SINAL DOS TEMPOS
ANO 02 –
Nº 410
Passei boa parte da minha infância vivendo no
campo e cultivando a roça. Nessa época não dispúnhamos de qualquer equipamento
de comunicação com o resto do mundo e nem do mundo conosco. Poucas pessoas, na
vizinhança, possuíam um aparelho de rádio alimentado por bateria de seis volts
e carregada por cataventos. As informações chegavam a cavalo, quando alguém nos
visitava e falava das novidades que aconteciam aqui e ali.
Notícias sobre parentes, que moravam
distante, faziam parte do conteúdo de cartas, que enviávamos e recebíamos pela
gentileza de algum amigo que ia à cidade fazer compras e cuja espera podia
durar mais de um mês.
Nesse contexto, minha mãe examinava o céu e
dizia: vamos enfrentar um tempo de seca. Noutra época, olhando outro quadrante
do firmamento falava: vamos ter tempestades, talvez até granizo, hoje. Acertávamos
o único relógio da casa por uma tabela que indicava o horário da aurora e do
pôr do sol. Esses eram os sinais dos tempos que nos orientavam cotidianamente.
Ontem à tarde, passei pelo escritório de um
colega que me perguntou a localização de uma expressão da Bíblia. Respondi que
sabia aproximadamente onde estava, mas que com o auxílio do Google era rápido
localizar. Assumi o seu computador e fui em busca da resposta. Nem a página do
buscador abriu. Tentei outros buscadores e nada. Acabamos procurando
manualmente, a citação de que ele necessitava. Reclamei: o que há com o teu
equipamento que não abre nem a página do buscador mais famoso do mundo? Ele respondeu
com um ‘não sei’ titubeante complementando que não estava conseguindo ‘navegar’
na internet.
Despedi-me dele e fui realizar as outras
coisas que havia planejado. No final da tarde, fiquei sabendo que alguns cabos de
fibra ótica haviam se rompido deixando parte da região sul sem acesso a
internet. Pensei comigo: sinal dos tempos. Dos tempos contemporâneos cuja
velocidade, em algumas circunstâncias, transcende a da luz. Tempos nos quais a
perda de segundos é capaz de nos irritar, tamanha a impaciência que a
contemporaneidade nos impõe e nos cobra.
Com votos de uma quinta-feira plenamente
conectada!
DESTAQUE DO DIA
Morte de Husserl (74 anos)
Edmund
Gustav Albrecht Husserl nasceu em Proßnitz a 8 de Abril de 1859 e morreu em
Friburgo a 26 de Abril de 1938. Foi um matemático e filósofo alemão, conhecido
como o fundador da fenomenologia.
Husserl
se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema
metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de
pequeno interesse para Husserl, diferentemente do que ocorria quando ele tinha
que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental,
que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais. Husserl propôs que
o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles
objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista
natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente
e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Propôs um modo
fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que
forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles,
de fato os “constituímos”. No ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de
ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações
sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências
naturais), e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que
implicam um ao outro sob a ideia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de
objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre
parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de
uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o
objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e
objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção
dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que
é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).[1]
[1]
EDMUND HUSSERL. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Husserl.
acesso em 26 abr 2012.
Meu caro Garin,
ResponderExcluirante o probleminha que viveste ontem, pela dificuldade de conexão, fico imaginando se os Estados Unidos se desentendessem, por exemplo, com a China, país com maior número de conectados a rede e, em represália, tirasse a internet do ar....
Melhor não conjecturar sobre isso...
attico chassot
Amigo Chassot,
Excluiré quase impossível imaginar o caos que mundo experimentaria se ficasse sem internet.
Um abraço,
Garin