SEMENTES DE FUTURO
ANO 01 – Nº 360
Há muito tempo Ana e eu não passeávamos pelo Parque Marinha do Brasil[1]. Chimarrão pronto, cuia na mão, cadeira de praia no porta-malas, lá nos fomos para o passeio dominical vespertino. Quanta sorte: quando estávamos entrando no estacionamento um carro, estacionado à sombra dos jacarandás manobrava para sair. Portas fechadas, pegamos nossas cadeiras e o chimarrão e procuramos a pista de patinação. Claro que nem a Ana, nem eu iríamos patinar, apenas queríamos apreciar esse esporte que gostamos de assistir.
Havia um cidadão, na casa dos seus cinquenta anos, uma mulher, quem sabe de idade aproximada, algumas adolescentes e crianças exercitando-se sobre os patins. Entretanto, o que nos chamou a atenção foi uma cena que se desenrolava do lado oposto ao nosso: um pai que, cuidadosamente segurava as mãos de sua filhinha muito pequena, cujos patins eram maiores que as suas pernas. Teria cinco anos, quem sabe. Lá estavam os dois, a menina tentando se manter em pé sobre o equipamento e o pai, dedicado, incentivando e segurando a nova patinadora nas suas primeiras incursões à beira da pista. Enquanto sorvíamos o mate, acompanhávamos o cair e o levantar da nova esportista.
Fiquei imaginando o futuro daquela criança a partir daqueles primeiros tombos que se transformavam em lições preciosas de equilíbrio. Quem sabe essa criança volte na próxima semana um pouco mais confiante. Em pouco tempo já estará deslizando sobre seus rolimãs, acompanhando o ritmo da música. Poderá fazer desse esporte o seu divertimento preferido. Quem sabe, se desenvolver seu talento, poderá dedicar-se melhor no futuro e tornar-se uma competidora olímpica. De qualquer forma, naquele momento, contemplávamos uma semente do futuro.
Com a rotina prática e utilitarista atual, passamos de largo sobre momentos que carregam potenciais de esperanças. Não nos damos conta de que a cada instante estão sendo lançadas sementes de amanhãs. Facilmente perdemos a noção do desenvolvimento cultural que acontece sob nosso olhar. Esquecemos que aquilo que caracteriza o agora, tempos atrás era apenas promessa. Alguém acreditou em nossas potencialidades e investiu seu tempo, segurou nossas mãos enquanto caíamos e levantávamos. Teve a sensibilidade e a dedicação, abrindo mão de seu lazer ou de seus momentos de descanso para investir nas novas gerações; acreditou na semente de futuro lançada ao solo das possibilidades sonhando com novos amanhãs.
Possivelmente, hoje mesmo vamos passar por semeaduras de futuro, tomara que percebamos isso.
Com votos de uma boa semana!
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Villa-Lobos (125 anos)
Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro a 5 de março de 1887 e morreu na mesma cidade a 17 de novembro de 1959. Foi um maestro e compositor brasileiro. Destacou-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista, ao qual incorporava elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.
As primeiras composições de Villa-Lobos trazem a marca dos estilos europeus da virada do século XIX para o século XX, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo alto romantismo francês da escola de Frank e logo depois pelos impressionistas. Teve aulas com Frederico Nascimento e Francisco Braga. À audácia criativa dos anos 1920 (que produziram as Serestas, os Choros, os Estudos para violão e as Cirandas para piano) seguiu-se um período "neobarroco", cujo carro-chefe foi a série de nove Bachianas brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais. Em sua obra prolífera, o maestro combinou indiferentemente todos os estilos e todos os gêneros, introduzindo sem hesitação materiais musicais tipicamente brasileiros em formas tomadas de empréstimo à música erudita ocidental. Procedimento que o levou a aproximar, numa mesma obra, Johann Sebastian Bach e os instrumentos mais exóticos.[2]
[1] O Parque Marinha do Brasil é um dos parques urbanos da cidade brasileira de Porto Alegre. Inaugurado em 9 de dezembro de 1978, com projeto dos arquitetos Ivan Mizoguchi e Rogério Malinsky, o Parque Marinha do Brasil possui uma área de 70,70 hectares. Está localizado no bairro Praia de Belas, é contornado pelas avenidas Borges de Medeiros e Ipiranga, sendo cortado pela avenida Edvaldo Pereira Paiva [PARQUE MARINHA DO BRASIL. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Marinha_do_Brasil. acesso em 5 mar 2012].
[2] HEITOR VILLA-LOBOS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Heitor_Villa-Lobos. Acesso em 5 mar 2012.
Meu estimado colega Garin,
ResponderExcluirGuardadas as dificuldades: lembro de um dos meus feitos maiores! Andar de bicicleta. Foi algo sensacional. Isto só foi superado quando pude largar as mãos e ver meus filhos saírem com autonomia.
Obrigado por, uma vez mais, catalisares lembranças.
Com estima,
Attico Chassot
Amigo Chassot,
Excluirum passeio pelos nossos parques sempre resulta em algo poético e maravilhoso. Considero que o porto alegrense seja um dos cidadãos que mais curte os parques e praças nesse país.
Um abraço,
Garin