domingo, 18 de dezembro de 2011

A ÁSPIDE

ANO 01 – Nº 282

Há certas passagens de nossa história particular que a gente não esquece. Uma destas passagens foi a minha vida no campo. Criei-me entre as cobras. Nossa casa ficava num platô, sobre uma coxilha, à beira de uma sanga. Era comum cobras atravessarem nosso pátio.

Lembro-me de três tipos de serpentes que freqüentavam nosso ambiente – a cobra verde (inofensiva), a cobra cruzeiro (venenosa) e a cobra coral (letal). De certa forma, essa convivência com estes animais, nos ajudou a entender suas reações, porém, em nada diminuiu o medo que todos tínhamos, crianças e adultos. Sabíamos que uma picada podia significar a morte. Certa noite minha irmã ficou paralisada, quando sentiu o corpo mole de uma serpente passar vagarosamente sobre seus pés, enquanto trancava o portão do pátio.

A lembrança deste tempo me leva a refletir sobre o anúncio do tempo da graça.  Quando o profeta Isaías anunciou a vinda deste novo tempo de justiça, disse que “a criança de peito brincará sobre a toca da áspide” (Is 11.8). Como a criança de peito é incapaz de discernir entre uma ameaça e uma acolhida, até que os fatos se concretizem, podemos imaginar como este ‘novo tempo’ é marcante. Tão marcante que mesmo criaturas naturalmente adversárias romperiam as distâncias que as separam.

É um tempo no qual a agressão e a violência não mais terão sentido. Não haverá mais disputas de territórios. Não haverá mais imposição de poderes. Não haverá mais conquistas de espaços. Toda a criação terá seu lugar numa convivência harmônica e pacífica, porque o Senhor será o único poderoso sobre tudo.

Este tempo é o tempo do Reino. Ele é inaugurado pela chegada de Cristo, construído com a nossa ajuda e finalmente estabelecido por Deus na eternidade.


DESTAQUE DO DIA

Dia Internacional da Migração

As migrações humanas[1] tiveram lugar, em todos os tempos, e numa variedade de circunstâncias. Têm sido, tribais, nacionais, internacionais, de classes ou individuais. As suas causas têm sido políticas, econômicas, religiosas, ou por mero amor à aventura. As suas causas e resultados, são fundamentais para o estudo da etnologia, história política ou social, e para a economia política. Nas suas origens naturais, podem referir-se às migrações do Homo erectus, depois seguidas das do Homo sapiens, saindo de África, através da Euroásia, sem dúvida, usando algumas das rotas disponíveis, pelas terras, para o norte do Himalaia, que se tornaram posteriormente a Rota da Seda, e através do Estreito de Bering.


[1] MIGRAÇÕES HUMANAS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana. Acesso em 17 dez 2011.

2 comentários:

  1. Meu estimado colega Garin,
    desde que na narrativa do Gêneses, Deus dirigindo-se a serpente diz: “E porei inimizade entre ti e a mulher” (ex-memoria citantur) tememos medo de áspides, venenosa ou não. Ainda vejo a aflita intervenção de minha mãe, talvez há 67 anos, quando minha irmã, talvez com 3 ou 4, numa escada de nossa casa em Jacuí, se acocora para pegar uma cobra verde, pensando que era uma fita.
    Nunca mais lembrar isto e hoje teu texto do 4º domingo do advento catalisa isto.
    Obrigado,

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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  2. Caro Chassot,

    esta convivência com as serpentes marcaram minha infância no campo. Infelizmente, a mentalidade que tínhamos era de perseguir esse tipo de animal até sacrificá-lo. Hoje, repensando essa atitude percebo o tamanho do pecado que cometemos.

    Um abraço,

    Garin

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