatro ventos nossa independência como se fôssemos os senhores da nossa trajetória.
Entretanto, basta um acontecimento inesperado e lá se vai a nossa tranquilidade. Há circunstâncias nas quais entramos em pânico porque estamos tão acostumados a contar com a regularidade das coisas que, basta uma pane para nos colocar numa saia justa. Mesmo senhores das determinações da realidade do cotidiano, contamos com instrumentos, ferramentas, materiais e principalmente com as pessoas que nos cercam. Contamos até com as dificuldades e problemas do dia-a-dia e também, com os adversários, aqueles que torcem contra.
Quando o inesperado acontece, rapidamente percebemos a insignificância de nossas certezas. Pior, percebemos que as certezas não passam de ilusões que construímos para acalmar a ansiedade. É diante do inesperado que percebemos a necessidade de sermos criativos, a única forma de vencermos o pânico momentâneo.
Há pelo menos duas lições muito claras que o inesperado nos ensina. Uma é que, ao contrário de falsas convicções de alguns, somos seres sociais interligados numa rede de relacionamentos infinita. Outra, da mesma forma que dependemos desses relacionamentos, somos tributários das construções culturais da contemporaneidade. Movemo-nos no caldeirão dos relacionamentos humanos e tecnológicos de cada época. Nosso existir se constitui na constante resposta aos desafios do nosso tempo.
Com os votos de uma sexta-feira sem ‘inesperados’!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Scliar (75 anos)
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre a 23 de março de 1937 e morreu na mesma cidade a 27 de fevereiro de 2011. Foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura infantojuvenil. Também ficou conhecido por suas crônicas nos principais jornais do país.
Scliar publicou mais de setenta livros. Seu estilo leve e irônico lhe garantiu um público bastante amplo de leitores, e em 2003 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tendo recebido antes uma grande quantidade de prêmios literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (1989) e o Casa de las Américas (1989).[1]
Muito estimado Garin,
ResponderExcluirhá um tempo havia uma mensagem, quando se ligava o sistema operacional que dizia:
“Plug and Play”
Então, como agora, a mensagem que devia sempre aparecer é:
“Plug and Pray”
Uma fruída quaresmal sexta-feira,
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluirnormalmente essas panes são vírus de teclado, ou problema de BIOS (burro e ignorante operando sistemas). Mas dessa vez tenho convicção de que não se tratava disso.
Boa véspera de shabat!
Garin
Caro professor,
ResponderExcluirnos acomodamos diante das situações cotidianas e, sabendo o percurso dos acontecimentos, nos sentimos menos vulneráveis.
Poética esta definição de "certezas"...
"...percebemos que as certezas não passam de ilusões que construímos para acalmar a ansiedade."
Um grande abraço,
Rosana
Querida Zana,
Excluirsabes que não havia percebido o viés poético da expressão. Só mesmo uma poetiza de carteirinha para perceber: obrigado.
Um abraço,
Garin