quinta-feira, 15 de março de 2012

Consciência moral - ano 01 - nº 370

CONSCIÊNCIA MORAL
ANO 01 – Nº 370

Conversava com meus alunos sobre a formação da consciência moral, aquela constituída pelos nossos princípios e valores e que, nos momentos de decisões do cotidiano, atua indicando o caminho mais apropriado, dada as opções e possibilidades.

Nesse contexto, apresentei um exercício de autoria da Profa. Marilena Chauí que ilustra essa presença forte, em cada pessoa, da consciência moral:

Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha
e esfomeada roubar frutas e pães numa mercearia.
Sabe que o dono da mercearia está passando
por muitas dificuldades e que o roubo fará diferença
para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança.
Deve denunciá-la, julgando que com isso a
criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário
da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá silenciar,
pois a criança corre o risco de receber punição
excessiva, ser levada para a polícia, ser jogada novamente
às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao homicídio?
Que fazer?[1]

Ao colocar o exercício, logo os alunos começam a se posicionar tentando resolver a situação. A maioria escolhe o caminho para resolver o dilema manifestando sua compaixão diante da criança esfomeada. Um ou outro fala sobre a situação do comerciante. É comum os alunos construírem uma saída para a situação livrando a criança do castigo acomodando tudo através de uma conversa com a pequena infratora.

Quando refiro que evitar o castigo pelo roubo não ajuda a formar a consciência moral positiva da criança, as opiniões se tornam mais enfáticas para defender a infratora em virtude de sua fome. Mesmo quando explico que se trata de um exemplo teórico sobre a consciência moral, ainda assim o senso moral da turma aparece na forma de proteção à criança e rapidamente vai em direção à criação de políticas públicas equivocadas.

Finalmente conversamos sobre o simbolismo de nossas ações para a formação de consciência moral das crianças e a importância da punição (que deve ser educativa) para o raciocínio delas.

Com os votos de uma boa quinta-feira!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Gilberto Freyre (104 anos)


Gilberto de Mello Freyre nasceu em Recife a 15 de março de 1900 e morreu na mesma cidade a 18 de julho de 1987. Foi um sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor brasileiro, considerado por muitos brasileiros como um dos mais importantes sociólogos do país. Freyre estudou na Universidade de Columbia nos Estados Unidos onde conheceu Franz Boas, sua principal referência intelectual. Em 1922 publicou sua tese de mestrado com o título, "Social life in Brazil in the middle of the 19th century" (Vida social no Brasil nos meados do século XIX), dentro do periódico Hispanic American Historical Rewiew, volume 5. Com isto obteve o título Masters of Arts. Seu primeiro e mais conhecido livro é “Casa-Grande & Senzala”, publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal. Em 1946, foi eleito pela UDN para a Assembleia Constituinte e, em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart.[2]


[1] CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1997, p. 335
[2] GILBERTO FREYRE. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilberto_Freyre. Acesso em 15 mar 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    não é difícil imaginar o quanto devem ser frutíferas as discussões produzidas pelos estudantes catalisadas por tuas sugestões;
    Uma boa quinta-feira

    attico chassot

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    1. Amigo Attico,
      tem momentos que é complicado visto que as questões são quase sempre muito polêmicas. A tendência do pessoal é ficar no senso comum e adotar uma atitude passional.
      Um abraço,

      Garin

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