quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

PARECE UM ANIMAL

ANO 01 – Nº 292

A tarde ainda não havia chegado à metade. Precisei comprar um remédio na farmácia próxima da minha casa. Calcei um par de chinelos e sai rua afora. Na metade do caminho tive que atravessar uma praça onde encontrei dois guris, de uns sete ou oito anos brigando: coisas de guri! De relance, escutei um diálogo curioso, mas muito usual. Um disse para o outro: “tu parece um animal!”.

Continuei meu caminho, mas agora com um novo questionamento na mente: pode haver um lado humano nos animais? Todos sabemos que o ser humano é um animal, um animal capaz de tomar decisões com base em dados arquivados na memória. Chamamos a essa capacidade de raciocínio e dessa forma nos diferenciamos dos demais animais a quem não reconhecemos esse nível de raciocínio. Entretanto, aquele diálogo ríspido dos meninos da praça despertou em mim a curiosidade sobre o outro lado da moeda. Se há um lado animal no homem pode haver um lado humano no animal? Confesso que nunca tive a curiosidade despertada para essa dimensão.

Não é minha intenção aqui desenvolver um tratado sobre o assunto, mas levantar algumas questões interessantes. Em primeiro lugar é necessário identificar o que é humano no ser humano. De outra sorte, é preciso identificar nos animais algumas dessas características. Vejamos algumas coisas sem a preocupação de fazer uma listagem completa.

A primeira capacidade humana que me vem à mente é a de amar. Será que o cãozinho de estimação, que é capaz de matar um passarinho no pátio, mas que se enrosca comigo no sofá da sala sem me causar nenhum ferimento, é uma demonstração de amor? O gatinho lá de casa que afia as unhas no cabo da vassoura, preparando-se para o ataque a algum inseto ou até mesmo a um camundongo, mas que rosna dormindo no colo da minha filha tem capacidade de amar?

Outra capacidade que considero parte do humano, que em nós habita, é a lealdade. Essa ficou fácil. Tinha um cão, na minha meninice, que pastoreava o gado junto comigo. Para todo o lado que eu saía ele era o companheiro de sempre. Lembro de certa vez que o cavalo disparou comigo e acabei caindo. O cavalo se foi, mas o ‘Negrito’ permaneceu ali, junto comigo, até que eu pudesse me erguer novamente.

Não sei dizer se há um lado humano nos animais, especialmente se sairmos do nível dos animais de estimação. Mas uma coisa eu tenho quase certeza: se os animais conseguissem falar, num momento de disputas e de lutas ferozes, acho que eles diriam uns para os outros: “tu parece um humano!”.

DESTAQUE DO DIA

Dia do salva-vidas

Salva-vidas[1], ou é a pessoa que tem o escopo de evitar afogamentos e assim preservar a vida de quem se vê envolvido em uma situação crítica no mar, em rios ou piscinas. Em muitas cidades litorâneas, há salva-vidas em praias mais frequentadas e/ou perigosas, para pronto atendimento aos banhistas ou para avisar dos riscos provocados por animais como águas-vivas ou tubarões. A vigência do serviço pode ser permanente ou restringida à época de veraneio. A formação de um salva-vidas deve ser completa: nadar muito bem, ter conhecimento das técnicas de respiração e massagem cardíaca, oceanografia, cuidados com o banhista e agilidade nas ações de prevenção e salvamento, onde segundos tornam-se preciosos.


[1] SALVA-VIDAS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Salva-vidas. Acesso em 27 dez 2011.

2 comentários:

  1. Estimado colega e amigo Garin,
    li teu texto antes de ir à Academia. Fiquei bovinamente ruminando-o. ¿Onde está o limite humano/animais. Li, na semana passada, que as drosófilas (as mosquinhas da banana) têm sentimentos. Há dias escrevi num texto: “Água própria para humanos e animais matar a sede...” Perguntei-me porque não escrevo: “Água própria para animais matar a sede...”. Lembro de uma pergunta do catecismo cuja resposta atrapalhava: “¿O que é o homem? O homem é um animal racional que tem corpo e alma.” Temos assunto para levar adiante as reflexões do pastor do cotidiano (que sonega o lugar de onde escreve, mas que infiro onde seja que saia de chinelos).
    Um bom dia
    Attico chassot

    ResponderExcluir
  2. Caro Attico,

    como sabes muito bem, sempre que tenho um tempinho vago, escapo para a praia, aqui em Torres. Como o blog é um lugar virtual, acabo não identificando, só isso.

    Acho que poderias desenvolver essa ideia do sentimento dos animais: vai dar uma blogada interessante, partindo de um pesquisador da História e Filosofia da Ciência.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir