LINGUAGEM DO CORPO
ANO 02 – Nº 408
Cheguei tarde da aula.
Acomodei-me no sofá para acompanhar as últimas notícias da noite. As reportagens
exibidas pelo canal de TV estavam interessantes e me prenderam a atenção. De repente,
acordei sobressaltado. Conferi o relógio: já havia passado mais de meia hora.
Não há separação entre
eu e meu corpo. A pessoa não pode dizer que deseja fazer alguma coisa, mas o
corpo não acompanha. Somos o corpo e a mente. Ainda que não possa ser
localizado aqui ou ali, a mente é a pessoa assim como o corpo também é. Quando fazemos
uma distinção entre mente e corpo o fazemos por uma questão de entendimento. Jamais
podemos separar essas duas partes quando falamos do nosso eu. A minha
mente sou eu. O meu corpo sou eu. Mente e
corpo são inseparáveis eternamente.
Esse interpolo é
apenas para ressaltar que, mesmo que necessite me afastar dos meus pensamentos
para encetar uma reflexão, mesmo assim não consigo me separar do meu corpo. Entretanto,
com facilidade, deixamos de escutar os seus clamores cotidianos, como por
exemplo a exaustão. A agitação da vida contemporânea seguidamente nos impõe uma
agenda maior do que aquela que conseguimos dar conta. Boa parte das vezes, o
esquecido é o corpo.
Se tivéssemos mais
cuidado com ele, perceberíamos seus reclamos diários apontando a necessidade de
cuidados significativos, seguidamente relevados a um segundo plano. O exemplo
da exaustão é o mais característico, mas até mesmo esse é menosprezado. As montadoras
de automóveis estão buscando formas de fazer suas manufaturas (ou seriam
robofaturas?) alertarem os condutores para o cansaço. Não é que o motorista não
tenha percebido que está cansado: ele despreza a linguagem do corpo.
Parece que
supervalorizamos a racionalidade e fazemos vista grossa e ouvidos moucos para a
sensibilidade. O corpo nos avisa de todos os detalhes funcionais do nosso eu. Entenda-se
“eu” como o conjunto do que a pessoa é em si mesma. Por causa da barulheira
atual, prestamos mais atenção na linguagem externa do que naquela que vem de
nós mesmos, tão ou mais importante do que a que vem de fora. Desconfortos,
dores sutis, esquecimentos momentâneos, sono inesperado, tropeçar inconsequente
entre outros podem ser manifestações ruidosas de um corpo avisando seu
proprietário de que precisa tomar mais atenção consigo mesmo. É bom não deixar
para depois: o corpo pode deixar de se manifestar por excesso de desgaste. Antes
disso é necessário tomar providências.
Votos de uma ótima
terça-feira!
Meu amigo,
ResponderExcluirHoje sou que--chegando do IPA -- devo ouvir a vow do corpo e apenas dizer-tr boa noite,
Attico chassot
Amigo Attico,
Excluirhá dias em que ele fala mais alto que nossa alma.
Um abraço,
Garin