domingo, 11 de março de 2012

O santuário - ano 01 nº 366

O SANTUÁRIO
ANO 01 – Nº 366

Durante a sua peregrinação pelas terras da Palestina, Jesus passou por diversos cenários. Em cada um deles, segundo as narrativas evangélicas, apontava para o seu significado simbólico para as pessoas. Neste terceiro domingo da Quaresma, a narrativa do Evangelho de João nos remete ao Templo de Jerusalém (Jo 13-22). Tratava-se da segunda edificação, construída sob a supervisão de Esdra e Neemias e com financiamento, em parte, dos soberanos persas no século quarto antes de Cristo.

A iniciativa de reconstrução desse santuário fazia parte da política de dominação de Ciro, rei persa, que repatriou parte das lideranças judaicas. A intencionalidade dessa obra era reagrupar o povo disperso sob o domínio de Nabucodonosor. O Templo era o edifício agregador que reunia as pessoas, no caso aqui, os homens, em torno de sua fé. É preciso considerar que durante a antiguidade, a fé religiosa era o elemento ideológico mais potente na estratégia de controlar e fazer a gestão do povo.

A atitude de Jesus, ao contrário do que muitos afirmam, não é contra o Templo. Muito pelo contrário, ele prezava o Templo como local onde o povo se reunia e o utilizava para as suas prédicas. O conjunto das narrativas evangélicas menciona a sua presença nesse lugar em diversas vezes. Em todas, o Templo é um lugar simbólico importante. Podemos lembrar dele sendo apresentado aos doutores da Lei, reunindo os discípulos para a sua pregação etc.

A sua revolta e crítica não são contra o Templo, mas contra aquela utilização dele. As lideranças judaicas da época o haviam transformado num espaço para extorquir os recursos do povo. Encurralados pelos dominadores romanos sobravam poucos espaços para a liderança judaica arrecadar taxas e dízimos que sustentavam o luxo e a opulência da classe sacerdotal. Durantes as festas rituais, o Templo se transformava em coletoria que, ao bel prazer de cambistas e mercadores, se transformava em instituição opressora da miséria crescente da população empobrecida por impostos romanos, taxas e dízimos judaicos.

É possível compreender que o Templo era amado por Jesus enquanto lócus agregador do povo e simbólico da presença de Javé, mas detestável pela forma como foi transformado pelas lideranças político religiosas de plantão que extraiam as últimas gotas de suor de agricultores judeus pressionados a sustentar a nobreza romana e a classe sacerdotal judaica.

E encontrou no templo os que vendiam bois,
ovelhas e pombas e também os cambistas assentados;
tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos
do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou
pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas
e disse aos que vendiam as pombas: tirai daqui
essas cosias; não façais da casa de meu
Pai casa de negócio. (Jo 2.14-16)

Com os votos de um bom terceiro domingo de Quaresma!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Barbosa Lessa (10 anos)

Luiz Carlos Barbosa Lessa nasceu em Piratini, primeira capital Farroupilha da República Riograndense, RS, Brasil a 13 de dezembro de 1929 e morreu em Camaquã a 11 de março de 2002. Foi um folclorista, escritor, músico, advogado e historiador brasileiro. Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo de construção da cultura gaúcha. Em 1948, com 19 anos de idade junto com um grupo de colegas do ensino secundário criaram o Movimento Tradicionalista Gaúcho e o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) da História, definindo as características do que hoje é considerado "gaúcho". Dentre suas obras mais conhecidas destacam-se “Rodeio dos ventos”, um épico sobre como seria vida do povo gaúcho, e “Os guaxos”, pelo qual recebeu prêmio em 1959 da Academia Brasileira de Letras. Ao mesmo tempo em que se dedicava à implantação do tradicionalismo, Lessa passou a pesquisar a música regional. Em 1957, criou a popular toada “Negrinho do Pastoreio”, canção baseada na lenda do jovem escravo que, ao perder a tropilha de cavalos do patrão, é agrilhoado a um formigueiro para ser devorado pelos insetos. A canção de Barbosa Lessa foi cantada por dezenas de intérpretes, entre eles Inezita Barroso, Leopoldo Rassier e a dupla Kleiton & Kledir.[1]


[1] BARBOSA LESSA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbosa_Lessa. Acesso em 11 mar 2012.

Um comentário:

  1. Meu estimado colega Garin,
    tu me sabes visitante contumaz de igrejas. Os grandes locais de peregrinação usualmente me irritam. Não estive em muitos. Mas lembro que em 2000 estive em Fátima, talvez cumprindo um desejo de minha mãe que veio a falecer no ano seguinte, Lá me irritei. Associei-me , então, indignado ao brado de Jesus: não façais da casa de meu Pai casa de negócio”. (Jo 2.16). Estes supermercados de fé, ou melhor, de enganação me irritam.
    Bons exercícios quaresmais,


    attico chassot

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