segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Doze e vinte e sete

ANO 01 – Nº 290

O estômago estava dando sinais de que a hora estava chegando. Olhei no relógio, eram doze horas e vinte e sete minutos. Passei a mão na carteira e convidei o pessoal: “vamos almoçar!”. Não precisou falar duas vezes e todo o mundo estava em pé, junto à porta, com aquele ar de “vamos duma vez!”.

Fechamos a porta do apartamento e saímos animados, comentando o que pretendíamos comer. Acontece que na região onde estávamos há uma diversidade de restaurantes, com buffet a quilo que servem refeições de boa qualidade a preços razoáveis. Conversa para lá, conversa para cá, ao colocarmos o pé para fora do edifício já tínhamos decidido onde iríamos almoçar. O estabelecimento ficava a duas quadras, e para chegar lá, necessitávamos passar diante de mais dois estabelecimentos do gênero.

Quando passamos pela frente do primeiro, dois garçons saíram em nossa direção tentando nos convencer: “podem entrar, vinte e três e noventa ao quilo, tem cinco tipos de grelhados, saladas, sobremesas, pratos quentes...” antes dele se estender no discurso marqueteiro, respondi com um “muito obrigado!” e passamos de largo.

Depois do almoço fiquei pensando com os meus botões: caso a comida fosse tão boa assim como marqueteava o garçom, ele não precisaria constranger os passantes com tanta propaganda. Lembrei de um ditado que ouvi de minha mãe: “quando a oferta é demais até o santo desconfia!”.

Exatamente, o limite entre a divulgação e o constrangimento é sempre um desafio. Divulgar as virtudes, sejam pessoais ou das organizações, é quase um dever, mas fazer dessa ferramenta uma forma de exibicionismo pode ser prejudicial, tanto para quem promove a divulgação quanto para quem é envolvido por ela. Por trás dos exageros sempre se esconde um tanto de inverdades que são prejudiciais à sociedade como um todo.

Na maioria das vezes, quando a propaganda é demais, sinaliza que há algo de errado com quem faz a divulgação ou com o produto que está sendo anunciado. Como nem tudo o que reluz é ouro, melhor mesmo é ficar com um pé atrás diante de grandes arroubos de propaganda.

Quer saber de uma coisa, não vou entrar naquele restaurante. Como dizem por aqui, acho que estão “vendendo gato por lebre!”.

Com os votos de uma boa segunda-feira!


DESTAQUE DO DIA

Morte de Helvétius (240 anos)

Claude Adrien Helvétius[1] nasceu em Paris a 26 de fevereiro de 1715 e morreu na mesma cidade a 26 de dezembro de 1771, foi um filósofo e literato francês. Influenciado pelas idéias de John Locke e Condillac, Helvétius pretendeu ampliar o empirismo às questões morais e políticas. Considerava que todas as idéias eram apenas afecções dos sentidos, não havendo qualquer faculdade especial de reflexão que fosse distinta das sensações. Essa fonte única de todo conhecimento servia de base para a doutrina ética e social segundo a qual todos os homens eram iguais e teriam as mesmas aspirações. Todos os comportamentos humanos seriam fundamentados no interesse - impulso para a obtenção do prazer e a eliminação da dor. Através da educação, os homens deveriam ser levados a fazer com que seus interesses individuais coincidissem com os interesses da coletividade. Mas para isso era indispensável combater os grandes obstáculos constituídos pelas superstições e preconceitos religiosos, fomentados, segundo Helvétius, pelo egoísmo da classe sacerdotal.


[1] CLAUDE-ADRIEN HELVÉTIUS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Adrien_Helvetius. Acesso em 25 dez 2011.

2 comentários:

  1. Muito estimado colega Garin,
    que os publicitários não te leiam... pois te dirão: “a propaganda é alma do negócio!”. Sabes que o galo, que anuncia é o símbolo dos publicitários.
    Um muito bom dia de Santo Estevão, dito o protomártir.
    Com votos de curtição do recesso
    attico chassot

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  2. Caro Chassot,

    imagina eu que estou dando aula para o curso de PP? Gostei da lembrança de Sto. Estevão: de fato, muitas vezes me inspirei na sua figura para o exercício da minha militância político-social.

    Boa segunda-feira, a última do ano!

    Garin

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