IMPORTANTE
ANO 02 – Nº 389
Herdeiro de tradições culturais do mundo antigo ocidental, o ser humano atual tem se visto como o centro do universo. Contempla os astros e os planetas como se fosse o ser mais importante de tudo, mesmo tendo consciência agora, de que é uma parte muito insignificante de tudo que pode se dizer que possui existência. Acostumou-se a se pensar como centro de tudo e, mesmo ciente de que é apenas um pequeno elemento, age e vive sob a pretensão de que tudo o resto depende dele.
Parte da interpretação da filosofia antiga e moderna, bem como de doutrinas ocidentais importantes, corroboraram para que nos sintamos assim tão superiores. Quando nos dedicamos a rever os conceitos nos quais essa distorção interpretativa está alicerçada, percebemos o equívoco cometido. Sentir-se parte de tudo o que existe é a maneira moralmente mais adequada de se perceber como ser humano. É da noção de participação que se estabelece a importância de cada um.
Hoje o mundo cristão recorda a noite do lava-pés, ocasião em que Jesus retirou a parte de cima de sua vestimenta, colocou uma toalha sobre os ombros e, tomando uma bacia com água, lavou os pés dos seus companheiros. Essa tarefa, nessa época, era reservada aos servos de menor instrução da casa. Mesmo sob o protesto de alguns discípulos, demonstrou, com sua atitude, que a hierarquização social existente não passava de uma convenção equivocada.
Habitamos um universo onde somos interdependentes, não apenas como seres humanos entre si, como interdependentes com a natureza. É mister que o ciclo de trocas seja reconhecido em igual significado e com os mesmos direitos e responsabilidades entre todos os componentes da oikoumene, o mundo habitado e reconhecido pelo ser humano. Considerar-se no nível de quem lava os pés aos demais é ser significativo para o todo no qual nos inserimos.
Disse-lhe Pedro: nunca me lavarás os pés.
Respondeu-lhe Jesus: se eu não te
lavar, não tens parte comigo. (Jo 13.8)
[leitura bíblica recomenda para essa quinta-feira santa]
DESTAQUE DO DIA
Nascimento de Hobbes (424 anos)
Thomas Hobbes nasceu em Malmesbury a 5 de abril de 1588 e morreu em Hardwick Hall a 4 de dezembro de 1679. Foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês.
Hobbes manteve-se um escritor extremamente produtivo na velhice, mesmo sendo prejudicado pela oposição generalizada de seu trabalho. Viveu até os 91 anos durante uma época em que a expectativa média de vida não era muito mais do que quarenta anos. Aos 80 anos Hobbes produziu novas traduções para o inglês, tanto da Ilíada e da Odisseia e escreveu, em 1672, uma autobiografia em latim. Apesar da polêmica que causou, ele foi uma espécie de símbolo na Inglaterra até o final de sua vida. Seu ponto de vista pode ser considerado abominável ou atraente; suas teorias brilhantemente articuladas são lidas por pessoas de todos os espectros políticos.[1]
Meu caro Garin,
ResponderExcluirmais uma fez fazes que curta evocações. Lembro de uma vez que fui escolhido para ser um dos que teriam um dos pes lavados. Curti prepara-lo para que quando o sacerdote executasse o ato simbólico ele estivesse nas ‘melhores condições.
Obrigado por fazeres aflorar lembranças
attico chassot
Amigo Attico,
Excluirquando andava a pastorear comunidades, sempre desenvolvia essa liturgia com as lideranças da minha igreja; meus colegas praticamente não fazem isso, ou por não ligarem para questões simbólicas ou por preguiça, coisa muito comum.
Obrigado pelo teu comentário.
Um abraço,
Garin