sexta-feira, 30 de março de 2012

Da escravidão para a escravidão - ano 02 - nº 383

DA ESCRAVIDÃO
PARA A ESCRAVIDÃO
ANO 02 – Nº 383

Hoje tenho uma aula, na disciplina Estudos sobre a Inclusão Laboral e a Saúde do Trabalhador, nos mestrados do IPA, abordando o tema da História do Trabalho. Preparando-me para esse assunto, encontrei algumas informações na literatura, que reavivaram a memória sobre como o ser humano encarava o trabalho.

Uma delas falava sobre a forma como os gregos da era clássica se posicionavam diante do laborar manual. Nesse período, o trabalho era considerado sem dignidade, uma tarefa exclusiva para os escravos, prisioneiros de guerra submetidos à corveia. Os cidadãos de Atenas se dedicavam às tarefas de refletir sobre a administração da cidade, no caso, estado, elaborando tratados sobre a forma mais adequada de conquistar a realização maior, o bem maior, enfim, a felicidade. Essa discriminação dos escravos era justificada, na mente dos gregos, porque essas pessoas submetidas à corveia estavam nessa situação porque haviam abdicado de ‘morrer pela liberdade’ e se submetido ao vencedor.

De forma geral, na Idade Média, a exaltação do trabalho vinha acompanhada de uma interpretação religiosa, mas o fundamento disso era manter as pessoas ocupadas, pois do contrário, poderiam estar fazendo coisas contra a vontade divina. Tomás de Aquino entendia que o trabalho estava inserido na obra da criação divina e, dessa forma, o ser humano dava continuidade a essa missão.

Durante o período renascentista, as sociedades aristocráticas preocupadas com os títulos de nobreza, havia uma restrição ao trabalho que ia além da ocupação manual, mas se estendia a todo o qualquer trabalho. Era encarado como uma atividade indigna a um homem de qualidade. Esses deveriam se dedicar ao pensamento e à gestão de negócios públicos, religiosos e a transações financeiras. O filósofo Descartes (1596-1650) de autofelicitava por não precisar fazer da ocupação científica, um ofício, já que possuía boa fortuna.

Com o advento da Reforma Protestante, uma nova visão do trabalho se instalou na mentalidade moderna. De desqualificado passou a ser exaltado como um objetivo a ser perseguido e o meio mais eficaz de alcançar a fortuna. A partir desse período se estabelecem os princípios do capitalismo, cuja ideologia é ganhar e poupar o máximo que for possível. Benjamin Franklin (1706-1790), sendo de extratos pobres da população estadunidense transformou-se em escritor, inventor e presidente. Entre os seus discurso é possível encontrar a famosa expressão capitalista: “time is Money”. Dessa forma, o ocioso estaria perdendo duas vezes: além de não ganhar dinheiro enquanto gastava o tempo, ainda gastava dinheiro para ficar parado. Conformar-se com a pobreza equivalia a enfrentar a glória divina.

De forma resumida é possível perceber que escravidão da era clássica se transmuta em escravidão da idade contemporânea. Antigamente por estar sujeito aos senhores aristocratas da reflexão e do pensamento e atualmente por se submeter ao Capital como deus maior que domina a contemporaneidade.

Votos de uma sexta-feira com um pouco menos de trabalho!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de van Gogh (159 anos)

Vincent Willem van Gogh nasceu em Zundert a 30 de Março de 1853 e morreu em  Auvers-sur-Oise a 29 de Julho de 1890. Foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contatos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio. A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de Março de 1901. Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstraccionismo. O Museu Van Gogh, em Amsterdã, é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.[1]


[1] VINCENT VAN GOGH. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Vincent_van_Gogh. Acesso em 30 mar 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    feliz coincidência com o bem posto tema do dia com destaque do dia: Van Gogh e sua relação com a produção do sistema capitalista.
    Detalhe lateral: há uma tese recente que van Gogh tenha sido assassinado e não se suicidado.
    Minha sexta-feira feira, ouvindo teu conselho será de trabalho moderado, com três turnos entre duas noites em ônibus.
    Vibro com a postagem n.1 ano 2.
    attico chassot
    www.professorchassot.pro.br

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    1. Amigo Chassot,
      às vezes me pergunto se não deveria diminuir meu ritmo; continuo sendo 'protestante' demais e difícil me desligar.
      Um abraço,

      Garin

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