sábado, 15 de outubro de 2011

SOBRE MULHER E PROPAGANDA
ANO 01 – Nº 218

Recebi um texto da colega Profª. Virgínia Feix, mestre em Direito, coordenadora da Cátedra de Gênero Maria Luiza Schlottfeldt Fagundes, do Centro Universitário Metodista do IPA. É uma manifestação a respeito da frequente utilização do corpo da mulher como meio de divulgação dos mais diferentes produtos oferecidos pela sociedade de mercado contemporâneo. A prática não é de hoje, mas a consciência é. Entre as afirmações que a colega Virgínia faz, está a de que as propagandas se encarregam de banalizar o gênero feminino ao mesmo tempo em que ridicularizam a posição e o espaço da mulher. Transcrevo, na sequência, o texto recebido, com os votos de um sábado de realizações e lazer.

NEM DESPOLITIZAÇÃO, NEM DESIGUALDADE:
O QUE VENDER NA PROPAGANDA?[1]

Alguns comentários a cerca da polêmica Gisele Bundchen e os comerciais de televisão são de uma ingenuidade questionável pelo nível de despolitização que reproduziram. Quando se afirma que esta discussão  é perda de tempo frente a tantos problemas enfrentados pela sociedade brasileira, tem-se a exata medida da ignorância sobre o conteúdo político de conseqüências econômicas e sociais desastrosas para o Brasil e para a humanidade.  Erradicar as desigualdades sociais é um objetivo juridicamente estabelecido na Constituição de 1988. A desigualdade de gênero, alimentada e reproduzida acriticamente pelo fetichismo de mercado é uma preocupação das Nações Unidas, estabelecida na meta três do milênio. Depois do enfrentamento da fome e da baixa escolaridade, empoderar as mulheres, é o principal objetivo da ONU. A preocupação justifica-se porque depois de seis mil anos de dominação explicada pela força, ou seja, no plano da natureza; pesquisas e estudos acadêmicos passaram a indicar que para além da diferença física, a desigualdade entre homens e mulheres se estabelece pela razão, no plano da cultura. Justamente no campo da propaganda, da atribuição de valor, que sendo desigual, promove o estabelecimento de relações hierarquizadas. Será tão difícil reconhecer a dimensão política da publicidade na conformação de valores, na transformação de desejos em necessidades? Ou será tão fácil desprezar o conteúdo político suposto na premissa de que para não serem castigadas, ou para convencer os homens, as mulheres devem abandonar o argumento e oferecer seu corpo, incitando a desumanização de ambos em sua condição de seres livres porque pensantes? Será, ainda, tão difícil perceber que o passo seguinte na reprodução dos papéis é a naturalização da violência, necessária para manter o lugar da não razão e a imposição de quem, afinal de contas, manda no pedaço?   A violência é responsável por gastos milionários do erário público. Entre custos de saúde, polícia e judiciário, licenças e faltas no trabalho, o Banco Interamericano de Desenvolvimento estima em 10% a diminuição do PIB, no Brasil.  Pesquisa recente divulgada pelo IBOPE aponta que a cada 24 segundos uma mulher é espancada. As mulheres brasileiras recebem cerca de 30% a menos que homens para ocupar a mesma função; sem falar nas mulheres negras, que ao acumular o dês-valor atribuído a sua condição étnica, recebem quase quatro vezes menos do que os homens brancos. Então, quando acusam de não ter bom humor aos que questionaram os comerciais, eu me pergunto: como é que em pleno século XXI se estimula como diversão ver as mulheres infantilizadas, vendendo-se aos homens para não serem repreendidas ou castigadas? Penso que já passa da hora das agências de publicidade assumirem compromisso com os marcos regulatórios eleitos pela sociedade brasileira e comunidade internacional e, assim, com novos parâmetros sobre o bom humor. Rir sem saber porque, ou pela desgraça alheia não é garantia de ”felicidade sustentável”.

Virgínia Feix- professora universitária, mestre em Direito, coordenadora da Cátedra de Gênero do Centro Universitário Metodista do IPA.

DESTAQUE DO DIA
Dia do Professor e da Professora[2]

Professor[3] é uma pessoa que ensina uma ciência, arte, técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa profissão, requerem-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno.

É uma das profissões mais antigas e mais importantes, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela. Já Platão, na sua obra A República, alertava para a importância do papel do professor na formação do cidadão.

O Dia Mundial dos Professores celebra-se a 5 de Outubro. No Brasil, o Dia do Professor é dez dias depois, em 15 de Outubro.


[1] FEIX, Virgínia. Nem despolitização, nem desigualdade: o que vender na propaganda? Recebido por e-mail. Out 2011.
[2] Ilustração disponível em http://profwalber.blogspot.com/. Acesso em 14 out 2011.
[3] PROFESSOR. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Professor. Acesso em 14 out 2011.

4 comentários:

  1. Muito querido colega Professor Garin,
    mesmo que o assunto GB seja momentoso e de fértil matéria para nossa sala de aula, centro meu comentário na celebração das mulheres e homens que são teus e meus parceiros no fazer Educação para formar para cidadania.
    A cada uma e cada um minha admiração
    attico chassot

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  2. Caro Professor Garin

    Vivemos em tempo onde a informação corre frouxa, temos de ser bastante criteriosos, e separar o joio do trigo, sob aspectos de lisura e sutilezas não percebemos alguns enfoques desprestigiosos acerca do genero feminino, mas por experiência percebemos que há alguma coisa errada, e firmamos a vista, passamos a perceber o ridiculo que alguns autores, ditos letrados, se ocupam em tentar banalizar, o que não tiveram competencia para alcançar, enfim como nos fala nosso mestre Chassot, temos vibrante materia para discussão em salas de aula.

    Caro professor Garin, parabens pelo dia, grato pela diferença que fez em nossas aulas de Teoria do Conhecimento, e ainda faz com seu Blog que também éuma extensão de suas aulas.

    Forte abraço.

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  3. Caro Chassot,

    o tema da vulgarização da mulher na mídia de consumo, que não é novo, representa um sintoma da forma como a sociedade concebe assuntos como beleza, sexo etc. Concordo contigo, precisamos estimular a reflexão para que a percepção cultural possa tomar um outro caminho.

    Um abraço,

    Garin

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  4. Caro Adão,

    o fazer educação é um hábito constante. Não há como exilar-se dessa missão quando não estamos na sala de aula.

    Obrigado pelos cumprimentos pelo Dia do Professor. Também tu és um, mesmo que em algum momento não estejas em sala de aula, mas o magistério, como disseste, acontece também em qualquer forma de comunicação, como o o teu blog.

    Um abraço,

    Garin

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