quarta-feira, 14 de março de 2012

A resistência - ano 01 - nº 369

A RESISTÊNCIA
ANO 01 – Nº 369

Hoje quero compartilhar contigo uma leitura que estou fazendo sobre o processo do envelhecimento. Há momentos em que é necessário levantar a bandeira e não aceitar certas imposições das gerações mais jovens sejam elas compostas de demandas para cuidar de netos, da casa, esperar o arrumador de torneiras etc. Tudo isso se deve fazer, desde que estejam dentro do nosso horizonte de realização e sejam prazerosos para nós, que possa representar uma vida com qualidade humana. Contudo, quando qualquer dessas coisas e outras tantas, se constituir numa imposição, é mister que o idoso levante sua bandeira e diga ‘não’.

Ontem estava lendo um trecho do livro e lembrei de compartilhar aqui no blog:

Viver a longevidade passou a ser assumir a resistência. Nessa etapa da vida, não buscamos mais superar-nos. O que ora importa é não ceder, não se entregar, enfrentar um adversários mais poderoso que nós e com o qual temos que ser astutos, opor-nos à corrente que pode nos carregar, e enquanto não o consegue, nos diminui. É uma aventura que exige envolvimento, energia, coragem, tenacidade e confiança. É preciso fincar o pé! As estatísticas indicam que, na minha idade, eu já deveria estar me sentindo menos bem. Mostrar que elas são mentirosas pode ser pueril ou risível, mas se eu encontrar nisso uma satisfação, por momentânea que seja, por que não tentar? Quanto mais a minha idade avança, mais me importa a qualidade do meu tempo presente. Fazer de cada momento uma espécie de criação... Que não é nada em relação à duração do universo, evidentemente, mas que é algo que conta para mim e para tudo que me diz respeito.[1]

Aliás, exercitar a resistência, desde que seja uma ação madura e condizente com a necessidade, nos torna mais vivos, mais certos de que estamos construindo o nossa trajetória soberanamente.

Votos de uma quarta-feira com alegrias e com resistências!

DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Merleau Ponty (104 anos)

Maurice Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer a 14 de março de 1908 e morreu em Paris a 4 de maio de 1961. Foi um filósofo fenomenólogo francês. Estudou na École normale supérieure de Paris, graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em vários liceus antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon. Em 1949 foi chamado a lecionar na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).

Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se depara com algo que se apresenta diante de sua consciência, primeiro nota e percebe esse objeto em total harmonia com a sua forma, a partir de sua consciência perceptiva. Após perceber o objeto, este entra em sua consciência e passa a ser um fenômeno. Com a intenção de percebê-lo, o ser humano intui algo sobre ele, imagina-o em toda sua plenitude, e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno. Para Merleau-Ponty, o ser humano é o centro da discussão sobre o conhecimento. O conhecimento nasce e faz-se sensível em sua corporeidade.[2]


[1] ROSNAY, J.; SERVEAN-SCHREIBER, J-L.; CLOSET, F.; SIMONNET, D. Ganhei mais vida!: o que fazer com a longevidade?. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 154.
[2] MAURICE MERLEAU PONTY. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Merleau-Ponty. acesso em 14 mar 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    bela resposta à interrogação:
    o que fazer com a longevidade?
    Quanto mais a minha idade avança, mais me importa a qualidade do meu tempo presente. Fazer de cada momento uma espécie de criação...
    Valeu
    achassot

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    1. Amigo Chassot,
      converso seguidamente com a Ana sobre esses últimos tempos. Uma pergunta constante: deveria mudar de atividade? Parar com alguns compromissos? Dedicar mais tempo para mim? Pelo jeito, não existem respostas fáceis... todas nos colocam outros dilemas.
      Um abraço,

      Garin

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